Há sete anos prescrevendo Cannabis medicinal, o neurologista Carlos Marx explica os benefícios que os canabinoides trazem aos seus pacientes

O médico Carlos Bosco Marx já era um experiente profissional quando, há cerca de sete anos, um paciente chegou com uma demanda nova. Com Parkinson, já havia tentado todo tipo de tratamento enquanto assistia a deterioração de sua qualidade de vida e solicitou ao neurologista o tratamento com canabidiol.

“Tinha muito sintoma de tremor, muita rigidez, ansiedade, e foi minha primeira experiência com canabidiol e me chamou muita atenção. Foi impressionante”, lembra. “Eu fui atrás da literatura e já havia alguns artigos. Eu não sou contra, ele já estava no máximo das medicações, e resolvi tentar.”

Em 30 dias, a Cannabis medicinal havia proporcionado resultados como nenhum outro tratamento. Tremores, rigidez e ansiedade tiveram uma melhora importante, o que o motivou a pesquisar mais sobre o assunto. Alzheimer, enxaqueca, dor crônica, especialmente em casos de fibromialgia, esclerose múltipla. Todas patologias com respaldo da literatura para que a Cannabis seja incluída como uma opção de tratamento.

“Você tem uma melhor clínica sem tantos efeitos colaterais. Isso que eu achei uma grande vantagem. Tem poucos eventos adversos que a gente vê muitas vezes no tratamento tradicional”, diz.

“Para enxaqueca, às vezes você dá uma medicação, resolve o problema, melhora, mas acaba tendo eventos adversos. Pacientes que vêm consultar conosco e já usaram várias medicações, tiveram efeitos adversos com vários deles.”

Hoje acumula anos de experiência em benefício de seus pacientes. “Eu sentia uma insegurança em relação às doses. No início era mais cuidadoso, com as doses mais baixas. Conforme fui sentindo segurança no uso da do canabidiol em relação a efeito adverso e interação com outras medicações, eu acabei aumentando a dose e o resultado acaba sendo melhor.”

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“Eu acho que os casos mais emblemáticos são de dor. A gente tem muito paciente com fibromialgia que já fez uso de várias medicações e acaba usando o canabidiol com THC e tendo uma melhora muito importante da dor pacientes”, relata.

“Enxaquecas refratárias. Tem um uma grande melhora da frequência de crises, às vezes, de 80%, 90%. Com esclerose múltipla, pacientes que têm sequelas com sintomas sensitivos e sentem um alívio. Espasticidade, às vezes melhora a qualidade do sono.”

Marx acredita que a Cannabis estará cada vez mais presente nos consultórios médicos. “É uma medicação como qualquer outra, que a gente usa na prática clínica e tem suas indicações, seus benefícios. A facilidade de aquisição melhorou muito. Agora já é acessível para os colegas. Basta estudar um pouco, revisar os artigos, iniciar na prática clínica gradualmente, que vai ver que os pacientes vão melhorar.”

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