Os benefícios do canabidiol (CBD) para o controle de convulsões são bastante conhecidos e um estudo lançado recentemente apontou o potencial do canabinoide para os casos de epilepsia associada à esclerose tuberosa.

Também conhecida como epiloia ou síndrome de Bourneville-Pringle, a esclerose tuberosa exige um acompanhamento médico constante e multidisciplinar, e o CBD se destaca no controle das crises convulsivas, um dos sintomas mais debilitantes.

Os pacientes com essa condição serão contemplados pelo programa de distribuição gratuita de produtos com Cannabis pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em diversos estados do Brasil. Em São Paulo, está previsto para começar no mês de maio o fornecimento de CBD para pacientes com esclerose tuberosa, além de síndrome de Dravet e da síndrome de Lennox-Gastaut.

A complexidade da esclerose tuberosa

A esclerose tuberosa é uma condição grave, rara e de difícil diagnóstico. Ela ocorre quando há uma alteração nos genes que causa o crescimento anormal de células e tecidos em diferentes partes do corpo. Esses tecidos e células são tumores benignos que podem surgir principalmente na pele, rins e cérebro, embora possam surgir em outros órgãos.

O sintoma mais grave que a esclerose causa são as crises epiléticas. Quando esses pequenos tumores benignos aparecem no cérebro, desequilibram a atividade elétrica do órgão e provocam convulsões. Do mesmo modo, também traz problemas no desenvolvimento, afetando funções como a fala, aprendizado e coordenação motora.

Apesar de ser uma doença sem cura, é possível proporcionar uma qualidade de vida e bem-estar para o paciente e sua família. O tratamento depende dos sintomas de cada indivíduo, envolvendo fisioterapia, terapia ocupacional e o manejo das crises. Nesse sentido, o CBD oferece uma alternativa natural para que o paciente lide de uma forma melhor com a esclerose tuberosa.

Tratando esclerose tuberosa com CBD

Para analisar a eficácia do CBD nas crises da esclerose tuberosa, cientistas norte-americanos realizaram um ensaio clínico randomizado seguido por um ensaio aberto. Os resultados foram publicados na revista científica Neurology, vinculada à associação norte-americana de pesquisadores de Neurologia.

Nas análises, os cientistas observaram os efeitos do canabidiol em diferentes subtipos de crises focais, incluindo crises focais de consciência, crises focais de consciência prejudicada e crises focais tônico-clônicas bilaterais. Em outras palavras, tipos diferentes de convulsão, com origem em uma parte do cérebro, um hemisfério cerebral inteiro ou em ambos os hemisférios.

As 224 pessoas que participaram dos ensaios foram divididas em três grupos, um recebeu uma dose de canabidiol isolado de 25 mg por quilo do peso corporal, outro recebeu 50 mg por quilo e o outro recebeu um placebo. O estudo teve resultados notáveis. Eles registraram que o tratamento com CBD levou a uma redução nas crises que variaram entre 54% e 88% em um intervalo que variou de 12 a 144 semanas.

Além disso, o perfil de segurança do canabidiol também se destacou, com efeitos adversos leves a moderados e de fácil manejo. Os mais comuns incluíam diminuição do apetite e diarreia.

Após o ensaio duplo-cego, os voluntários com esclerose tuberosa tinham a opção de seguir tomando CBD na fase aberta do estudo e 199 o fizeram. Esse dado nos mostra como a adesão ao tratamento é alta nesses casos, graças à redução significativa das crises.

A importância do acompanhamento médico

Na nossa sessão de Histórias dos pacientes, trouxemos o caso da pequena Manu. Ela tem esclerose tuberosa e incluiu produtos com CBD no tratamento com sucesso. Se em 2013 os pais da menina chegavam a contar 162 convulsões por dia, o canabinoide contribui para a situação melhorar e ela não ter mais crises diárias.

Como mencionamos anteriormente, a esclerose tuberosa está na lista de condições de saúde aptas a receber o tratamento com CBD de forma gratuita pelo SUS. Se você mora no estado de São Paulo, a partir do próximo mês esse programa de fornecimento estará em funcionamento.

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