Um estudo publicado esta semana na Psychological Medicine indicou que adolescentes que usam de maneira adulta a Cannabis rica em THC podem ter um risco maior de desenvolver algum tipo de distúrbio psicótico em comparação com aqueles que não o fazem.

A pesquisa foi realizada com base em uma análise de dados de saúde do Canadá de 11 mil adolescentes e adultos jovens entre os 12 e os 24 anos.

Porém, o estudo não encontrou uma associação entre o uso da planta e distúrbios psicóticos em pessoas entre os 20 e os 33 anos.

Entenda o estudo

Segundo o estudo, adolescentes entre os 12 e os 19 anos que fizeram uso adulto da planta, e sem acompanhamento médico nenhum, tinham um risco 11 vezes maior de desenvolver um distúrbio psicótico em comparação com adolescentes que não usavam.

Outra questão é que apesar de existir uma associação forte, mas dependente da idade, entre o uso de Cannabis e distúrbios psicóticos, os pesquisadores apontaram que é difícil dizer se existe uma ligação direta.

Por que a idade  pode ser fator de risco de uso do THC?

A pesquisa relaciona o THC a distúrbios de saúde mental entre jovens devido à teoria do desenvolvimento neurológico de que a adolescência é um momento vulnerável para fazer uso adulto da planta.

Cannabis não “frita o cérebro”, nem mata neurônios

De qualquer maneira, a razão pela qual os adolescentes devem evitar o uso da THC é que seu cérebro já tem muita plasticidade, ou seja, novas conexões e muitos neurônios.

E justamente, nesse contexto, que o uso da Cannabis rica em THC pode ser prejudicial.

Um estudo publicado na Nature Medicine, em 2017, pela pesquisadora Andreas Zimmer, da Alemanha, avaliou o efeito do THC em camundongos jovens e idosos. Após um mês de tratamento, os camundongos jovens tiveram o comportamento dos idosos, e os idosos rejuvenesceram, ficaram mais ágeis e com um perfil gênico jovial.

Como os mais jovens têm excesso de plasticidade, apresentaram um efeito contrário. Inclusive, indivíduos com mais de sessenta anos nos Estados Unidos usam a Cannabis preventivamente para melhorar a qualidade de vida.

É imprescindível acompanhamento médico no uso do THC em crianças e jovens

A decisão de administrar THC em crianças e jovens deve ser feita com cautela e somente sob a supervisão de um médico especializado. O composto tem sido estudado por seus potenciais benefícios terapêuticos em crianças com condições como epilepsia refratária, TEA e TDAH, por exemplo. 

Neste sentido, a médica Dra. Vanessa Matalobos explica que aqui no Brasil é permitido o uso do óleo full spectrum com CBD e o THC a menos 0,3% de concentração.

“O THC tem que ser respeitado pelos efeitos psicoativos, mas temos o CBD que minimiza os efeitos psicoativos. E tem doenças que o THC é indispensável para ser usado principalmente em pacientes oncológicos, principalmente em pacientes com dor crônica. Então o THC não é contraindicado para criança. É claro que a gente tem que respeitar a dosagem determinada a nível Brasil. Mas o THC não é o vilão, o THC para mim é bonzinho quando usado com parcimônia, respeitando o sistema endocanabinoide e a mente daquele paciente”, esclarece.

O Tetra-hidrocanabinol, conhecido como THC, é um componente químico da Cannabis. Ele possui propriedades terapêuticas e medicinais, sendo utilizado no tratamento de diversas condições de saúde.  O THC apresenta semelhança química com a anandamida, conhecida como a“molécula da felicidade”. Leia mais sobre o THC aqui.

Por fim, o acompanhamento médico é importante para o uso das moléculas da Cannabis por vários motivos:

• Determinação da dose correta e forma de administração adequada

• Monitoramento dos efeitos e possíveis interações com outros medicamentos

• Orientações sobre leis e regulamentações do Brasil

• Identificação e manejo de possíveis efeitos colaterais

• Garantia de segurança, eficácia e conformidade legal no uso da Cannabis no Brasil

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