Atualmente, o tratamento da doença de Lafora é majoritariamente sintomático, ou seja, foca em aliviar os sintomas, já que ainda não existe cura conhecida. No entanto, as pesquisas têm avançado na busca por terapias que melhorem a qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares.
Em um hospital de Nova Délhi, na Índia, médicos receberam duas irmãs com sintomas graves, especialmente crises convulsivas resistentes aos medicamentos antiepilépticos. Diante desse quadro desafiador e pouca resposta aos tratamentos convencionais, os profissionais decidiram introduzir o canabidiol (CBD) na rotina das jovens.
Um estudo de caso, publicado no Journal of Clinical Images and Medical Case Reports, acompanhou essas pacientes e mostrou resultados promissores na redução das crises, reforçando o potencial do CBD em casos de epilepsia resistente.
O que é a doença de Lafora
A doença de Lafora é uma condição genética rara, que geralmente aparece na adolescência. Ela pertence ao grupo das epilepsias mioclônicas progressivas, que afetam tanto o cérebro quanto o corpo.
Essa doença provoca o acúmulo de glicogênio (um tipo de açúcar que funciona como reserva de energia) em diferentes partes do organismo, incluindo cérebro, músculos, fígado e pele. Esse acúmulo forma estruturas chamadas corpos de Lafora — pequenos depósitos que, com o tempo, danificam as células nervosas.
Os primeiros sinais incluem crises epilépticas frequentes e difíceis de controlar, seguidas por perda de memória, dificuldades motoras, alterações na fala e redução da autonomia.
Histórico das irmãs
As duas irmãs acompanhadas pelos pesquisadores tinham sintomas severos. As meninas nasceram de pais consanguíneos (primos de primeiro grau), o que aumenta o risco de doenças genéticas raras.
- A irmã mais velha, com 19 anos, havia perdido a fala e a mobilidade. Tinha crises epilépticas diárias, estava acamada e dependente de amparo para suas atividades diárias.
- A irmã mais nova, com 15 anos, começava a ter sintomas semelhantes, já usava cadeira de rodas e precisava de ajuda para tarefas simples.
Mesmo com o uso de vários medicamentos antiepilépticos, as crises persistiam. Por isso os médicos optaram por adicionar o CBD ao tratamento.
Como o CBD ajuda no controle das crises

O CBD já vem é utilizado no tratamento de algumas epilepsias de difícil controle, como:
- Síndrome de Dravet
- Síndrome de Lennox-Gastaut
- Síndrome de West
- Esclerose tuberosa
- Doenças raras com convulsões associadas
O CBD atua no sistema nervoso reduzindo a excitabilidade dos neurônios, o que os torna menos propensos a disparar crises. De acordo com os pesquisadores, ele interage com diferentes receptores como GPR55, TRPV1 e GABA-A, relacionados ao controle da dor, inflamação e atividade elétrica do cérebro.
Além disso, estudos anteriores indicam que o CBD tem efeitos neuroprotetores e anti-inflamatórios, que podem trazer benefícios adicionais em condições degenerativas, como a doença de Lafora.
Os autores do estudo destacaram que existem pesquisas em andamento para desenvolver terapias que modifiquem o curso da doença, e que os compostos da Cannabis podem ser aliados importantes no manejo de alguns sintomas.
O início com o CBD
O uso do CBD nas duas irmãs foi avaliado levando em conta a gravidade das crises e a (falta de) resposta às medicações convencionais. Antes de iniciar com o canabidiol, ambas já usavam várias medicações antiepilépticas em altas doses:
- A irmã mais velha: de levetiracetam, lacosamida, lamotrigina e clobazam.
- A irmã mais nova: levetiracetam, valproato e clobazam.
Após a introdução do CBD no tratamento das duas irmãs, os médicos observaram melhoras clínicas, especialmente no controle das crises epilépticas e na cognição.
- Na irmã mais velha, houve redução na frequência das crises e melhora na atenção e resposta a estímulo verbal.
- Na irmã mais nova, o CBD ajudou a estabilizar os sintomas e reduzir convulsões, com melhora na interação com o ambiente e na atenção.
Os autores destacaram que o canabidiol não reverte os danos neurológicos já causados pela doença, mas pode aliviar sintomas e melhorar a qualidade de vida das pacientes e de seus familiares.
“Embora o CBD tenha se mostrado promissor no controle das convulsões, estudos adicionais são necessários para estabelecer seu papel na alteração da progressão da doença. O diagnóstico genético precoce, o manejo sintomático e terapias emergentes como o CBD podem melhorar a qualidade de vida de pacientes com doença de Lafora.”
Como incluir medicamentos à base de Cannabis no tratamento
Para experimentar os benefícios dos medicamentos à base de Cannabis para você ou alguém próximo, é essencial ter o acompanhamento de um médico experiente nesse tipo de prescrição. Na consulta, ele vai avaliar a condição de saúde e os tratamentos já em andamento e, se necessário, recomendar a formulação mais adequada. Nesse sentido, a receita de um especialista também é uma exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para adquirir os produtos de forma segura e legal.
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