O Brasil já registra uma demanda crescente por produtos à base de Cannabis medicinal. Levantamento da empresa de inteligência de mercado Kaya Mind aponta que aproximadamente 672 mil brasileiros realizam tratamento com medicamentos à base de Cannabis. Neste cenário, a maioria dos pacientes importa seus produtos após a realização de uma consulta médica.
Conversamos com exclusividade com o médico Dr. Antonio José, que lidera a Associação Paulista de Medicina (APM), entidade do terceiro setor, que tem como papel central representar os médicos do estado de São Paulo na capital e no interior. Reconhecida internacionalmente, a APM é filiada à Associação Médica Mundial (WMA – World Medical Association).
Com conexões internacionais, a APM defende capacitar os estudantes e acompanhar a qualidade da formação médica e acompanha as pesquisas e resultados dos tratamentos com Cannabis
“Em relação a Cannabis, usada para fins medicinais e terapêuticos, visando o tratamento, por exemplo, de dores crônicas, epilepsia, ansiedade, insônia e transtornos neurológicos como Parkinson e Alzheimer, a APM acompanha as pesquisas e resultados dos tratamentos, organizando cursos e reuniões sobre o tema”.
Com isso, a entidade reforça que o tema da Cannabis não pode ser visto como “moda” ou “atalho terapêutico”, mas como parte de um arsenal médico que exige conhecimento, ética, rastreabilidade e segurança para o paciente.
A atuação da APM e notas técnicas relevantes
A APM publica, em seu portal, documentos que explicam a participação da entidade no debate regulatório: por exemplo, uma reportagem sobre audiência no Senado para inclusão da Cannabis no SUS. Também, a APM disponibiliza material explicativo sobre as propostas de atualização normativa para produtos de Cannabis medicinal no Brasil.
O potencial clínico da Cannabis medicinal
Portanto, a APM acompanha de perto os estudos científicos que têm consolidado o papel da Cannabis como ferramenta terapêutica em diferentes áreas. Na dor crônica, diretrizes internacionais, como a publicada pelo British Medical Journal (BMJ) em 2021, reconhecem os canabinoides não inalados como opção adjuvante quando os tratamentos convencionais falham. Embora os ganhos sejam moderados, há melhora mensurável em qualidade de vida, sono e funcionalidade.
Em epilepsias refratárias, estudos de referência no New England Journal of Medicine comprovaram que o Canabidiol reduz significativamente o número de crises em pacientes com síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut, com perfil de segurança conhecido e previsível.
Pesquisas recentes também apontam benefícios do CBD em quadros de ansiedade generalizada e distúrbios do sono, embora as revisões sistemáticas ressaltem a necessidade de padronização de dose e duração de tratamento.
Na doença de Parkinson, estudos observacionais sugerem que o uso de óleos de Cannabis pode melhorar sintomas não motores, como insônia e ansiedade, enquanto em pacientes com Alzheimer há evidências iniciais de redução da agitação e agressividade, conforme revisão publicada no Journal of Alzheimer’s Disease.
Formação e regulação: o papel da APM
Além disso, a APM tem se consolidado como ponte entre a comunidade científica, o corpo médico e os reguladores. Em 2024, a associação participou de debates públicos sobre a inclusão da Cannabis no Sistema Único de Saúde (SUS), reforçando a importância de protocolos clínicos e farmacovigilância adequados.
A entidade também divulga análises técnicas sobre as mudanças propostas pela Anvisa na regulação de produtos de Cannabis, como detalhado em seu portal institucional. Segundo Dr. Gonçalves, a falta de formação sólida ainda é um gargalo grave. Para ele, educação médica continuada é o eixo central para integrar novas terapias com segurança.
Judicialização da medicina e o impacto sobre a prática clínica
A entidade observa que se de um lado cresce o acesso à inovação, de outro, a judicialização da medicina se intensifica. Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) indicam que o número de processos judiciais envolvendo médicos cresceu 506% em 2024, saltando de 12 mil para 74 mil ações.“O excesso de processos é também reflexo da má formação e da falta de comunicação sobre riscos e limites terapêuticos.”
Nesta linha, a APM propõe que as boas práticas clínicas, a educação em ética médica e a comunicação transparente sejam pilares para reduzir conflitos.
Exame de proficiência para médicos: a “OAB dos médicos”
Por fim, a APM defende também a criação de um exame de proficiência ao término da graduação em medicina como forma de garantir que os recém-egressos da faculdade possuam competências maiores para atuar. Na visão da APM, o problema não é somente o número de médicos, mas a distribuição irregular e o nível de preparo dos que estão sendo formados.
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O uso medicinal da Cannabis no Brasil
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autoriza que médicos devidamente habilitados por seu Conselho Regional prescrevam medicamentos à base de Cannabis para seus pacientes de forma legal. Os benefícios do uso de canabinoides são amplamente reconhecidos para de condições de saúde, como dor crônica, epilepsia, esclerose múltipla e efeitos colaterais de quimioterapia.
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