Um tratamento eficaz para a esquizofrenia é crucial para que os pacientes levem uma vida com qualidade e bem-estar. Assim como outros transtornos psiquiátricos, esse distúrbio é tratado com uma série de medicamentos convencionais que atuam no cérebro e no sistema nervoso.

No tratamento da esquizofrenia, estudos apontam que o uso do canabidiol (CBD) pode ser uma alternativa a alguns desses fármacos devido à baixa incidência de efeitos colaterais e a facilidade de adesão no tratamento.

Nesse contexto, pesquisadores da prestigiada Universidade de Harvard, nos EUA, elaboraram um guia de práticas clínicas para orientar profissionais da saúde que pretendem incluir a Cannabis no tratamento de pacientes com esquizofrenia.

O guia servirá como um ponto de partida para aproveitar ao máximo as propriedades medicinais do CBD para esse tipo de paciente, com indicações de dosagens que os médicos podem se basear para propor tratamentos mais eficazes. O material está sendo revisado, porém já existe uma versão que você pode ler aqui.

Um guia para a prática clínica

A esquizofrenia é um transtorno grave que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Os seus sintomas envolvem uma perda de contato com a realidade e podem interferir consideravelmente na vida dos pacientes e de suas famílias.

Além disso, pessoas com esquizofrenia são mais vulneráveis ao vício em substâncias, como o álcool, remédios e até em Cannabis rica em delta-9-tetrahidrocanabinol (THC). Pacientes frequentemente recorrem à essas substâncias para conseguir um alívio, mesmo que temporário, dos seus sintomas. Assim, se forma um ciclo de dependência que pode ser extremamente prejudicial. Nesse sentido, o CBD também se apresenta como uma esperança, graças a capacidade de reduzir o desejo por substâncias viciantes e interromper esse ciclo.

O guia também explorou a atividade do CBD no cérebro nos pacientes com essa condição utilizando dados de ressonância magnética funcional (fMRI na sigla em inglês). Essa é uma técnica que observa e mapeia a atividade cerebral por meio da detecção do fluxo sanguíneo no órgão e as alterações que ele causa.

A atividade do CBD no cérebro de uma pessoa com esquizofrenia

Para elaborar o guia, os cientistas fizeram uma revisão abrangente da literatura científica. Esse é um método que busca coletar todas as evidências científicas sobre um determinado tema, compará-las e chegar a novas conclusões. Nesse caso, eles selecionaram 24 artigos para a revisão e destacaram dois pontos de interesse:

• Os estudos demonstraram que o CBD pode reverter os efeitos psicóticos da esquizofrenia;
• O canabidiol tem a capacidade de reduzir o impulso e o desejo em pacientes vulneráveis ao vício em outras substâncias.

De acordo com os cientistas, as propriedades antipsicóticas do CBD estão relacionadas com a regulação da atividade cerebral em certas regiões do órgão.

“Uma normalização da disfunção mediotemporal, pré-frontal e da conectividade funcional mediotemporal-estriatal pode ser a causa das propriedades antipsicóticas do CBD.”

A capacidade do canabinoide da Cannabis em reduzir o impulso por substâncias viciantes se explica também por uma regulação da atividade cerebral em determinadas áreas.

“A imagem por fMRI identificou alterações de sinal relacionadas ao desejo no hipocampo, na ínsula e nas áreas caudadas do cérebro, as mesmas regiões cerebrais ativadas quando os níveis de cortisol aumentam agudamente. Isto sugere que a terapia com canabidiol pode diminuir o desejo e, assim, ajudar na comorbidade na esquizofrenia e na dependência de drogas (ou álcool).”

Qual a dosagem ideal?

Como resultado das análises da literatura científica, os pesquisadores norte-americanos chegaram a dosagens de CBD que seriam próximas do ideal para pacientes com esquizofrenia dependendo das necessidades de cada caso.

• 600 mg diários para indivíduos jovens com risco clinicamente alto de psicose;
• Entre 800 e 1000 mg diários seria a faixa de dosagem padrão para pacientes com esquizofrenia;
• Doses acima de 1000 mg diários para uso em pacientes com esquizofrenia resistente ao tratamento.

Os resultados do estudo sugerem que a Cannabis rica em CBD tem o potencial para causar uma mudança de paradigmas no tratamento da esquizofrenia. Esse tipo de terapia tem a possibilidade de reduzir o uso de medicamentos convencionais, como os pesquisadores apontaram no guia.

“Diferentemente dos medicamentos convencionais, que podem apresentar efeitos adversos, o canabidiol surge como uma opção terapêutica promissora para transtornos psiquiátricos. Apoiado por evidências de fMRI e análise estatística, o CBD demonstra eficácia no alívio da psicose e na redução dos desejos de dependência em diversas populações de pacientes.”

Obtendo orientação médica para utilizar a Cannabis

O CBD, um dos centenas de compostos produzidos naturalmente pela Cannabis, tem grande impacto nos tratamentos de muitas condições de saúde relacionadas à saúde mental. Desde as mais graves, como a já mencionada esquizofrenia, assim como outros distúrbios mais moderados, como insônia, depressão e ansiedade.

Porém, em todos esses casos, a orientação médica adequada é parte determinante para o sucesso do tratamento. Somente um profissional da saúde pode recomendar o melhor produto e as melhores dosagens.

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