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Canabinoides e anestesia: o que sabemos?

Canabinoides e anestesia: o que sabemos?

O ano de 2023 foi um divisor de águas para a Medicina Canabinoide, segundo dados divulgados pela Kaya Mind, startup brasileira especializada em inteligência de mercado no segmento da cannabis, cerca de 430 mil brasileiros realizaram tratamentos com medicações à base de Cannabis.

Publicado em

31 de janeiro de 2024

• Revisado por

Médica Anestesiologista com graduação pela Universidade Federal de Pelotas e especialização pelo Hospital das Clínicas de Mogi das Cruzes, membro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cannabis (SBEC). Possui Certificação Internacional em Cannabis Medicinal com atuação em dores crônicas, dores neuropáticas, doenças neurodegenerativas, pacientes em tratamento oncológico, fibromialgia, transtornos de ansiedade, depressão, insônia, entre outras.

Concomitante ao crescimento dos pacientes em tratamento com a Cannabis Medicinal, temos um aumento no número de cirurgias realizadas anualmente em nosso país, após alguns anos de pandemia nos quais as cirurgias deram uma freada.

E, pelas estimativas, este número tende a crescer, visto que o acesso aos produtos de Cannabis está mais facilitado, os preços estão mais baixos, temos uma variedade muito grande de produtos, além do número de médicos e dentistas prescritores, que aumentam anualmente.

Esses pacientes chegarão aos hospitais e precisam ser orientados. Em virtude dessa demanda crescente, realizei uma revisão da literatura atual, reunindo as orientações sobre suspensão e cuidados com o uso de Canabinoides/Maconha, para quem vai passar por procedimentos cirúrgicos.

Conforme as evidências que foram reunidas, destaco como relevantes:

  • aumento da dor intra e pós-operatória, levando a um consumo maior de opioides durante e após a cirurgia; um retardo no esvaziamento gástrico, o que eleva o risco de Broncoaspiração (quando restos de alimentos ou líquidos extravasam do estômago e vão para os pulmões);
  • a maconha, na forma fumada ou vaporizada, aumenta a incidência de tosse, dispneia, laringoespasmo ou broncoespasmo, que são complicações graves durante a cirurgia/anestesia;
  • o aumento do risco de sangramento durante e após a cirurgia, o que pode ocasionar maior uso de medicações para controle de sangramento e, em casos mais importantes, necessidade de transfusão sanguínea;
  • podemos verificar também mais alterações hemodinâmicas, como da Pressão Arterial e Frequência Cardíaca, que podem acarretar outras complicações;
  • além da maior incidência de náuseas e vômitos no pós-operatório, o que é uma das principais queixas dos pacientes cirúrgicos.

Outra orientação importantíssima é para o adiamento de cirurgias eletivas, por pelo menos duas horas, após o paciente fumar Cannabis. Caso contrário, haverá aumento do risco de infarto agudo do miocárdio.

Dessa forma, será cada vez mais frequente termos pacientes usuários de Cannabis, passando por cirurgias e procedimentos com anestesia

Então, compete a nós, médicos prescritores e anestesiologistas, sabermos orientar esses pacientes quanto aos cuidados em relação ao seu tratamento. Como não temos um consenso unificado, eu oriento que seja suspensa qualquer forma de uso da Cannabis por pelo menos 5-7 dias antes do procedimento e que o retorno aconteça só após 7 dias da cirurgia.

Claro que todo paciente deve passar por uma avaliação de seu médico, pesando prós e contras da suspensão. Quando o médico avaliar que o prejuízo é maior que o benefício (por exemplo, em pacientes com epilepsias de difícil controle), o tratamento deve continuar.

Referências:

https://portugues.medscape.com/verartigo/6509072?form=fpf

https://bmcanesthesiol.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12871-020-01036-4

https://rapm.bmj.com/content/46/2/137

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Confira a live “Cannabis no tratamento da dor”, que contou com a participação da médica anestesiologista, Dra. Renata Coutinho Areosa, CRM 173385 e RQE 117713.

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Médica Anestesiologista com graduação pela Universidade Federal de Pelotas e especialização pelo Hospital das Clínicas de Mogi das Cruzes, membro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cannabis (SBEC). Possui Certificação Internacional em Cannabis Medicinal com atuação em dores crônicas, dores neuropáticas, doenças neurodegenerativas, pacientes em tratamento oncológico, fibromialgia, transtornos de ansiedade, depressão, insônia, entre outras.

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