Os espasmos musculares causados pela esclerose múltipla estão entre os sintomas mais frequentes e incapacitantes da doença. Também conhecidos como espasticidade, eles provocam rigidez, dor e contrações involuntárias nos músculos, dificultando a mobilidade e impactando a qualidade de vida dos pacientes.
Embora existam medicamentos para o controle da esclerose múltipla, esses tratamentos nem sempre apresentam bons resultados para todos os pacientes e podem causar efeitos colaterais incômodos. Diante disso, cresce o interesse pelos efeitos terapêuticos dos compostos da Cannabis como alternativa ou complemento ao tratamento convencional.
Por que a esclerose múltipla causa espasmos musculares
A esclerose múltipla é uma doença autoimune que ataca a mielina, a camada protetora que envolve as fibras nervosas no cérebro e na medula espinhal. Quando essa proteção é danificada, a comunicação entre o cérebro e os músculos fica prejudicada.
Se os sinais nervosos chegam de forma irregular ou interrompida, o corpo pode interpretar isso como um comando para contrair o músculo. O resultado são espasmos involuntários, rigidez e dificuldade para movimentar braços e pernas. Em muitos casos, a espasticidade piora à noite ou após períodos de inatividade.
Assim, é essencial buscar formas de controle para permitir que o paciente realize tarefas simples, como caminhar ou escrever, e recuperar qualidade de vida.

Cannabis e espasmos musculares: o que a ciência já sabe
Um estudo conduzido por pesquisadores palestinos revisou os dados de nove ensaios clínicos realizados entre 2003 e 2021, envolvendo 2.544 pacientes.
O objetivo foi avaliar a eficácia dos produtos à base de Cannabis no controle dos espasmos musculares provocados pela esclerose múltipla.
Os resultados, publicados na revista Clinical Therapeutics, reforçam os benefícios dos derivados da planta no alívio desses sintomas.
Como os canabinoides atuam no sistema nervoso
Os medicamentos utilizados nos estudos continham diferentes concentrações de canabidiol (CBD) e ∆9-tetrahidrocanabinol (THC), dois dos principais compostos da Cannabis. Essas substâncias interagem com o sistema endocanabinoide, uma rede de receptores presentes em todo o corpo, inclusive o cérebro e a medula espinhal. Essa interação ajuda a:
- Reduzir dor e inflamação
- Modular sinais nervosos que provocam contrações musculares
- Melhorar a comunicação entre cérebro e músculos
Dessa forma, os canabinoides podem diminuir a frequência e a intensidade dos espasmos musculares, oferecendo maior conforto e mobilidade ao paciente com esclerose múltipla.
O que os resultados revelam sobre a eficácia
A análise dos dados mostrou uma melhora significativa nos indicadores de espasticidade após o uso dos medicamentos à base de Cannabis. A diferença média padronizada (DM) foi de 39,19 pontos, representando uma melhora clínica.
No entanto, os resultados foram mais expressivos em tratamentos de longo prazo, que apresentaram uma DM de 75,81 pontos em comparação com os de curto prazo, sugerindo que a eficácia tende a aumentar com o uso contínuo.
Os efeitos colaterais relatados nos estudos foram, na maioria das vezes, leves e passageiros, como boca seca e tontura.

Opinião de especialista sobre o uso de canabinoides
Para o neurologista Guilherme do Olival, diretor médico da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM), o uso dos compostos da Cannabis pode ajudar no controle de diferentes sintomas da doença, inclusive os espasmos musculares.
“Os medicamentos à base de Cannabis devem ser utilizados como algo sintomático para esclerose múltipla. Por exemplo, sintomas como dor crônica, ansiedade, insônia e, principalmente, espasticidade”, pontuou o médico.
A ABEM acolhe pacientes com esclerose múltipla desde 1984 e atualmente beneficia mais de 12 mil pessoas. De acordo com o médico, a planta é uma opção promissora, mas ainda precisa de mais pesquisas para definir qual extrato, dose e perfil de paciente geram melhores resultados.
“A Cannabis tem sido um medicamento que tem se posicionado cada vez mais como uma opção muito interessante, que ainda precisa receber mais pesquisas para a gente ter toda a profundidade do efeito, a especificidade, qual tipo de extrato utilizar, em qual situação, qual dose, para qual paciente”, destacou Guilherme.
Evidências anteriores reforçam benefícios
Estudos anteriores já indicavam os benefícios do uso de medicamentos à base de Cannabis para aliviar sintomas da esclerose múltipla. Uma formulação contendo CBD e THC mostrou resultados promissores no alívio da rigidez muscular e melhora no controle da bexiga.
Como iniciar um tratamento com medicamentos à base de Cannabis
É importante lembrar que o uso de produtos à base de canabinoides deve ser sempre feito com orientação médica. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já aprovou o uso de medicamentos à base de Cannabis para o controle de espasmos musculares em pacientes com esclerose múltipla.
Então, para iniciar o tratamento com segurança, acesse a nossa plataforma de agendamento e marque uma consulta presencial ou por telemedicina. Lá, você encontra centenas de profissionais da saúde experientes nesse tipo de prescrição preparados para avaliar o seu caso e, se necessário, recomendar um produto com canabinoides.
Portanto, inicie essa jornada de forma responsável e segura: marque uma consulta.