Desde os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 (realizados em 2021 por conta da pandemia de Covid-19), a Agência Mundial Antidoping (WADA) autoriza o uso de canabidiol (CBD) por atletas, mas mantém proibidos o ∆9-tetrahidrocanabinol (THC) e outros canabinoides presentes na Cannabis.
Embora muitos produtos à base de Cannabis sejam vendidos como “livres de THC”, como os de espectro amplo (broad spectrum), um estudo trouxe novas evidências: mesmo concentrações muito baixas de outros canabinoides podem colocar atletas em risco de resultado positivo em exames antidoping.
Segundo o ortopedista e traumatologista Marcos Dias, a segurança depende do tipo de produto utilizado:

Dr. Marcos Dias – Ortopedia e traumatologia – CRM: 20905 | RQE: 12176
“A opção mais segura é o canabidiol (CBD) isolado, comprovadamente livre de outros canabinoides (como THC, CBG, CBC, CBDV). Isso porque qualquer traço de canabinoide diferente do CBD pode aparecer nos exames antidoping e gerar resultado positivo, mesmo que o produto seja vendido como broad spectrum ou ‘sem THC’.”
Estudo com atletas acendeu o alerta
Pesquisadores acompanharam 36 atletas voluntários por 10 semanas.
- 31 consumiram diariamente 150 mg de CBD de espectro amplo — que contém grandes quantidades de CBD, pequenas quantidades de outros canabinoides, mas sem THC detectável.
- 5 receberam placebo.
Todos realizaram 90 minutos de exercício moderado, em jejum. Amostras de sangue e urina foram coletadas antes e depois das atividades para avaliar os efeitos.
Exercício físico potencializa concentração de canabinoides nas amostras
Antes da suplementação, não havia a presença de nenhum canabinoide nos participantes. Porém, após o período de 10 semanas, os pesquisadores identificaram não apenas o CBD e seus metabólitos (como 6-OH-CBD e 7-COOH-CBD), mas também dois canabinoides que a WADA ainda considera proibidos:
- Canabigerol (CBG): em 42% das amostras antes do exercício e em 74% depois
- Canabidivarina (CBDV): em 68% amostras pré-exercício e 84% após a atividade
Portanto, segundo os resultados, o exercício intensificou a presença desses canabinoides no organismo e nenhum vestígio de THC ou seus metabólitos foi encontrado.

O que recomendam os especialistas: CBD isolado para não cair no antidoping
Os autores do estudo sugerem que atletas sujeitos a exames antidoping devem evitar o consumo de produtos à base de CBD de espectro amplo.
Dr. Marcos Dias reforça a segurança do uso de CBD isolado por atletas de elite e orienta a escolha do produto mais adequado:
“Os produtos de CBD isolado, com certificação laboratorial que confirme ausência de outros canabinoides, são a forma mais segura para atletas de elite.”
Diferenças entre tipos de produtos à base de canabidiol
Tanto para atletas quanto para tratamentos de saúde, os produtos disponíveis à base de CBD geralmente são:
- Canabidiol isolado: contém apenas CBD, sem outros canabinoides, sendo a forma mais segura para quem precisa cumprir regras antidoping.
- Espectro amplo (broad spectrum): inclui CBD em maior concentração, outros canabinoides (como CBG e CBDV) em pequenas quantidades e nada de THC, com risco de exame positivo.
- Espectro completo (full spectrum): contém CBD em maior concentração, outros canabinoides e THC em pequenas quantidades, com alto risco de exame positivo.
Por que o CBD atrai cada vez mais atletas
De acordo com o médico, os principais benefícios relatados são:
- Controle de dores crônicas por sobrecarga articular e muscular;
- Recuperação após treinos intensos;
- Melhora do sono;
- Redução de ansiedade e estresse, que podem prejudicar desempenho e foco;
- Controle de inflamações e processos dolorosos agudos;
- Apoio indireto à composição corporal (emagrecimento ou fortalecimento muscular), não por efeito direto do CBD, mas por melhora da qualidade de sono, dor e recuperação.
WADA: futuro das regras antidoping
Em 2023, a WADA promoveu uma revisão científica para avaliar o uso do THC, mas manteve a proibição em períodos de competição. O CBD segue permitido, mas outros compostos da Cannabis, como os canabinoides menores (p. ex. CBG e CBDV), ainda são vetados.
Para o Dr. Marcos Dias, essa lista pode mudar nos próximas anos, abrindo novas perspectivas:
“É possível que, no futuro, a WADA flexibilize alguns compostos não psicoativos da Cannabis, desde que comprovem não ter efeito entorpecente nem de aumento artificial de performance. Isso incluiria os canabinoides menores, que hoje ainda são proibidos.”
Ele lembra que qualquer mudança deve respeitar três critérios:
- Não proporcionar vantagem competitiva;
- Não colocar em risco a saúde do atleta;
- Não violar o espírito esportivo.
E para quem não é atleta profissional?
Vale destacar que os atletas que não estão sujeitos a exames antidoping também podem aproveitar os benefícios dos compostos da Cannabis para o bem-estar e a recuperação física. De acordo com as regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é necessário ter a prescrição de um médico para adquirir os produtos com segurança.
Então, para incluir produtos com canabinoides na sua rotina de atividades físicas, acesse a nossa plataforma de agendamento e marque já uma consulta. Lá, você encontra centenas de médicos, inclusive especialistas na medicina esportiva. Agende já sua consulta.