Uma das funções da cognição mais impactadas pela doença de Parkinson — a habilidade de nomear objetos ou conceitos — pode ser preservada com a ajuda do canabidiol (CBD), composto da planta Cannabis.
Esse foi o principal resultado de um estudo clínico realizado no Hospital Buriram, na Tailândia, com pacientes diagnosticados com Parkinson em diferentes estágios da doença.
O que é a função de nomeação e por que ela importa
O Parkinson é mais conhecido pelos sintomas motores, como tremores, rigidez e lentidão nos movimentos. Mas a doença também compromete funções mentais essenciais — especialmente a linguagem. A dificuldade em encontrar palavras e nomear objetos é comum, comprometendo a autonomia e a qualidade de vida dos pacientes.
De acordo com os pesquisadores, essa função específica, chamada nomeação, envolve várias áreas do cérebro, incluindo regiões responsáveis pela memória, linguagem e associação visual. Preservar essa capacidade é fundamental para manter a comunicação e a interação social dos pacientes.
Para avaliar os efeitos do tratamento, os cientistas utilizaram o MoCA (Montreal Cognitive Assessment). Este é um teste padronizado e amplamente usado na avaliação de funções cognitivas em doenças neurológicas. O MoCA abrange aspectos como atenção, memória, linguagem, raciocínio, orientação temporal e espacial, além de nomeação.
Embora simples, o teste exige o bom funcionamento de diversas conexões cerebrais.

Como o CBD impactou na cognição dos pacientes com Parkinson
Sessenta pacientes com Parkinson participaram do estudo. Eles foram divididos em dois grupos: um recebeu diariamente um medicamento sublingual rico em CBD (dose média de 26 mg), e o outro recebeu um placebo.
Após 12 semanas de acompanhamento, o grupo que recebeu CBD apresentou melhora significativa na nomeação, com diferença estatisticamente relevante em comparação ao grupo placebo. Já os demais domínios cognitivos, sintomas motores e alterações de humor não mostraram diferenças expressivas.
Outro destaque foi a segurança do tratamento com CBD. Os pacientes não relataram efeitos adversos graves, e os exames laboratoriais se mantiveram estáveis. A única alteração observada foi um leve aumento nos níveis de uma enzima chamada fosfatase alcalina, sem impacto clínico relevante.
Além disso, não houve piora nos sintomas motores ou no humor dos participantes que receberam o CBD — o que reforça que o canabinoide pode ser usado com segurança, desde que haja acompanhamento médico.
Novas perspectivas no tratamento do Parkinson
Os resultados abrem caminho para novos estudos sobre o uso de medicamentos à base de Cannabis no tratamento do Parkinson, especialmente para aliviar os sintomas na cognição. A melhora na nomeação é um sinal encorajador de que o composto pode ajudar a preservar funções cerebrais essenciais.
Os autores recomendam que futuras pesquisas com pacientes com Parkinson avaliem doses mais altas de CBD e utilizem testes mais específicos para linguagem e cognição. No longo prazo, os canabinoides têm potencial para se tornar aliados no cuidado desses pacientes — especialmente nos aspectos cognitivos da doença, que muitas vezes recebem menos atenção que os sintomas motores.
Estudos anteriores também indicam benefícios do CBD no Parkinson

A melhora cognitiva observada no estudo tailandês se soma a um crescente corpo de evidências científicas sobre o papel do canabidiol no tratamento da doença de Parkinson. Um exemplo importante vem do Brasil: um estudo clínico coordenado pela farmacêutica Ana Ruver avaliou o uso de CBD em pacientes com Parkinson e identificou melhoras importantes nos sintomas motores — como rigidez muscular, tremores e lentidão dos movimentos.
Além disso, os participantes relataram melhora na qualidade do sono e no bem-estar geral, indicando que o CBD pode atuar de forma ampla nos sintomas que comprometem a qualidade de vida. Portanto, os resultados reforçam que o canabidiol tem potencial terapêutico não apenas para aspectos cognitivos, mas também para os sintomas físicos e emocionais da doença.
CBD também tem potencial para ajudar a prevenir o avanço do Parkinson
Outro estudo de pesquisadores brasileiros vai além e aponta que o CBD pode ter um efeito neuroprotetor capaz de prevenir o desenvolvimento e o avanço do Parkinson. De acordo com os cientistas, o canabidiol protege os neurônios dopaminérgicos — as células cerebrais responsáveis pela produção de dopamina, que morrem ao longo da progressão da doença.
O mecanismo de proteção se dá por diferentes vias. O CBD:
- Atua na redução da inflamação cerebral
- Previne o estresse oxidativo
- Modula os sistemas de dopamina e serotonina, relacionados ao humor e à coordenação motora
Esses efeitos combinados sugerem que o CBD pode não só tratar sintomas já instalados, mas também retardar a progressão da doença quando utilizado precocemente.
Como começar um tratamento para Parkinson com medicamentos à base de Cannabis
Apesar do potencial terapêutico do CBD em diferentes aspectos da doença de Parkinson, é fundamental lembrar que qualquer tratamento com medicamentos à base de Cannabis exige prescrição e acompanhamento médico.
Nesse sentido, dosagem, forma de administração e a formulação são fatores que precisam ser cuidadosamente avaliados por profissionais especializados e experientes na prescrição de canabinoides.
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