Estima-se que cerca de 30% das pessoas com epilepsia desenvolvem resistência aos medicamentos, o que significa que mesmo utilizando os fármacos disponíveis, continuam a apresentar crises frequentes e difíceis de controlar. Esse é hoje um dos maiores desafios no tratamento da condição.
Nos últimos anos, o canabidiol (CBD), um dos compostos da Cannabis, tem ganhado destaque como aliado no tratamento de epilepsias refratárias, especialmente em síndromes raras como a de Dravet e a de Lennox-Gastaut. Nesse sentido, já se sabia que o CBD poderia reduzir a frequência e a intensidade das crises em alguns pacientes. Porém uma questão permanecia: será que o CBD também pode ajudar a prevenir o desenvolvimento da resistência a medicamentos anticonvulsivantes?
Um estudo publicado recentemente na Frontiers in Pharmacology trouxe resultados promissores, destacando o potencial do uso combinado do canabidiol com medicações convencionais.
CBD 🤝 diazepam: uma parceria promissora
Pesquisadores do México e da Argentina testaram os efeitos do CBD em um modelo animal de epilepsia grave e resistente a medicamentos. Eles avaliaram o canabinoide sozinho e em combinação com diferentes anticonvulsivantes, para investigar se essas associações poderiam reduzir a mortalidade e impedir o surgimento de resistência aos medicamentos convencionais.
Os resultados mostraram que a combinação de CBD com diazepam reduziu a mortalidade e diminuiu a prevalência de crises resistentes. De acordo com os autores, o canabidiol potencializou a ação do diazepam, reforçando o efeito inibitório do sistema GABAérgico sobre os neurônios hiperativos. Essa interação teria ajudado a evitar que o cérebro desenvolvesse resistência ao anticonvulsivante.

Por outro lado, quando o CBD foi associado a medicamentos bloqueadores de canais de sódio — outro tipo de anticonvulsivante, como a lamotrigina e a oxcarbazepina — não houve benefício.
Por que o diazepam faz diferença
O diazepam é um fármaco da classe dos benzodiazepínicos muito utilizado no tratamento de crises epilépticas. Ele atua nos receptores GABA_A, que regulam a ação do GABA, o principal neurotransmissor inibitório do cérebro.
Em outras palavras, o GABA funciona como um sistema de “freios naturais” da atividade cerebral. Quando os neurônios ficam excitados em excesso, surgem as crises epilépticas. O diazepam ajuda esses freios a funcionarem melhor, reduzindo a excitabilidade e controlando as convulsões.
Como o CBD reforça os “freios naturais”
Estudos indicam que o CBD reduz a excitabilidade neuronal e pode modular diferentes receptores e canais no sistema nervoso. Entre eles, atua também nos receptores GABA_A, funcionando como um reforço que amplia o efeito calmante dos neurotransmissores GABA sobre a atividade cerebral.
Isso pode ajudar a explicar por que a associação de CBD com diazepam mostrou efeito protetor contra a resistência a medicamentos anticonvulsivantes, um dos maiores obstáculos no tratamento da epilepsia. No estudo, os pesquisadores destacaram a interação do canabinoide com os medicamentos da classe do diazepam.
“O presente estudo confirma que o CBD isoladamente não modifica a taxa de mortalidade induzida por convulsões graves. Nossos resultados também corroboram que o CBD combinado com fármacos GABAérgicos, mas não com bloqueadores dos canais de sódio, reduz a taxa de mortalidade durante a indução repetitiva de convulsões tônico-clônicas e previne o desenvolvimento de convulsões resistentes a fármacos em um modelo pré-clínico.”

Pesquisas anteriores já haviam analisado o efeito do canabidiol junto a outro benzodiazepínico, o clobazam. Em um estudo com mais de 100 pacientes com síndrome de Dravet e Lennox-Gastaut, cerca de 60% dos participantes tiveram uma diminuição significativa nas crises. Esses resultados reforçam o potencial do CBD como complemento aos tratamentos convencionais para epilepsia.
Como incluir CBD no tratamento da epilepsia
Para quem convive com a epilepsia, é importante lembrar: não altere ou interrompa o tratamento sem orientação médica. O acompanhamento profissional é fundamental para garantir a eficácia e a segurança do tratamento.
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