Entre 2021 e 2024, um estudo conduzido em dez centros especializados na Argentina trouxe novas evidências sobre o potencial terapêutico do canabidiol (CBD) no cuidado de crianças com encefalopatias epilépticas e do desenvolvimento.
Os cientistas acompanharam mais de 500 crianças com epilepsias graves e resistentes aos medicamentos convencionais, e os resultados foram promissores.
Graves e raras: o que são encefalopatias epilépticas e do desenvolvimento
As encefalopatias epilépticas e do desenvolvimento (EEDs) são síndromes neurológicas severas que geralmente surgem nos primeiros meses ou anos de vida. Essas condições combinam convulsões frequentes e intensas com atrasos no desenvolvimento da fala, dos movimentos e da cognição.
As EEDs podem ter diversas causas, como variações genéticas, infecções no período neonatal ou malformações cerebrais. Algumas das condições mais associadas a esse grupo são:
- Síndrome de Dravet
- Síndrome de Lennox-Gastaut
- Epilepsia mioclônica precoce
- Epilepsia infantil com espasmos (síndrome de West)
- Epilepsias associadas aos genes SCN1A ou CDKL5
Essas condições são, em geral, altamente resistentes a medicamentos anticonvulsivantes convencionais. Por isso, cresce o interesse por alternativas terapêuticas como o CBD.
O canabidiol interage com o sistema endocanabinoide, que regula funções importantes como o sono, o humor, a memória e a excitabilidade neuronal. No caso da epilepsia, o CBD ajuda a “acalmar” os sinais elétricos cerebrais, reduzindo a intensidade e frequência das crises. Além disso, o canabinoide tem efeitos anti-inflamatórios e neuroprotetores que podem contribuir para preservar as funções cognitivas e o desenvolvimento da criança.

O que mostrou o estudo com mais de 500 crianças
No estudo multicêntrico, crianças entre 6 meses a 16 anos diagnosticadas com encefalopatias epilépticas e do desenvolvimento resistente ao tratamento foram acompanhadas por um período entre 12 e 32 meses. Todas receberam um medicamento à base de CBD isolado, sem ∆9-tetrahidrocanabinol (THC), como terapia complementar.
Os resultados mostraram que:
- 50% das crianças apresentaram uma redução superior a 50% nas crises epilépticas
- 14% ficaram completamente livres de crises
- 19% tiveram melhora parcial, com redução abaixo de 50%
Além disso, os efeitos colaterais foram leves e passageiros em mais de um terço dos casos, sendo resolvidos com ajuste da dose. A maioria dos pacientes manteve o uso do CBD até o final do acompanhamento, indicando boa tolerância e eficácia sustentada.
O estudo observou bons resultados inclusive em crianças com menos de 12 meses. Reforçando a ideia de que iniciar o tratamento com canabinoides precocemente pode proteger o cérebro em desenvolvimento, uma fase especialmente sensível na infância.
CBD em outras epilepsias
Além das encefalopatias epilépticas e do desenvolvimento, o CBD tem sido estudado e aprovado para o tratamento de outras condições com epilepsia associada, como:
- Epilepsias refratárias sem causa definida
- Doenças raras com convulsões associadas
- Esclerose tuberosa
- Síndrome de Rett
Em muitos desses casos, o CBD tem demonstrado melhora na qualidade de vida dos pacientes e até redução no número de medicamentos antiepilépticos utilizados. Desse modo, contribuem para menos efeitos colaterais e maior bem-estar dos cuidadores.
Vozes da experiência: mães relatam como o CBD mudou suas rotinas
Para além dos dados clínicos, são os relatos de mães e filhos que revelam como o CBD pode transformar a vida de uma família. Na nossa seção “História dos pacientes”, apresentamos alguns depoimentos de pessoas que encontraram no canabidiol uma nova perspectiva para o cuidado. Confira abaixo dois depoimentos de mulheres que encontraram no canabidiol um alívio para as crises convulsivas dos seus filhos.

Michela Godas
O filho da Michela recebeu o diagnóstico da síndrome de Dravet antes de completar o primeiro ano de vida. As crises eram resistentes aos anticonvulsivantes, e os efeitos colaterais dos remédios impactavam a qualidade de vida da criança.
A busca por alternativas levou a família ao tratamento com Cannabis. Com orientação médica especializada, os resultados apareceram rapidamente.
“Entendi que a Cannabis poderia oferecer mais do que apenas o controle das crises, mas também a redução dos efeitos colaterais e a promoção do equilíbrio do organismo dele. Se antes eu só enxergava a doença, hoje eu enxergo as qualidades do meu filho, o potencial dele, e eu vibro com cada conquista”, afirmou Michaela.
Leia aqui a história completa da Michela.
Natalia Kochen
Já o filho da Natalia recebeu o diagnóstico da síndrome de Ohtahara também nos primeiros meses de vida. Essa é uma condição rara e grave, marcada por convulsões difíceis de controlar. Em um momento crítico, ele chegou a tomar 15 medicamentos diferentes.
Desde a inclusão de medicamentos à base de Cannabis no tratamento, a rotina começou a mudar.
“Com outros remédios, tínhamos 30% ou 40% de controle. Com o CBD, chegamos a 70% ou 80%. E isso se mantém até hoje. A Cannabis mudou a vida do meu filho. Se não fosse por esse tratamento maravilhoso, ele não estaria aqui. O CBD foi a luz no fim do túnel. Depois de tantas tentativas e tanto sofrimento, ele foi o nosso respiro”, destacou Natalia.
Leia aqui a história completa da Natalia.
Como incluir medicamentos à base de Cannabis no tratamento de epilepsias resistentes
A ação terapêutica do CBD pode oferecer alívio em casos de encefalopatias epilépticas e do desenvolvimento em que outras medicações falham, representando uma alternativa valiosa e promissora. No entanto, é fundamental que o uso de medicamentos à base de Cannabis seja acompanhado por um médico habituado com esse tipo de tratamento.
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