“O CBD para tratar sintomas do TDAH e o óleos full spectrum com THC vejo que podem ajudar na questão do foco de quem convive com TDAH”, explica logo de saída da nossa conversa a médica Dra. Karolyne Fernandes Silva Metello.
Para a profissional, o CBD não é considerado a primeira linha de tratamento para este transtorno neuropsiquiátrico, mas pode surgir como uma alternativa valiosa, especialmente para aqueles que não respondem bem às terapias convencionais. De acordo com a médica, o CBD apresenta benefícios significativos no controle de sintomas como agitação mental e ansiedade. Muitos pacientes relatam um efeito calmante que pode ajudar a aliviar a tensão e melhorar o bem-estar geral.
“O CBD especificamente tem propriedades relaxantes, anti-inflamatórias e ansiolíticas. E pode ser bastante útil nas pessoas com TDAH que têm sintomas como ansiedade, agitação mental, dificuldade para dormir e irritabilidade. Na prática o que vejo é que o CBD ajuda a equilibrar o funcionamento do sistema nervoso deixando a pessoa mais calma. E, consequentemente, mais focada. Já em outros casos melhora muito a qualidade do sono, o que consequentemente ajuda a capacidade de concentração também. Dormir melhor também ajuda a ter menos impulsividade ao longo do dia. E ajuda muito também nessa ressignificação de pensamento”.
No entanto, é importante observar que, embora o CBD seja útil para alguns sintomas, como a ansiedade, ele não costuma ter o mesmo impacto no aumento da atenção ou do foco. E é esta lacuna que o THC pode preencher. Por ser um psicoestimulante que pode ser mais eficaz para melhorar o foco e a atenção, características frequentemente comprometidas em pessoas com TDAH.
“CBD não é a primeira linha de tratamento para o TDAH. Ele pode ser uma alternativa segura para quem não responde bem às medicações, mas eu vejo muito benefício do CBD nesses controles de sintomas, como agitação mental e ansiedade, mas não vejo tanto efeito assim no foco. Já os óleos full spectrum têm uma dosagem de THC por ele ser um psicoestimulante que geralmente é a primeira linha de tratamento para o TDAH, como a Ritalina e o Venvanse. E entendo que responde melhor para essa questão do foco propriamente dito”, salienta.
A importância do equilíbrio entre os fitocanabinoides no tratamento do TDAH
Você sabia que, pelo menos, entre 5% a 8% da população mundial apresenta Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade?
O número de casos de TDAH tem crescido exponencialmente. Em um período de 20 anos, entre 1997 e 2016, a prevalência subiu de 6,1% segundo pesquisas. O que significa que possivelmente mais casos serão diagnosticados em breve.
A condição é neuropsiquiátrica e o uso de Cannabis como uma possível alternativa terapêutica para o seu tratamento vem ganhando destaque.
Porém, a primeira linha de tratamento do TDAH são os chamados psicoestimulantes, como a Ritalina ou o Venvanse, por exemplo.
“As segundas linhas de tratamento são medicações que controlam os neurotransmissores, mas não são psicoestimulantes. Algumas pessoas com TDAH relatam que o uso da Cannabis ajuda a acalmar a mente, diminuir a hiperatividade e controlar melhor a capacidade de se concentrar. Um ponto importante é que algumas pessoas relatam melhora dos sintomas com o CBD e já o THC em doses elevadas no TDAH pode causar alguns efeitos negativos como prejuízo da memória e atenção. É preciso achar o equilíbrio desses canabinoides para o tratamento do TDAH”.
Relação entre o sistema endocanabinoide e o TDAH
A relação entre o sistema endocanabinoide e o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um campo de pesquisa emergente que tem mostrado potencial para entender melhor esse transtorno e desenvolver novas abordagens terapêuticas.
Conforme esta pesquisa recente apontou há relatos de que os canabinoides podem ajudar a mitigar alguns sintomas do TDAH, como a ansiedade e a hiperatividade. Porém, o estudo concluiu que as evidências que sustentam essas alegações são limitadas e muitas vezes contraditórias. É consenso: mais estudos ainda são necessários.
De qualquer maneira, Dra. Karol avalia que no TDAH há um desequilíbrio de neurotransmissores como a dopamina que afeta a atenção, controle de impulsos e a motivação. E, justamente, esse desequilíbrio que pode influenciar diretamente a forma como o sistema endocanabinoide funciona.
“Estudos que estão saindo recentes sugerem que pessoas com TDAH podem sim ter um sistema endocanabinoide menos ativo em algumas áreas do cérebro”.
Além disso, a médica destaca que em doses controladas, a Cannabis ajuda a modular esse sistema trazendo o efeito mais equilibrado, por exemplo, regularizando o sistema endocanabinoide a pessoa pode experimentar menos agitação, diminuição da irritabilidade e melhora do foco.
“O sistema endocanabinoide pode ser visto como regulador natural do corpo e a Cannabis através do CBD e do THC pode atuar para equilibrar esse sistema quando está desregulado”, finaliza.
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