A hidrocortisona é um dos medicamentos mais usados para tratar doenças inflamatórias da pele, como a dermatite atópica. Apesar de eficaz, o uso contínuo da hidrocortisona pode causar efeitos adversos. Por isso, pesquisadores estão buscando alternativas mais seguras — e uma delas pode estar na planta Cannabis.
Um estudo publicado na revista Pharmaceuticals observou que um extrato rico em canabidiol (CBD) teve efeitos mais potentes do que a própria hidrocortisona em um modelo experimental de dermatite.
Hidrocortisona: como age e por que é tão usada na dermatite
A hidrocortisona é um corticosteroide de baixa potência que atua reduzindo a inflamação ao “frear” a resposta exagerada do sistema imunológico. Aplicada na pele, ela age diretamente na inflamação, bloqueando a liberação de substâncias inflamatórias. Essa ação reduz a vermelhidão, o inchaço e a coceira, proporcionando alívio rápido nos períodos de crise.
Apesar da eficácia, o uso prolongado da hidrocortisona pode provocar efeitos adversos, como:
- Afinamento da pele (atrofia cutânea)
- Aparência de vasos dilatados (telangiectasia)
- Sensibilidade e ressecamento

Esses efeitos colaterais tornam a busca por alternativas mais seguras cada vez mais comum entre médicos e pacientes — especialmente para tratamentos de longo prazo.
CBD vs. hidrocortisona: o que diz a ciência
Para testar a eficácia do CBD, os cientistas induziram dermatite atópica em animais no laboratório. Após o surgimento da inflamação, os animais foram divididos em três grupos:
- Um grupo recebeu pomada com 2% de CBD
- Outro foi tratado com 1% de hidrocortisona
- O grupo controle recebeu vaselina
Resultados: CBD controla melhor o inchaço, mas não a coceira
Os resultados foram promissores:
- O extrato de CBD foi mais eficaz e agiu mais rapidamente na redução do inchaço em comparação com a hidrocortisona.
- Ambos os tratamentos reduziram a quantidade de mastócitos, células envolvidas em reações alérgicas.
- O CBD não provocou os efeitos colaterais típicos da hidrocortisona.
Outro destaque foi o efeito imunomodulador do CBD, que reduziu a contagem de leucócitos e linfócitos. No entanto, apenas a hidrocortisona reduziu significativamente a coceira (prurido), um dos sintomas mais incômodos da dermatite atópica.
CBD pode complementar (mas não substituir) o corticoide
Os resultados sugerem que o CBD pode ser uma alternativa promissora — ou um bom complemento — à hidrocortisona, especialmente no combate à inflamação e ao inchaço. Ainda assim, o canabinoide não substitui completamente o corticoide, já que não teve o mesmo efeito contra a coceira.
Por isso, médicos e pacientes podem considerar o uso do CBD no tratamento como:
- Uma alternativa, especialmente para pessoas que não toleram corticoides
- Um complemento à hidrocortisona, ajudando a reduzir a dose ou a frequência do uso
- Uma opção segura para tratamentos prolongados, com menor risco de efeitos adversos
Apesar dos avanços, os corticosteroides tópicos como a hidrocortisona continuam sendo fundamentais no tratamento da dermatite atópica e são considerados a primeira linha. No entanto, seu uso exige cautela —especialmente em áreas sensíveis da pele, como o rosto ou as dobras, onde os efeitos colaterais são mais comuns.
Ter à disposição alternativas como o CBD representa um avanço significativo no manejo de doenças de pele.

Outros estudos com CBD mostraram bons resultados — inclusive no alívio da coceira
O uso tópico do CBD no tratamento da dermatite atópica vem sendo explorado por pesquisadores de todo o mundo. Estudos anteriores já apontavam os efeitos anti-inflamatórios e calmantes do canabidiol aplicado diretamente na pele.
Uma pomada contendo 30% de CBD e 5% de canabigerol (CBG) — outro canabinoide natural da planta Cannabis — também demonstrou efeitos positivos na redução da inflamação. A diferença é que, neste caso, os pesquisadores observaram alívio significativo na coceira. Esse resultado reforça que diferentes formulações e combinações de canabinoides podem trazer benefícios distintos, e que o potencial da planta ainda está sendo compreendido em toda a sua complexidade.
Além do CBD e do CBG, outros componentes da planta têm chamado atenção da ciência por seus efeitos sobre a pele. Um exemplo é o óleo de semente de cânhamo — extraído das sementes e que não contém canabinoides. Um estudo usou uma emulsão tópica à base desse óleo em pacientes com dermatite atópica e observou melhoras importantes. Mais do que isso: os participantes passaram a usar menos corticosteroides, indicando que o óleo pode ser um bom complemento ao tratamento convencional.
O óleo de semente de cânhamo é rico em ácidos graxos essenciais, como ômega-3 e ômega-6, que ajudam a restaurar a barreira da pele, hidratar e reduzir a inflamação. Esses resultados indicam que a planta Cannabis, como um todo, oferece um repertório de produtos com potencial terapêutico — e pode se tornar uma aliada poderosa no cuidado com doenças de pele.
Como incluir medicamentos à base de Cannabis em um tratamento dermatológico
Se você se interessou e quer experimentar os benefícios dos canabinoides no tratamento de alguma condição de pele, procure orientação médica. É necessário que um especialista avalie a sua condição e os outros tratamentos em andamento para saber se os medicamentos à base de Cannabis são adequados para o seu caso.
Além disso, a receita é uma exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para comprar legalmente os produtos.
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