Os canabinoides são compostos químicos encontrados na planta Cannabis, com propriedades terapêuticas que podem ajudar no tratamento de várias condições de saúde. Os mais conhecidos são o canabidiol (CBD) e o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC), presentes na maioria dos medicamentos à base de Cannabis disponíveis para pacientes do mundo todo.
Como a Cannabis é uma planta proibida na maioria dos países, é muito difícil ou até impossível ter acesso aos canabinoides, seja para produção de medicamentos ou para pesquisas científicas.
Por isso, há uma busca por substâncias parecidas com os canabinoides derivadas de outras plantas. Assim, seria possível obter os mesmos benefícios terapêuticos e evitar as barreiras legais relacionadas à Cannabis.
Estudo com compostos de alcaçuz e magnólia
Pesquisadores australianos analisaram compostos similares aos canabinoides da Cannabis, retirados de duas plantas: Glycyrrhiza acanthocarpa (um tipo de alcaçuz) e Magnolia officinalis (magnólia).
Os compostos amorfrutin 2 (do alcaçuz), honokiol e magnolol (da magnólia) têm estrutura química similar à de alguns canabinoides. Por isso, os cientistas avaliaram o efeito anticonvulsivante deles em um modelo animal de duas doenças graves: a síndrome de Dravet e a síndrome de Lennox-Gastaut.
Estudo comparou a estrutura química do honkiol, magnolol e amorfrutina 2 com o CBD, CBGA e CP55,940, um canabinoide sintético
Compostos semelhantes aos canabinoides encontrados em outras plantas
Amorfrutina 2: encontrada principalmente nas raízes e casca de plantas da família Glycyrrhiza, uma planta utilizada desde a antiguidade para tratar inflamações e doenças respiratórias.
Galhos de alcaçuz
Magnolol e o honokiol: encontrados principalmente na casca da árvore magnólia e usados na medicina tradicional chinesa há séculos. Possuem efeitos ansiolíticos, antioxidantes, anti-inflamatórios e neuroprotetores.
Flores de magnólia
O objetivo do estudo era entender como esses compostos atuam nos receptores CB1 e CB2, do sistema endocanabinoide, e nos canais de cálcio tipo T, que regulam a comunicação entre células nervosas e estão ligados a crises epiléticas.
Resultados promissores
Os resultados foram promissores e indicam que essas moléculas podem servir de base para criar novos medicamentos no futuro. As principais revelações foram:
- Os três compostos inibiram os canais de cálcio tipo T, porém sem interagir com os receptores CB1 e CB2;
- Amorfrutina 2 e magnolol aumentaram a temperatura necessária para desencadear as convulsões nos animais com síndrome de Dravet;
- Amorfrutina 2 e magnolol também reduziram a frequência de convulsões;
- O magnolol diminuiu o número e a duração das crises de ausência nos animais com a síndrome de Lennox-Gastaut.
Embora sejam resultados promissores, ainda são necessários mais estudos para entender melhor como esses compostos funcionam e para garantir a segurança em humanos.
Opinião do especialista
A Cannabis, a magnólia e o alcaçuz são plantas utilizadas para tratar condições de saúde há séculos e os pesquisadores seguem explorando novas aplicações dos seus compostos naturais na Medicina moderna. No entanto, os efeitos terapêuticos dos canabinoides da Cannabis são, até agora, os que proporcionam mais benefícios a pacientes com formas graves de epilepsia, inclusive as síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut.
Em live aqui no portal Cannabis & Saúde sobre o uso de canabinoides para tratar epilepsia, o médico Flavio Geraldes Alves exaltou a segurança e a eficácia da abordagem com medicamentos à base de Cannabis para esse tipo de paciente.
“Estudos focados em síndrome de Dravet ou Lennox-Gastaut mostram acima de tudo, uma chance muito maior de controle das crises epilépticas com maior segurança.”
Como iniciar um tratamento com medicamentos à base de Cannabis
O uso de medicamentos à base de Cannabis como complemento ao tratamento de condições neurológicas tem ganhado cada vez mais visibilidade e adeptos. Se você ou alguém próximo quer incluir esse tipo de tratamento na rotina de cuidados, é fundamental consultar um médico que entenda essa abordagem.
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