Atualmente, estima-se que cerca de 2 milhões de brasileiros sejam diagnosticados com algum tipo de Transtorno do Espectro Autista (TEA). “Há uma urgência de serviços e políticas públicas voltadas para essa população. As leis já existem no Brasil, mas precisamos agora aplicá-las”, explica Edilson Barbosa, advogado, pai de dois jovens autistas e diretor-presidente do Movimento Orgulho Autista Brasil – MOAB.
Segundo ele, apesar desse potencial significativo das leis nacionais para autistas, muitos ainda enfrentam barreiras no acesso a terapias adequadas, educação inclusiva e suporte médico. Afinal, o que você faria se tivesse um filho autista? Buscar apoio em grupos que compartilham experiências similares pode ser um caminho acolhedor e inclusivo. Recentemente, entrevistei uma mãe que afirmou que se sentia mais confortável em conversar com outras mães e pais neurodivergentes do que com profissionais desconhecidos.
É por isso que o crescimento e fortalecimento dos grupos de apoio – como o MOAB – a pacientes e familiares reflete a busca por compreensão e solidariedade em um universo muitas vezes marcado por dúvidas e dificuldades.
Um movimento em ação: A história do MOAB
Em um conversa exclusiva com o portal Cannabis & Saúde, Barbosa contou que o Movimento Orgulho Autista Brasil foi fundado em 2005 por Fernando Cota e, atualmente, é presidido por ele que é pai de dois jovens autistas. Barbosa sempre defendeu que é essencial garantir não apenas os direitos das pessoas autistas, mas também ajudá-las a compreender e aproveitar ao máximo seu potencial. Sob sua liderança, hoje o MOAB se tornou um dos principais defensores da inclusão e da luta pelos direitos dos autistas em cerca de – pelo menos – 250 cidades.
Nos últimos anos, a organização tem se concentrado na promoção de políticas públicas que assegurem o acesso a terapias e uma verdadeira inclusão educacional. Um dos focos é a implementação do Plano Educacional Individual (PEI), que adapta a metodologia de ensino às necessidades específicas de cada aluno autista, garantindo um aprendizado mais eficaz e inclusivo.
O potencial da Cannabis Medicinal para estabilizar autistas
A utilização da Cannabis como uma opção terapêutica para pessoas autistas é uma das bandeiras mais proeminentes do MOAB. Estudos apontam que componentes da planta, como o Canabidiol (CBD), podem ter efeitos positivos na redução de sintomas como ansiedade, hiperatividade e dificuldades de comunicação.
“A Cannabis estabiliza de certa maneira o autista”, afirma Edilson Barbosa.
Compreendendo que a Cannabis pode ser uma ferramenta valiosa, o MOAB busca conscientizar tanto a população quanto as autoridades sobre a importância do acesso a essa terapia.
Além disso, o movimento participa de pesquisas que relacionam o uso da cannabis medicinal em pessoas autistas, colaborando com a Faculdade de Medicina do Distrito Federal. Estão em andamento estudos sobre como o uso de cannabis pode impactar positivamente o tratamento de crianças com TEA, realçando a necessidade de uma abordagem científica e regulamentada.
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Caminhos para o Futuro
O MOAB não só atua na questão da Cannabis medicinal, mas também em diversos fronts, como o debate e a apresentação do Centro de Estudos nos Transtornos do Espectro Autista (CETEA), vinculado à Secretaria de Saúde do DF, que busca aprofundar pesquisas sobre TEA e melhorar a assistência a essa população.
Com a liderança de Barbosa, o movimento continua a angariar apoio e visibilidade para a causa, lutando por um Brasil que não apenas reconheça, mas também valorize e inclua as pessoas autistas na sociedade.
“A educação de qualidade, o respeito à neurodiversidade e o acesso a tratamentos adequados são fundamentais para que as pessoas autistas possam viver com dignidade e potencializar suas capacidades”, conclui o presidente do MOAB.
A luta por políticas públicas e a conscientização em torno do autismo e do uso da Cannabis medicinal representam um passo significativo em direção a um futuro mais inclusivo, onde todos possam viver melhor.
Veja nossa live sobre Cannabis e autismo
Consulta com profissionais especializados
De acordo com a RDC 660 da ANVISA, o uso de Cannabis medicinal no Brasil é permitido legalmente, desde que recomendado e prescrito por um profissional de saúde qualificado.
Para verificar se a Cannabis é uma opção adequada, é fundamental buscar a orientação de um médico especialista. Caso tenha interesse em entender se essa terapêutica pode ser viável para a sua condição, consulte um profissional especialista nesse tipo de abordagem.