Um estudo realizado na Austrália revelou que a combinação ∆9-tetrahidrocanabinol (THC) e canabidiol (CBD), dois compostos da Cannabis, pode modificar a arquitetura do sono. Em pessoas com insônia, os canabinoides ajudaram a diminuir a hiperexcitação do cérebro — sem comprometer o desempenho no dia seguinte.
Durante o sono, a atividade elétrica do cérebro muda de acordo com o estágio. No estudo, os pesquisadores utilizaram uma versão moderna e detalhada do eletroencefalograma (EEG) com 256 canais — um dos sistemas mais avançados atualmente. Isso permitiu mapear com precisão as regiões do cérebro influenciadas pelos canabinoides.
O que é arquitetura do sono e por que ela importa
A arquitetura do sono é a forma como os diferentes estágios do sono se organizam ao longo da noite. Em média, o cérebro passa por 4 a 6 ciclos de sono, cada um com cerca de 90 minutos.
Cada ciclo é composto por duas fases principais:
- Sono NREM (não REM): dividido em três estágios — N1 (sono leve), N2 (sono intermediário) e N3 (sono profundo e restaurador).
- Sono REM (movimento rápido dos olhos): fase em que ocorrem os sonhos mais vívidos e processos importantes para a memória e regulação emocional.
Um sono saudável depende do bom equilíbrio entre essas fases. Alterações na arquitetura do sono podem fazer com que a pessoa não se sinta descansada, mesmo dormindo por muitas horas.
O que acontece no cérebro enquanto dormimos

No estudo, os pesquisadores mediram a atividade elétrica do cérebro durante o sono e suas mudanças de acordo com o estágio do sono. As diferentes faixas de frequência da atividade cerebral incluem:
- Gama (25-40 Hz): associada a estados de alta atenção, interpretação de estímulos sensoriais e pensamento ativo. Sua presença excessiva durante o sono pode indicar dificuldade para “desligar” a mente.
- Beta (15-25 Hz): associada ao estado de alerta e ao pensamento lógico. Níveis elevados durante o sono podem indicar excitação ou alerta, mesmo durante o sono.
- Alfa (8-12 Hz): relacionada ao relaxamento com olhos fechados. Seu aumento durante o sono REM pode sugerir maior atividade cerebral do que o ideal.
Como CBD e THC influenciam na arquitetura do sono em pessoas com insônia
A pesquisa acompanhou 20 adultos diagnosticados com insônia crônica. Cada participante recebeu, em noites diferentes, uma dose de 10 mg de THC e 200 mg de CBD, ou um placebo. As substâncias foram administradas por via oral, em um ambiente controlado de laboratório.
Os principais efeitos observados foram:
- Redução da atividade gama durante o estágio N2 do sono, indicando menor hiperatividade cerebral — uma das características da insônia.
- Aumento das ondas alfa e beta durante o sono REM, sugerindo maior atividade cerebral nessa fase.
- Redução da duração do sono REM em cerca de 30 minutos.
- Leve diminuição do tempo total de sono (cerca de 20 minutos).
Apesar dessas mudanças na arquitetura do sono, os participantes não relataram sonolência excessiva, nem apresentaram prejuízo cognitivo em testes de atenção e simulação de direção. Isso representa uma vantagem em relação a medicamentos convencionais, como benzodiazepínicos, que costumam causar efeitos colaterais no dia seguinte.
Embora tenha ocorrido uma redução no tempo total de sono e na fase REM, os pesquisadores destacam que os canabinoides parecem atuar principalmente na modulação da excitação cerebral. A redução percebida da atividade gama no sono leve pode ser um sinal de que o cérebro conseguiu desacelerar.
Canabinoides são seguros para tratar insônia?
Sim, outro ponto positivo foi a segurança do tratamento. Nenhum efeito colateral grave foi registrado, e as reações mais comuns, como boca seca, foram leves e passageiras. Além disso, nenhum participante desistiu do estudo.

O que diferencia de estudos anteriores
A maioria dos estudos anteriores usou polissonografia tradicional para avaliar o sono. No caso australiano, os pesquisadores aplicaram uma EEG de alta densidade, com 256 canais — uma das tecnologias mais avançadas disponíveis.
Essa abordagem permitiu mapear com precisão a atividade cerebral em diferentes regiões e frequências, revelando efeitos específicos dessa combinação de THC e CBD.
Os resultados sugerem que os canabinoides podem ajudar a modular a hiperatividade do sistema nervoso, principalmente nos estágios mais leves do sono. No entanto, são necessários mais estudos com uso contínuo para entender os impactos a longo prazo.
Nesse sentido, os autores destacaram:
“A análise do EEG de alta densidade revelou efeitos específicos de frequência e região, sugerindo que o THC/CBD reduz a hiperexcitação cortical durante estágios de sono mais leves, enquanto interrompe os estágios de sono mais profundo e REM.”
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