Essa não é uma questão meramente técnica, mas sim uma decisão que envolve segurança, eficácia e o perfil de cada paciente.
O isolado é o canabinoide “puro”. Na maioria das vezes falamos do CBD isolado, extraído da planta e separado de todos os outros compostos. Porém existem outros canabinoides isolados, como o CBN, THCV. Mas ao destacarmos o CBD isolado, afirmamos que é seguro, um pouco mais previsível e útil em situações onde precisamos de doses altas sem risco de efeitos relacionados ao THC.
Costumo indicar quando existe intolerância ao THC, histórico de doenças psiquiátricas ou até mesmo em profissões que avaliam com testes toxicológicos. Por outro lado, ele pode ser limitado em algumas condições mais complexas, justamente por não carregar a sinergia de outros compostos da planta.
Já o amplo espectro é um meio termo. Ele traz vários canabinoides menores, terpenos e flavonoides, mas passa por um processo de retirada do THC. É uma boa opção para pacientes que não podem ou não querem ter contato com o THC, mas ainda assim buscam o chamado “efeito entourage”, que é a soma de benefícios gerados pela interação entre diferentes moléculas. Muitas vezes, pacientes com ansiedade, insônia leve ou dores musculoesqueléticas relatam resposta mais estável com o amplo do que com o isolado.
O espectro completo , por sua vez, é a forma mais completa da planta, com todos os compostos presentes inclusive o THC em pequenas ou maiores concentrações (dependendo da legislação). Ele costuma oferecer resultados mais consistentes em condições complexas: dores crônicas, fibromialgia, insônia crônica, quadros de ansiedade, quadros demenciais avançados, anorexia e perda de apetite, esclerose múltipla, sintomas da quimioterapia entre outros. Isso acontece porque não estamos lidando com uma molécula isolada, mas com uma farmacopeia inteira dentro de uma planta, que atua em múltiplos receptores e vias metabólicas.
Então, qual escolher? Minha visão clínica é clara: não existe resposta única
O isolado pode ser o mais adequado em contextos de segurança; o amplo espectro é excelente quando buscamos equilíbrio sem o THC; e o espectro completo pode ser mais eficaz em casos complexos e refratários. O papel do médico é avaliar cada pessoa, sua história, seus exames e seus objetivos, para definir uma estratégia que traga resultados reais com o menor risco possível.
A Cannabis não é uma “moda”, mas uma ferramenta terapêutica que precisa ser usada de forma personalizada e responsável.
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