Em agosto de 2025, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) decidiu não incorporar medicamentos à base de semaglutida, liraglutida e similares no Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento da obesidade. O motivo alegado pelo órgão foi o alto custo dessas terapias, estimado em R$6 bilhões em cinco anos. Esse dado reforça um dos maiores desafios atuais da saúde pública: como oferecer opções eficazes e acessíveis para o combate à obesidade.
Nesse cenário, pesquisadores da Washington State University, nos EUA, investigaram os efeitos do canabidiol (CBD). Os resultados sugerem que o composto da Cannabis pode, no futuro, integrar estratégias complementares no enfrentamento da obesidade, junto com mudanças no estilo de vida e outros tratamentos.
Canabidiol e o desafio do combate à obesidade

Atualmente, a obesidade é considerada um dos maiores problemas de saúde pública. Ela está associada não apenas ao ganho de peso, mas também a doenças como diabetes tipo 2, hipertensão e problemas cardiovasculares. O excesso de gordura corporal provoca inflamações, resistência à insulina e alterações no metabolismo energético.
Entre as possibilidades mais estudadas, está o papel do tecido adiposo. Existem dois tipos principais:
- Tecido adiposo branco (WAT): armazena energia em forma de gordura
- Tecido adiposo marrom (BAT): queima gordura para produzir calor, processo chamado de termogênese
Nos últimos anos, os cientistas têm investigado formas de estimular o chamado “browning”, processo em que células do tecido adiposo branco adquirem características do tecido marrom. Essa transformação pode aumentar o gasto energético e é vista como uma estratégia promissora para controlar a obesidade e suas consequências.
É justamente nesse processo que o CBD demonstrou resultados promissores.
Analisando uma dieta rica em gordura
No estudo Dietary cannabidiol oil mitigates metabolic dysfunction in mice with high-fat diet-induced obesity, os pesquisadores investigaram os efeitos do canabidiol em animais alimentados com uma dieta rica em gordura durante nove semanas. Nesse sentido, esse modelo simula a obesidade induzida pela alimentação.
Os animais foram divididos em três grupos:
- Dieta padrão
- Dieta rica em gordura
- Dieta rica em gordura suplementada com CBD (25 mg/kg)

Principais efeitos observados com o CBD
Nos animais tratados, o canabidiol mostrou efeitos relevantes na obesidade:
- Menos ganho de peso: os indivíduos que receberam CBD engordaram menos do que os alimentados apenas com dieta rica em gordura
- Melhora no metabolismo: níveis de glicose e triglicerídeos no sangue foram mais baixos
- Redução da gordura corporal: menor acúmulo de tecido adiposo, com células de gordura menores
- Menos inflamação: diminuição de substâncias inflamatórias no tecido adiposo, como a interleucina-1ß
Mecanismos de ação: mitocôndrias e ativação de genes
De acordo com os resultados, o CBD ajudou a restaurar proteínas essenciais para o funcionamento das mitocôndrias, as estruturas que produzem energia dentro das células. Entre essas proteínas, destacam-se PGC1α, SIRT1 e PPARγ, associadas à regulação do metabolismo e ao estímulo da termogênese.
Outro ponto observado foi a ativação de genes ligados ao “browning”, como PRDM16 e UCP1. Porém, esse processo pode ter sido estimulado também pela maior ativação do receptor TRPV1, um canal iônico conhecido por participar da regulação de genes ligados ao gasto energético.
No artigo, os autores destacaram os benefícios do canabidiol no modelo de obesidade.
“A suplementação com óleo de canabidiol exerceu efeitos benéficos contra a obesidade induzida por dieta e o comprometimento da função adiposa, acompanhados por melhorias em mediadores metabólicos como PPARγ, PGC1α e SIRT1.
O óleo de CBD incorporado à dieta também normalizou as concentrações séricas de glicose e triglicerídeos. Em conjunto, esses achados corroboram o potencial do óleo de CBD na mitigação da disfunção metabólica induzida pela alimentação.”
Próximos passos e direções futuras
Apesar dos resultados positivos, é importante lembrar que este estudo se desenvolveu em um modelo animal de obesidade e com a mesma dose de canabidiol. Ainda é necessário avaliar como diferentes dosagens afetariam os resultados. De acordo com os cálculos dos pesquisadores, a dose usada na pesquisa corresponderia a cerca de 120 mg de CBD por dia em um adulto de 60 kg.
Em ensaios clínicos, a combinação do CBD com outro canabinoides, a tetrahidrocanabivarina (THCV), mostrou resultados promissores. Os participantes tiveram melhora nos níveis de colesterol total e LDL, além de redução da circunferência abdominal.
O THCV tem se destacado pela sua ação no sistema endocanabinoide, inibindo a ativação do receptor CB1, o que reduz a sensação de fome e, desse modo, pode levar a menor ingestão calórica.
Como incluir medicamentos à base de Cannabis na rotina
Seja para o uso de canetas emagrecedoras ou medicamentos à base de Cannabis, qualquer tratamento visando a perda de peso e controle glicêmico deve ter orientação profissional, pois a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exige a prescrição médica para adquirir os produtos legalmente.
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