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Cannabis pode ser biopesticida para proteger oliveiras em Portugal

Cannabis pode ser biopesticida para proteger oliveiras em Portugal

Cientistas portugueses querem utilizar resíduos de cultivos de Cannabis como biopesticida para combater pragas de oliveiras

Publicado em

9 de outubro de 2024

• Revisado por

Jornalista e editor especializado em Comunicação e Saúde, pós-graduando em Drogas, Sociedade e Práticas Educativas. Escreve sobre ciência e sobre o uso da Cannabis na saúde humana e animal. É também fundador da Editora Vista Chinesa, onde publicou livros como “A História da Cannabis em Quadrinhos” e “Mila”.

Um projeto da Universidade Nova de Lisboa vai receber um financiamento de 150 mil euros para desenvolver um biopesticida a partir de resíduos de Cannabis, com o objetivo de controlar pragas nos cultivos de oliveiras.

O projeto “ValorCannBio – Valorização de subprodutos de canábis medicinal como biopesticida para o olival” é liderado pelo laboratório colaborativo InnovPlantProtect. A iniciativa pode ajudar a reduzir o uso de pesticidas químicos nos cultivos de azeitona.

Conversamos com a pesquisadora Ana Rita Duarte, que coordena o projeto, para entender como resíduos que iriam para compostagem ou incineração podem combater fungos e bactérias que prejudicam a produção de azeite no país.

O cultivo de oliveiras e os desafios ambientais em Portugal

Portugal é um dos maiores produtores de azeite de oliva de alta qualidade, como os azeites extra virgens. As condições climáticas do país, combinadas com técnicas de cultivo, contribuem para um produto consumido também aqui no Brasil.

No entanto, as pragas e doenças nas oliveiras geralmente são controladas com pesticidas sintéticos, que podem causar danos ao meio ambiente contaminando solo, água e até as próprias azeitonas. Por isso, é urgente encontrar alternativas naturais para substituir os pesticidas sintéticos, e é aí que a Cannabis pode contribuir.

Cannabis como uma opção sustentável aos pesticidas

Em estudos anteriores, pesquisadores observaram que extratos de Cannabis têm ação inseticida, afetando o desenvolvimento de larvas do mosquito da dengue e lagartas. Agora, os cientistas portugueses vão analisar se esses biopesticidas funcionam nas pragas que afetam as oliveiras.

A pesquisadora Ana Rita Duarte explicou como a utilização de pesticidas à base de substâncias naturais pode trazer vantagens para o cultivo de oliveiras e o ecossistema como um todo.

Ana Rita Duarte é pesquisadora na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa | Foto: NOVA FCT

Ana Rita Duarte é pesquisadora na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa | Foto: NOVA FCT

“Terá um impacto muito grande não só na qualidade dos produtos, mas ambiental. Podemos ter produtos que são dirigidos para um alvo específico e não um pesticida que mata indiscriminadamente, promovendo a biodiversidade natural e favorecendo não só a saúde das plantas, como também a saúde dos solos.”

O desafio de encontrar um solvente sustentável

O biopesticida a ser desenvolvido será sustentável em diversos níveis. Primeiramente, a matéria-prima virá de resíduos que seriam descartados pelos cultivadores de Cannabis. Além disso, a extração dos compostos da planta será feita com solventes também vindos de fontes naturais, como nos explicou a pesquisadora.

“Extrair os compostos bioativos dos resíduos de Cannabis contribuiria para uma abordagem verde, uma tecnologia verde. Em um artigo, fazíamos a extração de flavonoides, polifenóis, antioxidantes e canabinoides com solventes verdes em lugar de solventes sintéticos. Foi neste enquadramento da sustentabilidade e da economia circular, partindo de resíduos utilizando tecnologias limpas para depois aplicar na natureza, que surgiu o conceito do projeto.”

Um dos maiores desafios do projeto será encontrar um solvente sustentável, uma vez que os canabinoides não são solúveis em água e preferem uma base oleosa. Ainda assim, a equipe está comprometida em encontrar uma solução mais ecológica possível.

Foto de uma caixa cheia de azeitonas verdes recém colhidas

Biopesticida contra fungos e bactérias

O projeto tem potencial para acrescentar um novo elo na cadeia produtiva da Cannabis, utilizando um subproduto que até então não tinha valor. Essa inovação pode impactar não só a produção de azeite, como a de outras culturas agrícolas de Portugal, como revelou a pesquisadora Ana Rita Duarte.

“A cultura da amendoeira sofre das mesmas doenças. Portanto, isto poderá ser aplicado em amendoeiras. Penso que os testes são mais fáceis de fazer na amendoeira para verificar a atividade antimicrobiana dos nossos compostos ativos.”

Inicialmente, o biopesticida será testado para combater duas pragas comuns nas oliveiras: a Gafa (causada por um fungo) e a Tuberculose (causada por uma bactéria diferente da que causa Tuberculose em humanos), mas a expectativa é que o biopesticida proteja também contra outras doenças.

No Brasil, Cannabis somente para tratamentos para a saúde

Em um futuro próximo, é possível que tenhamos a Cannabis como ingrediente de um outro produto: pesticidas sustentáveis. Por enquanto, aqui no Brasil, o uso de derivados da planta só é permitido para tratamentos para a saúde. Pacientes de várias condições podem se beneficiar de medicamentos com canabinoides e você pode ser um deles.

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