Pesquisadores brasileiros das Universidades Federais de Alfenas e Uberlândia, ambas em Minas Gerais, publicaram um estudo sobre o uso de Cannabis e de canabinoides sintéticos no tratamento da desordem temporomandibular (DTM). Esse é um problema de saúde que afeta a articulação que conecta a mandíbula ao crânio e também os músculos responsáveis pela mastigação.
A DTM pode estar relacionada ao estresse, bruxismo, traumas ou alterações estruturais na articulação. Por isso, o tratamento costuma ser multidisciplinar, envolvendo dentistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e, em alguns casos, médicos especialistas em dor.
Normalmente, são usados medicamentos como anti-inflamatórios e relaxantes musculares para aliviar as dores. Embora eficazes, eles podem provocar efeitos colaterais incômodos. Nesse sentido, o uso de medicamentos à base de Cannabis surge como uma alternativa promissora, funcionando como um complemento mais seguro às terapias já conhecidas.
Uma condição mais comum do que parece

De acordo com uma análise publicada anteriormente, a desordem temporomandibular afeta cerca de 30% dos adultos e idosos no mundo, sendo a segunda condição musculoesquelética mais comum associada à dor e incapacidade, perdendo apenas para a dor lombar.
No estudo, publicado na revista Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada, os cientistas reuniram as principais evidências disponíveis sobre o uso de canabinoides para a DTM, avaliando tanto pesquisas clínicas quanto experimentos em animais. Produtos orais e tópicos passaram pelos experimentos.
Cannabis no alívio da dor da desordem temporomandibular
- Estudos pré-clínicos mostraram que compostos como THC, CBD e CBN conseguem reduzir a dor na articulação temporomandibular e no músculo masseter. Os efeitos mais consistentes ocorreram com a ativação dos receptores CB1, mas os CB2 também tiveram participação.
- Estudos observacionais revelaram que pessoas que já usavam medicamentos à base de Cannabis relataram menos dor, melhora na movimentação da mandíbula e até substituíram opioides e outros analgésicos convencionais pela Cannabis, com menos efeitos adversos.
- Ensaios clínicos testaram o canabidiol (CBD) tópico aplicado na pele ou na mucosa da boca. Os pacientes tiveram redução significativa da dor e melhora nos casos de bruxismo associado. Quanto maior a concentração do produto, melhores os resultados.
Esses achados reforçam a ideia de que os canabinoides podem ser aliados importantes no controle da dor, na melhora da qualidade de vida e alívio em outros sintomas associados à desordem temporomandibular.
Como os canabinoides agem no corpo
A planta Cannabis contém mais de 100 tipos de canabinoides, compostos responsáveis pelos efeitos terapêuticos. Eles atuam no sistema endocanabinoide, uma rede de receptores presente no cérebro, sistema nervoso e células do sistema imune.
A ativação dos receptores CB1 e CB2 é capaz de regular processos como dor, inflamação, humor e até sono. No entanto, os pesquisadores sugerem uma atuação mais complexa para aliviar a dor. O CBD, além de influenciar o sistema endocanabinoide, também interage com receptores relacionados à inflamação e ao relaxamento muscular, como os receptores vaniloides.
Graças a esse mecanismo, os canabinoides ajudam a reduzir dores e permitem a diminuição da dosagem de medicamentos convencionais, o que reduz o risco de efeitos colaterais. Isso facilita o retorno a atividades simples do dia a dia, como mastigar, falar e sorrir.

Muito além da Odontologia
Os efeitos analgésicos da Cannabis, no entanto, não se limitam à desordem temporomandibular. Pesquisas também mostraram resultados positivos em condições como artrite, artrose e fibromialgia. O uso de medicamentos à base de Cannabis tem se destacado no tratamento de dores, inclusive crônicas, sendo a principal razão que levou muitos brasileiros a procurar terapias com canabinoides em 2024.
Os derivados da planta vêm ganhando espaço como alternativa aos medicamentos convencionais, já que costumam apresentar menos efeitos adversos. No caso da desordem temporomandibular, os compostos da Cannabis podem ser incorporados ao tratamento como um recurso complementar, ajudando a potencializar o alívio dos sintomas e até diminuir a necessidade de opioides.
Para incluir medicamentos à base de Cannabis em um tratamento, é necessário ter o acompanhamento de um profissional da saúde. Essa é uma exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para adquirir os produtos de forma legal e segura. Então, para experimentar os benefícios desse tipo de abordagem, acesse a nossa plataforma de agendamento e marque uma consulta. Lá, você encontra especialistas experientes na prescrição de canabinoides disponíveis para atendimento presencial ou por telemedicina.