Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros e publicado na revista Oncology Reviews reforça o que muitos pacientes e médicos já observam na prática clínica: os compostos da Cannabis podem ser aliados importantes no controle de sintomas frequentes em pacientes com câncer.
Segundo a pesquisa, o sistema endocanabinoide, presente naturalmente no corpo humano, pode ser ativado por compostos como o canabidiol (CBD) e o ∆9-tetrahidrocanabinol (THC). Essa interação pode trazer benefícios significativos em casos de dor crônica, náusea persistente e perda de apetite — três sintomas que comprometem diretamente a qualidade de vida desses pacientes.
Para entender melhor como esses achados se aplicam à realidade clínica, conversamos com João Regis Carneiro, médico e pesquisador do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ) e um dos autores do estudo. Com experiência na pesquisa e no cuidado direto aos pacientes, ele enxerga os canabinoides como ferramentas valiosas, especialmente nos casos em que o foco é proporcionar mais bem-estar.
“A gente já tem várias evidências de que a Cannabis é segura para ansiedade, para controle de dor, para aumento de apetite. A Cannabis, para mim, é uma ferramenta muito interessante que, se bem utilizada, pode agir de maneira muito efetiva nesses sintomas”, afirma.

Dr. João Regis Carneiro – médico e pesquisador
Cannabis como aliada no alívio dos efeitos colaterais do tratamento
Muitos pacientes enfrentam dificuldades com os efeitos colaterais dos tratamentos oncológicos convencionais, como quimioterapia e radioterapia. Náuseas intensas, perda de peso, dores persistentes e insônia são queixas frequentes.
De acordo com o artigo The endocannabinoid system in cancer biology: a mini-review of mechanisms and therapeutic potential, os canabinoides atuam de forma ampla no organismo, ajudando a reduzir a dor, estimular o apetite e melhorar o sono. Isso pode trazer alívio e conforto durante essa fase delicada do tratamento.
Dr. João Regis destaca que o cuidado com o paciente oncológico deve ir além da doença. Para ele, “a medicina tem que ser integrativa, sempre teve que ser”. Somar diferentes abordagens terapêuticas para que o paciente viva com mais dignidade e menos sofrimento, mesmo diante de um diagnóstico grave.
O médico defende a participação de profissionais de diversas áreas no tratamento, já que os oncologistas, muitas vezes, não conseguem se aprofundar no uso terapêutico da Cannabis.
“Hoje tem especialização em dor e em cuidados paliativos, talvez sejam esses os profissionais que vão avançar com mais rapidez do que o oncologista no uso dos medicamentos à base de Cannabis”, avalia. “O oncologista está muito preocupado com o tratamento e tem muitas drogas [oncológicas] novas, muitas terapias.”
Assim, ele sugere que talvez os profissionais da dor e dos cuidados paliativos assumam a dianteira, com base em evidências científicas já disponíveis e na observação clínica de bons resultados.

Comunicação aberta entre médico e paciente é essencial
Outro ponto central, de acordo com João Regis, é a comunicação transparente entre paciente e equipe médica. Muitos pacientes pesquisam por conta própria sobre os benefícios da Cannabis nos sintomas do tratamento de câncer, mas é essencial que o uso seja discutido com os médicos responsáveis.
“Quando a pessoa tem um diagnóstico de neoplasia, é importante falar com o médico, oncologista ou quem assiste, identificar quais são os sintomas que justificam pensar em usar Cannabis, conversar abertamente com o médico”, recomenda.
“E se ele não se sentir confortável para prescrever, procurar um prescritor que tenha capacidade e, de preferência, esse prescritor trocar ideia com o oncologista, ou pelo menos estar à disposição do oncologista.”
Esse cuidado conjunto se torna fundamental para que o uso da Cannabis ocorra de forma segura, eficaz e ética.
Potencial terapêutico da Cannabis no câncer: o que dizem os estudos
O estudo reforça os resultados de pesquisas anteriores, que indicavam que, quando se trata de cuidados paliativos, os benefícios dos compostos da Cannabis têm amplo reconhecimento.
Além disso, aponta caminhos promissores ao sugerir que o sistema endocanabinoide pode também inibir o crescimento de alguns tumores, induzir a morte de células cancerígenas e reduzir a formação de vasos sanguíneos que alimentam o tumor.
Estudos pré-clínicos mostraram que alguns canabinoides interagem com receptores específicos presentes em alguns tipos de câncer. Em experimentos com animais e células, os pesquisadores observaram redução da proliferação tumoral, aumento da morte celular e bloqueio da angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos).
No entanto, essas pesquisas ainda estão em fases iniciais. Ainda não é possível confirmar os efeitos antitumorais dos compostos da Cannabis em humanos, sendo necessário avançar com mais estudos clínicos.
Como incluir medicamentos à base de Cannabis em um tratamento oncológico
Para experimentar os benefícios terapêuticos dos canabinoides, é fundamental ter orientação médica. Isso garante uma avaliação completa, inclusive sobre a interação com outras medicações em uso. Além de ser uma exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para adquirir os produtos de forma legal.
Portanto, para incluir medicamentos à base de Cannabis na sua rotina de cuidados, acesse a nossa plataforma de agendamento e marque uma consulta com um dos nossos especialistas em medicina paliativa, se deseja aliviar os sintomas do tratamento do câncer. São centenas de médicos experientes nesse tipo de prescrição para avaliar o seu caso e, se adequado, recomendar um produto com canabinoides.
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