A epilepsia é uma condição neurológica desafiadora. Em suas formas mais severas, como a síndrome de Lennox-Gastaut, os impactos podem ser ainda mais complexos. Essa síndrome costuma surgir na infância e se manifesta com diversos tipos de crises convulsivas, além de atrasos no desenvolvimento cognitivo e motor.
Encontrar um tratamento eficaz para esses casos é, muitas vezes, uma longa jornada — tanto para o paciente quanto para a sua família. Um estudo de caso publicado no International Journal of Clinical Medicine and Case Reports descreveu a trajetória de uma jovem britânica e os benefícios do uso de medicamentos à base de Cannabis em seu tratamento.
A redução significativa nas crises permitiu que a criança voltasse à escola em tempo integral, retomasse o convívio com colegas e se comunicasse com mais clareza, desenvolvendo um vocabulário mais completo. Nesse sentido, a inclusão de medicamento à base de Cannabis, além de aliviar os sintomas da síndrome de Lennox-Gastaut, também facilitou a rotina dos cuidadores.
Os primeiros sinais da síndrome e o diagnóstico
Desde os dois anos de idade, os pais observaram movimentos repetitivos e involuntários no pé direito da menina, que logo se espalharam para outras partes do corpo. Exames de eletroencefalograma (EEG) confirmaram um quadro de epilepsia parcial contínua. Com o tempo, surgiram crises diárias, dificuldade de equilíbrio (ataxia) e as convulsões se tornaram cada vez mais frequentes e intensas.
A confirmação da síndrome de Lennox-Gastaut foi um divisor de águas na vida da menina e de sua família. A partir do diagnóstico, ela iniciou o tratamento convencional com medicamentos antiepilépticos, mas as crises continuaram. A paciente chegou a tomar sete anticonvulsivantes, entre eles:
- Levetiracetam
- Topiramato
- Clobazam
- Lamotrigina
- (e outros medicamentos não especificados no estudo)

Além de não controlar as crises, os efeitos colaterais foram severos e incluíam:
- Falta de apetite
- Dificuldade na fala
- Alterações comportamentais
- Agravamento das convulsões
Como resultado, a qualidade de vida despencou. A menina deixou de frequentar a escola, perdeu mobilidade e passou a precisar de cuidados em tempo integral. Intervenções cirúrgicas e a dieta cetogênica foram descartadas por contraindicações médicas.
A introdução de medicamento à base de Cannabis no tratamento
Diante da ineficiência dos tratamentos convencionais e do agravamento dos sintomas da síndrome de Lennox-Gastaut, os médicos optaram por incluir medicamentos à base de Cannabis como alternativa terapêutica. Aos seis anos de idade, a menina iniciou o uso de uma formulação à base de canabidiol (CBD) e ∆9-tetrahidrocanabinol (THC) isolados, na proporção 20:1.
Após apenas quatro semanas de uso, os resultados foram surpreendentes:
- Recuperou o equilíbrio e conseguiu se sentar sozinha
- Passou a caminhar com auxílio
- Teve melhora significativa na fala e em funções cognitivas
Com o tempo, foi possível reduzir gradualmente as doses de anticonvulsivantes convencionais, como o topiramato e o clobazam, sem agravamento das crises. A frequência de convulsões caiu para uma ou duas por dia, com duração inferior a 15 segundos e recuperação rápida.
Como o CBD e o THC atuam no cérebro para aliviar as crises
De acordo com os pesquisadores, a combinação de CBD e THC exerce um efeito sinérgico anticonvulsivante, mais eficaz que o uso do CBD isolado.
Esse efeito ocorre por meio da interação com o sistema endocanabinoide — uma rede de receptores presentes no corpo humano que ajuda a regular funções como atividade elétrica cerebral, inflamação e comunicação entre neurônios.
- O CBD atua principalmente como modulador indireto dos receptores canabinoides CB1 e CB2, além de interagir com canais de cálcio e receptores TRPV1, o que ajudaria a estabilizar a atividade cerebral.
- O THC, por sua vez, quando utilizado em doses baixas e combinado com o CBD (como na proporção 20:1), pode potencializar os efeitos terapêuticos do CBD sem provocar efeitos colaterais indesejados.

Avanços na qualidade de vida e bem-estar
Após meses de acompanhamento, os benefícios do novo tratamento se consolidaram. A menina conseguiu:
- Voltar a frequentar a escola
- Desenvolver uma comunicação eficaz, com vocabulário mais sofisticado
- Participar de atividades lúdicas como desenhar, cantar e assistir programas infantis
- Melhorar a coordenação motora fina e o apetite
As convulsões se tornaram esporádicas, breves e sem necessidade de hospitalização. Embora ainda apresente atraso no desenvolvimento e ataxia leve, o retorno à rotina escolar e à convivência social elevou consideravelmente a sua qualidade de vida.
Além disso, o impacto positivo também se estendeu aos cuidadores, que antes enfrentavam altos níveis de estresse físico e emocional.
No estudo, os autores destacaram que os canabinoides representam uma alternativa acessível, com ganhos clínicos relevantes para casos graves de epilepsia.
“Este estudo de caso demonstra o potencial transformador das formulações de canabinoides no tratamento da epilepsia complexa. A redução significativa nas convulsões resistentes a medicamentos e as melhorias nas funções cognitivas, motoras e comportamentais sugerem a eficácia do medicamento. O uso de uma combinação de CBD e THC aumenta a consistência da formulação, tornando as terapias canabinoides multiagentes uma abordagem viável.”
Como iniciar um tratamento com medicamentos à base de Cannabis para epilepsias graves
Este relato de caso reforça o potencial do uso medicinal dos compostos da Cannabis no tratamento da síndrome de Lennox-Gastaut, uma forma complexa de epilepsia. Em casos resistentes aos medicamentos convencionais, a inclusão de canabinoides sob supervisão médica e com produtos de qualidade comprovada pode representar uma transformação na rotina dos pacientes e dos seus familiares.
Se você ou alguém próximo quiser experimentar os benefícios dos medicamentos à base de canabinoides, é fundamental ter a orientação de um médico experiente nesse tipo de prescrição. Ele deve avaliar a condição e os tratamentos em andamento para recomendar o melhor caminho, respeitando as necessidades individuais. Além disso, é uma exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para adquirir os produtos de forma legal e segura.
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