Viver com dor constante, hospitalizações frequentes e a incerteza de quando viria a próxima crise foi a realidade de uma mulher italiana de 54 anos durante quase metade da sua vida. Diagnosticada com pancreatite crônica recorrente, ela enfrentou 24 anos de procedimentos médicos, cirurgias e internações sem encontrar alívio duradouro.
Recentemente, porém, sua história ganhou um novo capítulo. A introdução de medicamentos à base de Cannabis, em uma formulação rica em canabidiol (CBD), mudou completamente o rumo da sua saúde. O caso foi descrito em um artigo científico publicado no Journal of Cannabis Research.
Antes dos canabinoides: uma vida marcada pela dor
A primeira crise severa aconteceu quando a paciente tinha apenas 25 anos. A dor abdominal intensa, muitas vezes confundida com cólica renal, se tornaria frequente ao longo das décadas seguintes. Entre os sintomas, estavam náuseas, vômitos, falta de apetite e perda de peso (ela chegou a pesar apenas 36 kg, com IMC 15).
Durante esse período, ela passou por diversos procedimentos médicos:
- Colecistectomia (retirada da vesícula biliar)
- Múltiplos exames endoscópicos e de imagem
- Colocação e troca frequente de stents para desobstruir o duto pancreático
- Uso contínuo de enzimas digestivas e analgésicos
Apesar de tantos esforços, a dor permanecia. As internações por crises agudas continuavam fazendo parte de sua rotina.

O encontro com a Cannabis
Em fevereiro de 2024, após anos de tentativas frustradas, a paciente foi encaminhada à clínica de dor do sistema público de saúde de Bari, na Itália.
Lá, os médicos decidiram iniciar um tratamento com medicamento à base de Cannabis contendo 5% de CBD e menos de 0,5% de ∆9-tetrahidrocanabinol (THC), em doses diárias gradualmente ajustadas.
Os efeitos foram imediatos e impressionaram até mesmo a equipe médica: em poucos dias, a dor desapareceu por completo. Desde então, a paciente não apresentou mais episódios agudos de pancreatite.
Além disso, outros benefícios chamaram atenção:
- Recuperação do apetite e ganho de peso: passou de 36 kg para 58 kg (IMC de 20, considerado normal)
- Melhora no sono e na ansiedade, antes agravados pela condição crônica
- Retorno à rotina diária, com mais energia e disposição
- Um efeito inesperado: o retorno da menstruação, que estava ausente havia mais de cinco anos.
De acordo com o ginecologista que a acompanhava, esse retorno da menstruação poderia ser relacionado “à melhora geral em seu estado fisiológico após o período de bem-estar proporcionado pelo tratamento com Cannabis”.
Importante destacar: ao longo de 16 meses de acompanhamento, a paciente não relatou efeitos colaterais relacionados ao uso do medicamento com canabinoides.
Como o CBD pode agir na pancreatite crônica
No estudo, os cientistas esclarecem que o CBD, principal componente do medicamento usado no tratamento da paciente, atua em diferentes frentes no organismo para aliviar os sintomas da pancreatite crônica:
- Efeito anti-inflamatório: o canabinoide reduziria a produção de substâncias inflamatórias (como IL-6 e TNF-α) e ajudaria a equilibrar a resposta excessiva do sistema imunológico.
- Redução do estresse oxidativo: o canabidiol tem ação antioxidante, ajudando a proteger os tecidos contra o acúmulo de radicais livres que danificam as células.
- Controle da dor: a interação com os receptores do sistema endocanabinoide contribui para diminuir os sinais de dor, oferecendo um efeito analgésico sem os efeitos colaterais de medicamentos convencionais.
Esses fatores combinados ajudam a explicar por que a paciente deixou de sentir dor, ganhou peso, recuperou o apetite e até retomou atividades antes prejudicadas.

Uma vida transformada e o que os pesquisadores dizem sobre o caso
Segundo os autores do estudo, esse estudo de caso mostra que os medicamentos à base de Cannabis podem ser uma alternativa viável para a pancreatite crônica quando outros tratamentos falham. Nesse sentido, a paciente deixou de usar analgésicos convencionais, não precisou mais de hospitalizações e relatou uma sensação de “bem-estar total”.
No artigo, os pesquisadores destacaram que os canabinoides podem ser parceiros importantes no repertório de terapêutico para a pancreatite, especialmente em casos resistentes.
“O caso ressalta a importância de explorar terapias alternativas para condições crônicas complexas como a pancreatite crônica, sugerindo que a Cannabis medicinal pode oferecer uma opção transformadora para pacientes com poucas opções de tratamento viáveis.”
A importância do acompanhamento médico
Embora os resultados sejam animadores, os médicos alertam: trata-se de um único caso clínico. Ainda que a literatura aponte o potencial anti-inflamatório e analgésico dos canabinoides, especialmente do CBD, são necessários estudos maiores, controlados e de longo prazo para confirmar a eficácia e a segurança do uso medicinal da Cannabis em pacientes com pancreatite crônica.
Outro ponto fundamental: qualquer uso de medicamentos à base de Cannabis deve ser feito com prescrição e acompanhamento médico especializado, respeitando a resposta individual do paciente e com monitoramento cuidadoso.
Como iniciar um tratamento com medicamentos à base de Cannabis
A história dessa paciente é um exemplo de como a inclusão de canabinoides no tratamento pode transformar a rotina de pessoas com condições difíceis de tratar, principalmente no manejo da dor crônica. Entretanto, o sucesso dessa abordagem depende diretamente de um profissional da saúde experiente nesse tipo de prescrição.
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