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Cannabis no Parkinson: como Suplicy teve melhora de 54% nos sintomas motores

Cannabis no Parkinson: como Suplicy teve melhora de 54% nos sintomas motores

Conheça em detalhes o caso de Eduardo Suplicy: como ele utilizou Cannabis rica em THC para tratar o Parkinson

Publicado em

7 de agosto de 2025

• Revisado por

Jornalista e editor especializado em Comunicação e Saúde, pós-graduando em Drogas, Sociedade e Práticas Educativas. Escreve sobre ciência e sobre o uso da Cannabis na saúde humana e animal. É também fundador da Editora Vista Chinesa, onde publicou livros como “A História da Cannabis em Quadrinhos” e “Mila”.

Em 2023, o deputado Eduardo Suplicy tornou público o seu diagnóstico de Parkinson e seu tratamento com medicamentos à base de Cannabis. Desde então, o político veterano se tornou um defensor do uso terapêutico da planta promovendo debates na Assembleia Legislativa de São Paulo, atuando como vice-presidente da Frente Parlamentar da Cannabis Medicinal e do Cânhamo, e compartilhando abertamente sua experiência pessoal como paciente.

Agora, Suplicy também contribui com a ciência: participou de um estudo publicado na Revista Brasileira de Farmacognosia, conduzido por pesquisadores da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), sob coordenação de Francisney Nascimento. O trabalho trouxe uma análise detalhada da evolução clínica do deputado com o uso de medicamentos à base de Cannabis ricos em THC.

“Viva a ciência brasileira!”, comemoraram Suplicy e Francisney em vídeo publicado no Instagram.
Assista o vídeo completo aqui.

Eduardo Suplicy no formato de animação 3D com uma folha de Cannabis ao fundo e um frasco de medicamento ao lado

Antes da Cannabis: sintomas que limitavam a vida pública

Antes de iniciar o tratamento com medicamento à base de Cannabis, Suplicy já utilizava medicamentos convencionais para o controle do Parkinson, porém com resultados limitados.

De acordo com o estudo, o deputado tomava levodopa (300 mg/dia) associada a benserazida (75 mg/dia), uma combinação utilizada para repor a dopamina no cérebro e aliviar os sintomas motores, como rigidez e lentidão dos movimentos. Além disso, fazia uso de valproato de sódio (300 mg/dia) e vortioxetina (15 mg/dia) para aliviar sintomas relacionados à saúde mental.

Apesar desse repertório de medicamentos, os tremores nas mãos, a bradicinesia (lentidão ao se mover) e a dificuldade para caminhar persistiam, afetando inclusive sua atuação pública. Suplicy relatava constrangimento por causa dos tremores, especialmente durante discursos e aparições.

A melhora significativa só viria após a introdução de um medicamento à base de Cannabis rico em ∆9-tetrahidrocanabinol (THC).

O THC no tratamento

Estudos anteriores já apontaram o potencial do canabidiol (CBD) para aliviar sintomas como ansiedade e distúrbios do sono no Parkinson. No entanto, o professor Francisney explicou que o canabinoide não demonstrou eficácia nos sintomas motores.

“Com CBD há ganhos na parte não-motora como depressão, ansiedade, irritabilidade, mas não na parte motora. E nesse paciente a melhora foi muito consistente na parte motora, na marcha e na redução de tremores”, destacou o professor.

Francisney Nascimento coordenou estudo de caso com Eduardo Suplicy e seu tratamento com Cannabis para o Parkinson | Foto: Marcos Labanca

Entendendo que o THC seria importante para o tratamento de Eduardo Suplicy, Francisney e a equipe adotaram estratégias para potencializar os benefícios e atenuar os possíveis efeitos adversos do canabinoide.

“De forma geral, estudos com Cannabis limitam muito o THC pela questão legal e da dificuldade de conseguir, mas também por estar relacionado aos efeitos psicoativos. Então, muitas vezes você se limita a 10, 12, 15 mg, e a gente chegou até 20 mg de THC com o Suplicy tomando três vezes por dia”, pontuou o pesquisador.

Em busca da dose ideal

O acompanhamento clínico durou nove meses, entre novembro de 2023 e julho de 2024. Durante esse período, Suplicy utilizou dois tipos de medicamentos à base de Cannabis, com diferentes proporções de THC e CBD.

A dose ideal encontrada foi de 18,25 mg de THC por dia. Quando essa dosagem foi ultrapassada (22,83 mg), os benefícios diminuíram, o que indicou a necessidade de ajuste fino.

Entre os principais avanços relatados no estudo, destacam-se:

  • Redução de 54% nos sintomas motores, segundo a escala MDS-UPDRS
  • Desaparecimento dos tremores intensos nas mãos, permitindo realizar tarefas como escrever e amarrar os cadarços
  • Melhora na qualidade do sono e na disposição diária
  • Melhora na qualidade de vida, segundo o questionário PDQ-39
  • Aumento da pontuação no Mini Exame do Estado Mental (MEEM), indicando melhora na saúde mental

Suplicy relatou sentir-se mais confiante e menos constrangido com os tremores. Ele também notou que os sintomas reapareciam quando esquecia de tomar a medicação, reforçando a relação direta com os efeitos do óleo.

Em sessão na Alesp, Suplicy compartilhou que ficou livre dos tremores nas mãos

Em sessão na Alesp, Suplicy compartilhou que ficou livre dos tremores nas mãos

Como o THC age no cérebro de quem tem Parkinson

Os benefícios observados no estudo estão ligados à ação do THC no sistema endocanabinoide, uma rede de receptores que ajuda a regular funções como movimento, sono, humor e dor.

Enquanto o CBD atua como um modulador indireto, o THC ativa diretamente os receptores CB1, presentes em áreas do cérebro responsáveis pelo controle motor, como os gânglios da base.

De acordo com os autores, esse é um dos primeiros relatos clínicos a mostrar benefícios motores expressivos com o uso de THC em pacientes com Parkinson.

“Foi perfeitamente seguro. Em nenhum momento demonstrou tonturas, efeito psicoativo ou qualquer coisa relacionado à dose. Então, abre caminho para a gente utilizar doses altas de até 20 mg de THC pela via oral de forma segura, inclusive em idosos”, afirmou Francisney.

A experiência com Suplicy fortalece o reconhecimento da Cannabis como uma ferramenta terapêutica em doenças neurodegenerativas, como o Parkinson. Nesse sentido, os pesquisadores ressaltaram a importância de facilitar o acesso a produtos ricos em THC no Brasil.

Como incluir medicamentos à base de Cannabis no tratamento do Parkinson

Se você ou alguém próximo tem Parkinson e quer experimentar os benefícios dos canabinoides, converse com um médico experiente nesse tipo de abordagem. É fundamental ter a orientação profissional para não interferir nos outros tratamentos em andamento. Além disso, a prescrição médica é uma exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para adquirir os produtos de forma segura e legal.

Acessando a nossa plataforma de agendamento, você pode marcar uma consulta com um entre centenas de médicos capacitados para avaliar o seu caso e recomendar o melhor caminho. Inicie essa jornada de maneira responsável: marque uma consulta!

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