A Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), por meio do Laboratório de Cannabis Medicinal e Ciências Psicodélicas (LCP), abriu inscrições para um estudo clínico inédito sobre o uso de medicamentos à base de Cannabis no tratamento da fibromialgia.
Com início previsto ainda para este ano, a pesquisa, chamada Fridinha, será realizada em Foz do Iguaçu e Cascavel, no Paraná. Os pesquisadores buscam 36 voluntárias com diagnóstico confirmado de fibromialgia para um acompanhamento de seis meses. O formato do estudo será open label, ou seja, tanto as participantes quanto os cientistas sabem qual tratamento está sendo administrado.
Como será o acompanhamento das voluntárias
De acordo com o professor Ney Nascimento, coordenador do projeto, o estudo pretende avaliar como a combinação de canabinoides, especialmente canabidiol (CBD) e ∆9-tetrahidrocanabinol (THC), pode auxiliar no controle das dores e contribuir para o bem-estar das pacientes.
“Nosso principal objetivo é compreender como o uso equilibrado de CBD e THC pode atuar no controle da dor e na melhora da qualidade de vida das pacientes. Também vamos analisar indicadores relacionados à depressão, sono e bem-estar geral”, destacou Ney Nascimento.

Durante os seis meses da pesquisa, as participantes terão:
- Consultas mensais
- Aplicação de questionários clínicos
- Exames laboratoriais antes e depois do tratamento
O estudo investigará tanto a eficácia quanto a segurança de medicamentos à base de Cannabis de espectro completo (full spectrum) no alívio dos sintomas da fibromialgia.
Fibromialgia: uma condição invisível e desafiadora
A fibromialgia é uma condição caracterizada por dor crônica e difusa no corpo, geralmente acompanhada de fadiga e sintomas emocionais, como ansiedade e depressão. É chamada de “invisível” porque não aparece em exames de imagem ou laboratoriais, o que pode gerar dúvidas e preconceitos em relação ao diagnóstico.
Em julho de 2025, o presidente Lula sancionou a lei que reconhece pacientes com fibromialgia como pessoas com deficiência. A norma entrará em vigor em janeiro de 2026 e garante o acesso a políticas públicas específicas, como protocolos de atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), isenção de IPI, ICMS e IOF na compra de veículos adaptados, vagas em concursos públicos, entre outros.
Apesar da alta prevalência, ainda existem poucas opções de tratamento eficazes, o que faz com que muitas pacientes convivam com dor constante e limitações na rotina. Esse impacto pode ser profundo, tanto na vida pessoal quanto profissional das pacientes. Maria Eduarda Carraro, estudante de Medicina e uma das autoras do projeto, ressaltou que essas dúvidas impactam no dia a dia dessas pessoas.
“Grande parte dessas pacientes é afastada do trabalho poucos anos após o diagnóstico. Além disso, o custo com medicamentos, consultas e exames pode ser 300% superior ao de um cidadão comum. Diante dessa realidade, é impossível manter a inércia. Estudos como o da Unila são essenciais para garantir o direito à saúde e à dignidade dessas mulheres”, destaca Maria Eduarda.
Medicamentos à base de Cannabis como alternativa

Nos últimos anos, os compostos da Cannabis têm ganhado destaque como alternativa promissora no alívio de dores crônicas e distúrbios do sono, sintomas comuns da fibromialgia.
De acordo com Flávia Mesquita, fundadora da Associação Nacional de Fibromiálgicos e doenças correlacionadas (Anfibro), muitas pacientes passaram a incluir produtos com canabinoides para complementar o tratamento, relatando até redução no uso de medicamentos convencionais.
“A alta dosagem de medicamentos é preocupante na fibromialgia, e é neste campo que vemos como promissor o uso da Cannabis. Há pessoas que conseguiram eliminar o uso de altas dosagens de medicamentos após começarem a incorporar a Cannabis em seus tratamentos para a fibromialgia”, compartilha Flávia.
Estudos anteriores já indicaram o potencial dos compostos da Cannabis no manejo da fibromialgia:
- CBD: melhora nas dores, ansiedade, insônia e depressão;
- THC: redução das dores e alívio de sintomas gastrointestinais, como síndrome do intestino irritável, queimação e excesso de gases.
No estudo da Unila sobre fibromialgia, os produtos com canabinoides serão fornecidos gratuitamente pela Santa Cannabis, associação que atua com autorização judicial no cultivo e produção de medicamentos à base dos derivados da planta.
Quem pode participar e como se inscrever
Podem se inscrever mulheres entre 18 e 60 anos, com diagnóstico confirmado de fibromialgia e disponibilidade para comparecer a consultas presenciais uma vez por mês em Foz do Iguaçu ou Cascavel, durante os seis meses de acompanhamento.
Não haverá nenhum custo para as voluntárias, já que exames, consultas e medicamentos serão oferecidos gratuitamente.
As inscrições estão abertas e podem ser feitas neste link.
Como iniciar um tratamento com medicamentos à base de Cannabis para fibromialgia
No Brasil, o uso de medicamentos à base de Cannabis não é restrito a pesquisas científicas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autoriza que profissionais de saúde prescrevam esse tipo de abordagem para seus pacientes.
Portanto, para experimentar os benefícios dos canabinoides, é necessário o acompanhamento de um médico experiente nesse tipo de prescrição. Acessando a nossa plataforma de agendamento, você pode marcar uma consulta com um entre diversos especialistas.
Então, acesse já e inicie essa jornada de forma segura e responsável.