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Educação sobre Cannabis: especialistas pedem atualização urgente na formação médica

Educação sobre Cannabis: especialistas pedem atualização urgente na formação médica

O artigo “Educação sobre Cannabis — uma obrigação profissional e moral para médicos” defende que a formação médica inclua o sistema endocanabinoide no currículo obrigatório

Publicado em

22 de outubro de 2025

• Revisado por

Jornalista e editor especializado em Comunicação e Saúde, pós-graduando em Drogas, Sociedade e Práticas Educativas. Escreve sobre ciência e sobre o uso da Cannabis na saúde humana e animal. É também fundador da Editora Vista Chinesa, onde publicou livros como “A História da Cannabis em Quadrinhos” e “Mila”.

Um comentário publicado na revista científica JAMA Network Open, assinado pelo médico e pesquisador Darshan H. Mehta, faz um apelo direto: “É dever ético e profissional que médicos aprendam sobre o sistema endocanabinoide e o uso terapêutico da Cannabis”.

O texto, intitulado “Cannabis Education — A Professional and Moral Obligation for Physicians” (“Educação sobre Cannabis — uma obrigação profissional e moral para médicos”, em tradução livre), destaca que a formação médica nos EUA, e em boa parte do mundo, ainda ignora o tema, mesmo após décadas de avanços científicos e legais sobre o uso da planta.

“Milhões de pacientes usam Cannabis medicinal regularmente, mas nossos currículos médicos a ignoram amplamente.”

Por que o JAMA Network Open e a AMA importam

O JAMA Network Open é um dos periódicos científicos da American Medical Association (AMA), a associação médica mais antiga e influente dos EUA. Fundada em 1847, a AMA reúne centenas de milhares de médicos e define padrões éticos, educacionais e clínicos para a profissão.

O JAMA (Journal of the American Medical Association) e suas publicações associadas estão entre as revistas científicas mais respeitadas do mundo. Todos os estudos publicados passam por revisão rigorosa por pares e influenciam diretamente a prática médica nos EUA e no mundo todo.

Nesse sentido, o recado de Mehta é claro: não é mais aceitável que profissionais da saúde desconheçam como o corpo humano interage com os compostos da Cannabis.

Capa do artigo escrito por Darshan Mehta, "Educação sobre Cannabis — uma obrigação profissional e moral para médicos”, em tradução livre

O sistema endocanabinoide: uma parte essencial do corpo

O sistema endocanabinoide é uma rede de receptores e moléculas que ajuda a regular funções fisiológicas como sono, apetite, percepção da dor e resposta imunológica. Ele interage tanto com os compostos da Cannabis, como o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC), quanto com substâncias produzidas pelo próprio corpo, como a anandamida.

Embora tenha sido identificado recentemente, apenas no final do século XX, esse sistema é reconhecido como um dos principais reguladores do equilíbrio interno do corpo (homeostase).

Por isso, compreender seu funcionamento é essencial para profissionais que tratam dor crônica, condições neurológicas, inflamatórias e psiquiátricas.

“Os médicos precisam entender essas nuances, não apenas em termos de farmacologia abstrata, mas para guiar decisões clínicas e reduzir danos”, escreve Mehta.

Uma lacuna preocupante na formação médica

De acordo com o artigo, apesar de o uso medicinal da Cannabis ser regulamentado em diversos estados norte-americanos, alguns há quase 30 anos, a maioria dos cursos de medicina ainda não inclui conteúdos sobre o sistema endocanabinoide ou o uso clínico dos canabinoides da planta.

Pesquisas citadas por Mehta mostram que muitos profissionais relatam baixa confiança para orientar sobre o uso terapêutico da Cannabis, o que leva os pacientes a buscarem informações em fontes não confiáveis.

“Não é mais defensável que os médicos permaneçam deliberadamente ignorantes”, alerta o autor.

Cannabis na prática clínica: entre benefícios e riscos

O comentário lembra que há evidências robustas sobre benefícios do uso medicinal da Cannabis. Por outro lado, Mehta alerta para possíveis efeitos adversos, como sonolência, boca seca, enjoo e a síndrome de hiperêmese canabinoide (episódios intensos de vômitos). O autor pontua que cabe ao médico compreender essas informações para orientar com equilíbrio, nem demonizando, nem banalizando o uso.

Já existem diretrizes, mas falta ensiná-las

Mehta cita que organizações médicas já desenvolveram guias clínicos sobre o uso terapêutico dos canabinoides. Um exemplo seria o American College of Physicians (ACP), que publicou orientações para o uso de medicamentos à base de Cannabis em casos de dor crônica não oncológica.

As diretrizes incluem não prescrever para gestantes e manter cautela com jovens e pessoas com histórico de transtornos mentais.

“O apelo da ACP para que os médicos estejam preparados para oferecer aconselhamento equilibrado, individualizado e baseado em evidências reforça o consenso de que a educação sobre Cannabis não é mais opcional”, escreveu o pesquisador.

A abordagem colaborativa reuniu especialistas de diversos campos e proporcionou uma perspectiva ampla e abrangente para a condução da pesquisa sobre os efeitos do CBD em condições neurológicas e psiquiátricas.

Educação sobre Cannabis também promove equidade

Além do aspecto científico, o autor destacou que o tema também envolve justiça social e equidade em saúde. Populações com menor acesso a atendimento médico tendem a recorrer à automedicação, o que aumenta riscos quando falta orientação adequada.

“Isso não é apenas uma reforma — é a retomada de nossa missão profissional.

Médicos são curadores, guiados por evidências e juramentos, não por definições legais desatualizadas. A demora na preparação dos médicos se traduz em danos evitáveis, estigma perpetuado e falta de confiança”, alertou.

Além disso, o artigo sugere que a educação sobre Cannabis deve ser obrigatória para profissionais da saúde, incluindo temas como farmacologia do CBD e do THC, fisiologia do sistema endocanabinoide, indicações clínicas e aspectos legais.

Entender esse sistema é parte da boa prática médica e um passo necessário para atender pacientes de forma segura e baseada em evidências.

O uso medicinal da Cannabis no Brasil

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autoriza que médicos devidamente habilitados por seu Conselho Regional prescrevam medicamentos à base de Cannabis para seus pacientes de forma legal. Os benefícios do uso de canabinoides são amplamente reconhecidos para de condições de saúde, como dor crônica, epilepsia, esclerose múltipla e efeitos colaterais de quimioterapia.

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