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Associação Brasil Huntington lança mapeamento inédito e reforça apoio à Cannabis medicinal

Associação Brasil Huntington lança mapeamento inédito e reforça apoio à Cannabis medicinal

A ABH - Associação Brasil Huntington é uma entidade pioneira no apoio a pacientes e familiares da Doença de Huntington (DH) no país. Em entrevista exclusiva, Gislaine Maria da Silva, integrante da diretoria da ABH, falou sobre o mapeamento inédito da condição e destacou a importância da Cannabis medicinal no manejo dos sintomas mais comuns.

Publicado em

3 de outubro de 2025

• Revisado por

Fala, escreve e pesquisa sobre Cannabis, saúde e bem-estar. Mestre em Comunicação e Cultura, com passagem pela Unesco, já produziu milhares de histórias e conversas que mostram como a Cannabis transforma vidas. Mãe de dois, acredita em um mundo onde conhecimento e consciência caminham junto da planta.

Você já ouviu falar na Doença de Huntington? Trata-se de uma condição genética rara, hereditária e neurodegenerativa, que combina sintomas motores, cognitivos e psiquiátricos, e que transforma radicalmente a vida de quem a enfrenta e de suas famílias. No último dia 30, em Brasília, a ABH – Associação Brasil Huntington lançou uma cartilha contendo o resumo do mapeamento sobre a realidade desses pacientes, cuidadores e familiares em risco, revelando dados alarmantes sobre saúde, renda e estigma social.

Muito mais do que números, o estudo abre espaço para novas políticas públicas e para o fortalecimento de terapias de suporte como, por exemplo, a Cannabis medicinal. Os produtos com as moléculas da Cannabis, como CBD e THC, já vêm sendo usados por diversos pacientes no Brasil e conta com o apoio da entidade como alternativa para oferecer qualidade de vida.

“A Cannabis impacta já nos sintomas iniciais que os familiares vão percebendo, como a irritabilidade, ansiedade, depressão e alterações de humor. Já há procura por parte dos familiares, e por isso criamos um grupo exclusivo de WhatsApp chamado Cannabis x DH, em 2019. Hoje são 79 membros compartilhando informações e experiências”, explica Gislaine Maria da Silva, integrante da diretoria da Associação Brasil Huntington.

“Os efeitos que percebemos em minha mãe com o uso dos óleos de Cannabis foram: mais foco e atenção nos exercícios de fisioterapia e fonoaudiologia e maior colaboração nas atividades da vida diária – inclusive verbalizando mais e melhor -, menos infecções urinárias e pulmonares, maior equilíbrio das taxas de glicose e sono reparador. Ainda que os movimentos involuntários continuem a ser um desafio, necessitando, creio, de prescrição mais assertiva, é evidente a melhora na saúde geral”, relatou.

“A Doença de Huntington é muito complexa em suas demandas. E sendo a Cannabis uma planta também complexa, mas no sentido de prover saúde há séculos, a ABH vê a terapia canabinoide como grande aliada no conjunto de terapias necessárias ao tratamento de pessoas com essa condição”.

A defesa da ABH tem respaldo nas experiências clínicas relatadas por profissionais de saúde nos cursos da Unifesp/MovReCam e em pesquisas científicas internacionais que vêm investigando a relação entre o sistema endocanabinoide e doenças neurodegenerativas. Desde o início dos anos 2000, estudos clínicos e pré-clínicos sugerem que os canabinoides podem exercer efeito neuroprotetor, modulando processos inflamatórios e oxidativos que estão associados à progressão da Doença de Huntington.

Uma revisão publicada recentemente destacou que compostos como o Canabidiol (CBD) podem atenuar sintomas motores e psiquiátricos em modelos experimentais da doença, além de melhorar parâmetros cognitivos em animais.

“Eu sempre reforço para os pacientes ou familiares que a Cannabis não é a cura da DH. O que buscamos com o tratamento é qualidade de vida: reduzir sintomas, diminuir as medicações ansiolíticas, antidepressivas, antipsicóticas, anticonvulsionantes etc. e, assim, melhorar a saúde geral. Muitos relatam melhora do sono, redução da irritabilidade e maior disposição para atividades cotidianas”, enfatiza.

Mapeamento inédito da Doença de Huntington no Brasil

No último dia 30, em Brasília, a ABH – Associação Brasil Huntington lançou uma cartilha resumindo a pesquisa que deu origem ao mapeamento e revelando dados inéditos sobre a realidade de pacientes, cuidadores e familiares em risco em todo o país.

Gladys Miranda, presidente da ABH, na apresentação do Fórum Retrato Nacional da DH.

Segundo Gislaine, que também é filha de uma paciente diagnosticada com a doença, esse mapeamento é um marco histórico para toda a comunidade Huntington.

“Foi a primeira vez que tivemos dados validados dentro de protocolos de pesquisa. Esse mapeamento é fundamental para reivindicar políticas públicas de saúde e benefícios sociais, porque até agora vivíamos apenas de dados dispersos e sem legitimidade”, explicou. Além disso, Gislaine observa que, no Brasil, a ausência de dados oficiais sempre foi um entrave para formulação de políticas específicas.

Enquanto novas terapias avançam no exterior, como ensaios clínicos com terapias gênicas, e pesquisas nacionais promissoras com células-tronco da polpa dentária, a Cannabis medicinal se consolida no Brasil como uma alternativa imediata de suporte. A ABH, ao assumir publicamente seu apoio à terapia, coloca a Doença de Huntington na pauta do debate sobre o futuro das políticas de saúde e reforça a necessidade de ampliar a formação médica sobre o uso da planta em doenças raras.

O que revela o mapeamento da ABH

A pesquisa mobilizou 1.437 participantes, entre pessoas com diagnóstico confirmado, familiares em risco e cuidadores. Trata-se do primeiro levantamento nacional sobre a doença realizado por uma entidade da sociedade civil no Brasil.

Entre os achados, destacam-se:

  • 82% dos pacientes já apresentam sintomas;
  • 37% apontam a coreia (movimentos involuntários) como principal sintoma, seguida por desequilíbrio (22%) e sintomas psicológicos (15%);
    Mais de 70% relatam dificuldades de memória, concentração e bem-estar emocional;
  • 50% das famílias gastam até R$ 1.500 por mês com custos relacionados à doença;
  • 2 em cada 3 desconhecem seus direitos previdenciários;
  • 57% dos pacientes relatam reações negativas ao diagnóstico, incluindo discriminação e medo;
  • 84% dos cuidadores são mulheres, com idade média de 48 anos, geralmente familiares que precisaram abandonar suas atividades profissionais

Entre esperança e desafios

A ABH agora articula para que a cartilha sirva de instrumento político. O material foi entregue a parlamentares e órgãos públicos em Brasília, acompanhado de uma lista de reivindicações que inclui a dispensação de medicamentos de alto custo no SUS, a criação de uma política nacional de cuidados para familiares que deixam o trabalho para se tornar cuidadores em tempo integral, e o reconhecimento da doença como condição incapacitante para fins previdenciários. “A família entra em colapso financeiro. Defendemos que os cuidadores recebam pelo menos um salário mínimo para garantir dignidade”, afirmou Gislaine.

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“A Cannabis foi o medicamento que mais se ajustou ao quadro dela, entre todos que ela já tomou”

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