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Doença de Huntington: sintomas, diagnóstico e opções de tratamento

Doença de Huntington: sintomas, diagnóstico e opções de tratamento

Saiba quais são as causas da doença de Huntington, os sintomas, como é feito o diagnostico e o tratamento com cannabis!

Publicado em

14 de outubro de 2025

• Revisado por

A Doença de Huntington é uma das condições neurológicas mais complexas e desafiadoras da medicina moderna. 

Apesar de ter origem genética bem definida e um curso clínico previsível, ainda não existe cura. 

O desafio no manejo da doença vai além dos sintomas motores: envolve também o impacto cognitivo, emocional e funcional que avança de forma progressiva ao longo dos anos.

O conhecimento sobre o transtorno vem crescendo com o avanço das pesquisas genéticas e neurobiológicas, trazendo novas perspectivas para o diagnóstico precoce e para estratégias terapêuticas mais eficazes. 

Portanto, entender como essa condição se manifesta, evolui e é tratada é essencial para garantir um cuidado mais direcionado e humano.

Continue a leitura e descubra as abordagens mais atuais para o diagnóstico e o tratamento da Doença de Huntington:

  • O que é a Doença de Huntington? 
  • Causas e fatores de risco da Doença de Huntington 
  • Qual a incidência da síndrome de Huntington no Brasil? 
  • Sintomas da Doença de Huntington 
  • Principais manifestações clínicas 
  • Diagnóstico da Doença de Huntington 
  • Cannabis medicinal no tratamento da Doença de Huntington 
  • Potenciais benefícios da Cannabis medicinal 
  • Evidências científicas atuais 
  • Qual médico procurar para tratamento de Huntington com Cannabis? 
  • Prognóstico para doença de Huntington

O que é a Doença de Huntington?

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A Doença de Huntington é uma condição neurodegenerativa hereditária do sistema nervoso central caracterizada por movimentos involuntários, alterações cognitivas e sintomas psiquiátricos progressivos. 

O quadro resulta da degeneração de neurônios em regiões específicas do cérebro, principalmente o corpo estriado e o córtex cerebral, responsáveis pelo controle motor e pelas funções cognitivas superiores.

A mutação ocorre no gene HTT, responsável pela produção da proteína huntingtina. 

Essa alteração leva a uma repetição anormal do trinucleotídeo CAG, o que provoca o acúmulo de uma forma tóxica da proteína e a morte neuronal progressiva. 

O resultado é uma perda gradual de coordenação motora, mudanças de comportamento, prejuízo cognitivo e declínio funcional contínuo.

A Doença de Huntington afeta homens e mulheres de forma semelhante e costuma se manifestar entre os 30 e 50 anos de idade. 

Há também a forma juvenil, quando os sintomas surgem antes dos 20 anos e a progressão tende a ser mais rápida. 

O início precoce geralmente está associado a um número maior de repetições do trinucleotídeo CAG.

Entre as manifestações iniciais, destacam-se irritabilidade, ansiedade, dificuldades de concentração e pequenos movimentos involuntários — muitas vezes confundidos com tiques nervosos. 

Com o avanço da doença, surgem movimentos coreicos amplos, rigidez, alterações de marcha e declínio das funções executivas e de linguagem.

Além do impacto no aspecto motor, a perda de autonomia e as alterações comportamentais afetam significativamente a vida familiar e social do paciente. 

Por isso, a abordagem clínica normalmente envolve equipes multidisciplinares, com neurologistas, psiquiatras, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais atuando de forma integrada.

Causas e fatores genéticos da Doença de Huntington

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A Doença de Huntington é causada por uma mutação no gene HTT, localizado no cromossomo 4. 

Esse gene contém uma sequência repetida do trinucleotídeo CAG, que normalmente aparece de 10 a 35 vezes. 

Em indivíduos afetados, o número de repetições ultrapassa 36 — quanto maior o número, mais precoce tende a ser o início da doença e mais grave a progressão.

Por se tratar de uma doença autossômica dominante, basta herdar uma cópia do gene alterado de um dos pais para desenvolver a condição. 

Assim, cada filho de um portador tem 50% de chance de herdar o gene da doença de Huntington.

Indivíduos que não herdam a mutação não desenvolvem a doença nem transmitem o gene aos descendentes. 

Já aqueles que possuem o gene mutado inevitavelmente expressarão a condição ao longo da vida, independentemente do sexo.

Qual a incidência da síndrome de Huntington no Brasil?

Dados da Associação Brasil Huntington (ABH) e do Ministério da Saúde estimam que entre 13 mil e 19 mil brasileiros sejam portadores do gene causador da Doença de Huntington, e cerca de 65 mil a 95 mil pessoas estejam em risco de desenvolvê-la.

Globalmente, a prevalência média é de 4 a 10 casos por 100 mil habitantes, com variações regionais significativas. 

Na América Latina, o Brasil apresenta uma das taxas mais altas da região, especialmente em comunidades isoladas, onde há histórico de casamentos entre parentes, o que aumenta a frequência da mutação genética.

O reconhecimento dessas áreas de maior incidência tem importância epidemiológica e clínica, facilitando o rastreamento genético, o diagnóstico precoce e o acesso a terapias de suporte para famílias afetadas.

Sintomas da Doença de Huntington

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A Doença de Huntington provoca um conjunto de alterações motoras, cognitivas e psiquiátricas progressivas, resultantes da degeneração de neurônios em áreas específicas do cérebro. 

A manifestação dos sintomas varia amplamente entre os pacientes, tanto na idade de início quanto na predominância dos sinais clínicos.

Nos estágios iniciais, os sintomas podem ser sutis, dificultando o diagnóstico precoce. 

Com a progressão da condição neurodegenerativa, surgem déficits motores evidentes, declínio cognitivo e distúrbios comportamentais importantes.

Principais manifestações clínicas

Os distúrbios de movimento são o marco clínico da síndrome de Huntington. Envolvem tanto movimentos involuntários quanto falhas no controle voluntário, impactando diretamente a independência funcional do paciente.

  • Movimentos involuntários rápidos e descoordenados (coreia);
  • Rigidez e contraturas musculares (distonia);
  • Lentidão ou irregularidade nos movimentos oculares;
  • Alterações de marcha, postura e equilíbrio;
  • Dificuldade na fala e na deglutição;

Com o avanço da doença, as falhas nos movimentos voluntários tendem a se tornar mais incapacitantes que os movimentos involuntários, interferindo na comunicação, na alimentação e nas atividades diárias.

O declínio cognitivo associado à doença de Huntington também costuma ser progressivo e impacta múltiplas funções executivas. Entre as manifestações mais comuns estão:

  • Dificuldade para organizar e priorizar tarefas;
  • Perseverança em comportamentos repetitivos;
  • Falta de controle de impulsos e atitudes impulsivas;
  • Redução da consciência sobre o próprio comportamento;
  • Lentidão no raciocínio, na fala e na tomada de decisões;
  • Dificuldade em reter ou aprender novas informações.

Diagnóstico da Doença de Huntington

O diagnóstico da Doença de Huntington exige uma avaliação neurológica detalhada e a exclusão de outras condições que cursam com sintomas semelhantes. 

O histórico familiar é de suma importância, já que se trata de uma doença hereditária autossômica dominante.

Durante a consulta, o neurologista avalia equilíbrio, coordenação, força, reflexos e movimentos oculares. 

Em paralelo, a avaliação cognitiva e psiquiátrica ajuda a mapear o grau de comprometimento funcional.

Para confirmar o diagnóstico, são utilizados os seguintes exames:

  • Teste genético molecular, que identifica a mutação no gene HTT e o número de repetições CAG;
  • Exames de imagem cerebral (ressonância magnética ou tomografia), úteis para detectar atrofia do corpo estriado e córtex cerebral;
  • Exames laboratoriais complementares, quando necessário, para descartar outras causas neurológicas ou metabólicas.

O teste genético é considerado o padrão-ouro, mas deve ser acompanhado por aconselhamento genético e suporte psicológico, especialmente em famílias com histórico da doença.

Tratamento da Doença de Huntington

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Atualmente, não existe cura para a Doença de Huntington, mas os avanços em genética e farmacologia vêm aprimorando o manejo clínico e a qualidade de vida dos pacientes. 

O tratamento é sintomático e multidisciplinar, envolvendo neurologistas, psiquiatras, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e nutricionistas.

Tratamentos convencionais (farmacológicos e suporte)

A escolha do regime terapêutico deve sempre considerar o equilíbrio entre benefício clínico e efeitos adversos, especialmente em pacientes idosos ou com sintomas psiquiátricos graves.

Os medicamentos são indicados conforme o perfil e o estágio da doença. Entre os fármacos mais utilizados estão:

  • Tetrabenazina e haloperidol – reduzem os movimentos coreicos e controlam sintomas psicóticos;
  • Amantadina – auxilia na modulação dos movimentos involuntários;
  • Antidepressivos (ISRS, como sertralina e fluoxetina) – tratam sintomas depressivos e ansiosos;
  • Estabilizadores de humor (como valproato e lítio) – úteis em quadros de mania e irritabilidade.

Além dos medicamentos, a reabilitação auxilia na melhora do paciente. As seguintes terapias de suporte são úteis para a doença de Huntington:

  • Fisioterapia: melhora equilíbrio e coordenação;
  • Fonoaudiologia: trabalha dificuldades de fala e deglutição;
  • Nutrição clínica: previne perda de peso e desnutrição;
  • Psicoterapia e grupos de apoio: ajudam no enfrentamento emocional da doença.

Abordagem multidisciplinar

O manejo da Doença de Huntington exige uma atuação coordenada entre especialidades. 

O objetivo é desacelerar o declínio funcional, reduzir complicações e preservar a independência do paciente pelo maior tempo possível.

A fisioterapia motora é uma das intervenções principais neste contexto, pois prioriza o equilíbrio, a força, o controle postural e a prevenção de quedas, mantendo a mobilidade ativa mesmo em estágios mais avançados da doença.

A fonoaudiologia atua na reabilitação da fala e da deglutição, reduzindo o risco de aspiração e otimizando a comunicação. 

Já a terapia ocupacional direciona o paciente a readaptar tarefas do cotidiano, ajustando o ambiente e os utensílios para manter a autonomia.

O acompanhamento psicológico e psiquiátrico é essencial, considerando a alta incidência de depressão, irritabilidade e apatia. 

Intervenções psicoterápicas estruturadas ajudam na regulação emocional e no enfrentamento da doença.

A terapia respiratória complementa a abordagem ao manter a função ventilatória e prevenir infecções. 

Cannabis medicinal no tratamento da Doença de Huntington

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O interesse pela Cannabis medicinal no manejo da Doença de Huntington cresce com a consolidação de dados científicos que demonstram sua influência em mecanismos essenciais à neuroproteção. 

As substâncias ativas da planta, especialmente o Canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC), interagem com o sistema endocanabinoide, um conjunto de receptores que regula o humor, coordenação motora, memória e resposta inflamatória.

Nas doenças neurodegenerativas, como a de Huntington, há desequilíbrio nesse sistema, com redução da atividade dos receptores CB1 e aumento da resposta microglial inflamatória. 

A modulação endocanabinoide corrige parte desse desajuste, favorecendo o ambiente neuronal e reduzindo a excitotoxicidade que leva à morte celular.

Além disso, os compostos da Cannabis estimulam a atividade mitocondrial, promovendo melhor uso de energia celular e menor produção de radicais livres — dois fatores diretamente envolvidos na degeneração neural. 

Essa ação amplia o potencial neuroprotetor e estabiliza processos metabólicos que influenciam tanto o controle motor quanto a função cognitiva.

Pesquisas apontam que os agonistas dos receptores CB2, presentes em formulações à base de Cannabis, ajudam a conter a ativação exagerada das células da micróglia, o que preserva os neurônios e diminui a neuroinflamação. 

Estudos experimentais também indicam melhora em sintomas motores e lentificação da progressão degenerativa.

Por esses mecanismos, a Cannabis medicinal se torna uma ferramenta terapêutica promissora para o manejo da Doença de Huntington, ampliando as possibilidades de cuidado para pacientes e profissionais.

Potenciais benefícios da Cannabis medicinal

A Cannabis medicinal apresenta mecanismos diversos que permitem muito mais que o controle de sintomas superficiais na Doença de Huntington. 

A interação de seus compostos com o sistema endocanabinoide influencia diretamente processos fundamentais da neuroproteção e da homeostase neuronal.

O CBD, por exemplo, atua modulando a atividade mitocondrial, melhorando a produção de energia e reduzindo o estresse oxidativo, elementos centrais na preservação das funções cognitivas e motoras. 

O THC, por sua vez, regula a excitotoxicidade glutamatérgica e a sinalização dos receptores CB1 e CB2, equilibrando a atividade neuronal e limitando a degeneração progressiva.

Além disso, os canabinoides têm efeito regulador sobre respostas inflamatórias locais, modulando a ativação microglial e contribuindo para a manutenção da integridade sináptica. Essas ações combinadas podem resultar em:

  • Redução de movimentos involuntários e melhora da coordenação motora;
  • Estabilização de alterações cognitivas, como atenção e memória;
  • Diminuição de distúrbios comportamentais, incluindo irritabilidade e ansiedade;
  • Suporte à saúde metabólica e energética dos neurônios.

Esses efeitos tornam a Cannabis medicinal um recurso complementar relevante dentro da abordagem multidisciplinar da Doença de Huntington.

Evidências científicas atuais

Estudos recentes em modelos pré-clínicos e revisões sistemáticas reforçam a relevância dos canabinoides no contexto da Doença de Huntington. 

Um estudo publicado em 2011 demonstrou que formulações combinadas de THC e CBD reduziram marcadores de neurodegeneração e melhoraram o desempenho motor em ratos com Huntington. 

Além disso, evidências indicam que a estimulação seletiva de CB2 regula a inflamação cerebral, preservando redes sinápticas e facilitando a comunicação neuronal eficiente.

Outras revisões recentes destacam que o efeito neuroprotetor da Cannabis medicinal se deve à combinação de:

  • Modulação antioxidante e redução de radicais livres;
  • Estabilização da excitotoxicidade glutamatérgica;
  • Regulação do metabolismo energético via mitocôndrias;
  • Equilíbrio da atividade microglial e manutenção da integridade sináptica.

Qual médico procurar para tratamento de Huntington com Cannabis?

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O tratamento da Doença de Huntington com Cannabis medicinal deve ser conduzido por profissionais que conheçam tanto a condição neurodegenerativa quanto a farmacologia dos canabinoides.

Especialistas indicados incluem:

  • Neurologistas com experiência em doenças neurodegenerativas e prescrição de canabinoides;
  • Psiquiatras que acompanham pacientes com sintomas comportamentais ou psiquiátricos associados à Huntington;
  • Médicos registrados e autorizados, que avaliam dosagem, formulação e protocolo terapêutico individualizado.

No contexto clínico, é preciso que o paciente seja acompanhado de forma contínua, com ajustes de tratamento baseados na evolução dos sintomas e na resposta individual. 

Plataformas médicas especializadas e redes de médicos prescritores de Cannabis oferecem ferramentas para agendamento e consulta a distância, facilitando o acesso a esses profissionais.

Prognóstico para Doença de Huntington

A Doença de Huntington é uma condição neurodegenerativa progressiva, sem cura atualmente, com evolução que leva a comprometimento motor, cognitivo e comportamental crescente ao longo do tempo. 

A expectativa funcional do paciente diminui gradualmente, exigindo intervenções contínuas para manutenção da qualidade de vida.

Embora a Doença de Huntington evolua de forma previsível em termos de declínio funcional, a intensidade e a combinação de sintomas variam individualmente. 

O acompanhamento precoce permite intervenção direcionada, retardando complicações e preservando autonomia pelo maior tempo possível.

Conclusão

A Doença de Huntington exige atenção clínica contínua e estratégias integradas para controlar sintomas e preservar a qualidade de vida. 

Dentro desse contexto, a Cannabis medicinal surge como um recurso complementar promissor, apoiando abordagens farmacológicas e multidisciplinares.

Para aprofundar o conhecimento sobre o uso de Cannabis em condições neurodegenerativas, acesse os artigos do portal Cannabis & Saúde e descubra conteúdos que conectam ciência, prática médica e inovação terapêutica.

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