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Interações medicamentosas que você deveria conhecer

Interações medicamentosas que você deveria conhecer

Para que o profissional médico ou dentista seja prescritor de canabinoides basta que esteja regularmente inscrito em seu conselho de classe e com o aumento importante do número de pacientes utilizando dessas medicações é essencial que quem se interesse no assunto saiba sobre as interações medicamentosas potenciais do uso da planta.

Publicado em

11 de dezembro de 2023

• Revisado por

Graduado em medicina pela Univille em 2017, membro da Sociedade Brasileira de Estudos Canabinoides. 5 anos exercendo medicina da família, urgência e emergência. Médico realiza atendimento ao público adulto à partir de 18 anos.

Soa repetitivo. E é. Porém, sinto-me na obrigação de reforçar pontos interessantes, antes de me aprofundar em certos assuntos. Vamos lá: Cannabis é diferente de Canabidiol (CBD), que é diferente de Delta-9-tetrahidrocanabinol (∆-9-THC), que também difere de canabinoides sintéticos. E isso é importante, para que você possa entender que alguns canabinoides interagem de maneira diferente entre si e com outras medicações.

Na última sexta-feira, metade dos meus pacientes apresentaram algum tipo de interação medicamentosa possível e isso me empurrou para escrever esse texto com certa urgência.

Cannabis e interações medicamentosas

Antes de ir diretamente às principais alterações e condutas possíveis, devo citar que a melhor fonte que encontrei para consulta é a que seguirá ao fim dessa coluna, um compilado elaborado pela Penn State University.

Então, quem já buscou se informar no assunto deve ter percebido a interação entre CBD, clobazan, ácido valpróico, valproato de sódio e topiramato. Nesse sentido, a orientação é monitorar enzimas hepáticas de tais pacientes, além de aventar a possibilidade de retirada de um fármaco, para manter outro, evitando, assim, a sobrecarga da função do fígado (hepática).

Como já existem abundantes fontes online para aprender sobre as interações acima, vou focar aqui nas que acredito serem as mais comuns e despercebidas por colegas e pacientes.

Anticoncepcional e Cannabis

O anticoncepcional é, por vezes, uma medicação esquecida de ser citada na consulta, mas dois dos principais compostos de um dos anticoncepcionais mais usados na prática médica são o Etinilestradiol e o Estradiol. De fato, eles podem ter sua eficácia alterada pelo CBD e pelo THC, através das vias UGT1A9, UGT2B7 e CYP3A4, sugerindo-se, assim, a troca deste por outro método contraceptivo.

Levotiroxina e Cannabis

Outra medicação comumente usada e dificilmente lembrada quando se trata de prever interações medicamentosas é a levotiroxina, hormônio sintético da tireoide, usado para casos de hipotireoidismo. Segundo estudos realizados com Nabiximol/Sativex (CBD equilibrado com THC), existe uma chance de aumento ou diminuição da concentração do hormônio tireiodeano, quando combinado com canabinoides. Aqui, a conduta sugerida por mim é a de dosar TSH de 3 em 3 meses, nesse caso. Para entender melhor a questão, essa interação ocorre pela atividade da enzima CYP3A4.

Apesar de importantes pela incidência das condições que as medicações acima citadas tratam, a que segue para mim é a mais importante: trata-se da interação entre anticoagulantes e antiagregantes plaquetários como Rivaroxabana, Varfarina e Ticagrelor (CYP3A, CYP2C9, CYP2C19, CYP1A2, CYP3A4).

Essa classe de medicamento é usada como prevenção secundária de eventos cardiovasculares, como AVC e infarto, além de prevenção primária de eventos cardiovasculares, em pacientes com arritmias importantes, como a fibrilação atrial. A consequência do desconhecimento de tal informação é potencialmente fatal. Sugiro contrarreferência com o colega que inicialmente prescreveu tal droga, se tiver interesse em iniciar a prescrição de derivados de Cannabis.

Necessidade de diálogo entre especialidades médicas

Em um terreno onde tudo ainda é mato, apesar dos esforços dos pioneiros, torna-se evidente a necessidade de diálogo entre as especialidades médicas, a fim de se traçarem guidelines, que orientem o uso de canabinoides e outras medicações. Entretanto, infelizmente, ainda vejo essa possibilidade distante, já que o desconhecimento de colegas chega ao ponto de preferirem prescrever benzodiazepínicos em dose alta, ao invés de CBD em dose baixa.

Referências:

https://cann-dir.psu.edu

https://bpb-us-e1.wpmucdn.com/sites.psu.edu/dist/d/117691/files/2020/06/Cannabinoid-as-PRECIPITANT-Medication-Affecting-the-Metabolism-of-ANOTHER-OBJECT-Medication_04_25.pdf

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