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“CBD soma-se ao arsenal de tratamentos para levar melhor controle e qualidade de vida”, afirma neurologista da Liga Brasileira de Epilepsia 

“CBD soma-se ao arsenal de tratamentos para levar melhor controle e qualidade de vida”, afirma neurologista da Liga Brasileira de Epilepsia 

A epilepsia, distúrbio neurológico caracterizado pela predisposição cerebral a crises recorrentes, impõe barreiras sanitárias e identitárias a pacientes no Brasil. Conversamos com o neurologista membro da Liga Brasileira de Epilepsia sobre os desafios de quem tem a condição e como a Cannabis, principalmente o CBD, pode ser uma peça perfeita no tratamento da epilepsia.

Publicado em

14 de agosto de 2025

• Revisado por

Fala, escreve e pesquisa sobre Cannabis, saúde e bem-estar. Mestre em Comunicação e Cultura, com passagem pela Unesco, já produziu milhares de histórias e conversas que mostram como a Cannabis transforma vidas. Mãe de dois, acredita em um mundo onde conhecimento e consciência caminham junto da planta.

No mundo a epilepsia afeta cerca de 50 milhões de pessoas. No Brasil, estima- se que essa cifra esteja entre 1% a 2% da população. Mas as dificuldades de quem tem epilepsia começam antes mesmo dos tratamentos. A complexidade tem seu start no diagnóstico – que pode envolver ressonância magnética, eletroencefalograma e, por vezes, testes genéticos. 

“No Brasil existem poucos centros dedicados ao tratamento da Epilepsia, o que é um grande problema, pois trata-se de uma doença frequente, afeta aproximadamente 1% da população. Sabemos que aproximadamente 1/3 das pessoas com epilepsia não controlam com os medicamentos atuais. Logo, é de extrema importância o desenvolvimento e termos acesso no Brasil a novos tratamentos para nossos pacientes e famílias que sofrem com as crises não controladas e os seus impactos em suas vidas”, pontua o médico neurologista Dr. Lecio Figueira Pinto, neurologista e membro da Liga Brasileira de Epilepsia.

Nesta linha de evidência, a entrevista com o Dr. Lecio segue o próposito de ouvir as entidades médicas sobre a Cannabis. Comprovar com relatos de pacientes. Derrubar mitos sobre a Cannabis. Informar. Conscientizar. Mostrar a importância do sistema endocanabinoide e das moléculas da Cannabis em tratamentos para a saúde. 

Entender como, a partir da visão das entidades médicas como a Liga Brasileira de Epilepsia, a Cannabis surge como um tema palpável no manejo da epilepsia refratária. Não é para menos, estudos recentes sinalizam que o CBD pode reduzir a frequência e a intensidade das crises, especialmente em síndromes graves como Dravet, Lennox-Gastaut e Esclerose Tuberosa, com benefícios adicionais em sono e comportamento. 

Estudos clínicos com adequada metodologia mostraram que o CBD é eficaz em reduzir significativamente a frequência e a intensidade das crises em algumas síndromes epilépticas, como Dravet, Lennox-Gastaut e Esclerose Tuberosa. Além do controle de crises tem se observado melhora na qualidade de vida e o bem-estar dos pacientes. Estudos mostram que o tratamento com CBD tem um perfil de segurança favorável”, pontua o neurologista.

Encontrar consensos profissionais, apoiados por revisões sistemáticas e metas-análises, ajudam a construir diretrizes de uso responsável e ao correlacionar essa evidência com relatos de pacientes — muitas vezes descritos por cuidadores — observa-se melhoria na qualidade de vida, redução de crises e maior autonomia, ainda que haja variabilidade individual e a necessidade de acompanhamento médico rigoroso para ajustar posologia e detectar efeitos adversos. 

Segundo o Dr. Lecio, na LBE a avaliação é cautelosamente favorável: a entidade reconhece o papel promissor do CBD nas epilepsias intratáveis, ainda que evidências científicas robustas devam ser ampliadas.

Contextualização científica do uso da Cannabis na epilepsia

Estudos brasileiros de longa data corroboram o potencial do canabidiol (CBD), substância presente na Cannabis, no controlo de crises refratárias. Na década de 1980, o médico brasileiro Dr. Carlini e colaboradores conduziram um ensaio duplo-cego com quinze pacientes com epilepsia generalizada resistente: 50 % ficaram livres de crises por quatro meses e meio, e outros 37,5 % apresentaram melhora parcial. Mais recentemente, uma revisão sistemática e meta-análise sinalizou que a dose de 20 mg/kg/dia superou em eficácia a de 10 mg/kg/dia, ainda que ambas tenham resultados positivos

https://www.cannabisesaude.com.br/estudo-brasileiro-cbd-epilepsia-refrataria/

Veja entrevista com Dr. Lecio Figueira Pinto, neurologista e membro da Liga Brasileira de Epilepsia

Quais são os principais desafios enfrentados hoje pelos pacientes com epilepsia no Brasil, especialmente em relação ao diagnóstico e tratamento?

“Epilepsia ainda é uma doença que ainda tem muito estigma, existem muitos pensamentos incorretos acerca da doença e do tratamento. Existe ideia de que Epilepsia é uma doença que só acontece em crianças, está associada a deficiência intelectual, doença mental, pode ser transmissível, torna a pessoa incapaz… e não param por aí os conceitos incorretos.

Epilepsia é uma doença cerebral em que existe ocorrência de crises epilépticas e uma predisposição para que possam acontecer de novo, portanto necessita tratamento para evitar novas crises. Pode ocorrer em qualquer idade, sexo, classe social, lugar do mundo. Existem várias causas, tipos de crises. E justamente por ter várias apresentações clínicas, causas, tratamentos, é que as pessoas com Epilepsia sofrem em relação ao diagnóstico e tratamento.

Em todo o mundo é observado uma dificuldade em reconhecer que a pessoa está apresentando crises, tanto por parte da pessoa, família quanto do sistema de saúde. Isso leva a uma demora de meses, por vezes anos, para que tenha um diagnóstico, e estima-se que grande parte das pessoas nem receba o diagnóstico. A investigação é mais complexa do que em outras doenças, necessitando exames específicos como ressonância, eletroencefalograma, por vezes testes genéticos. Soma-se que o tratamento tem que ser individualizado para a pessoa, dependendo da causa, tipo de epilepsia. Em geral são necessários profissionais com formação específica, em neurologia, e frequentemente com maior especialização na área. Mas a quantidade de profissionais não é suficiente, principalmente no SUS.

No Brasil existem poucos centros dedicados ao tratamento da Epilepsia, o que é um grande problema, pois trata-se de uma doença frequente, afeta aproximadamente 1% da população”.

Como a Liga avalia a importância do acesso a terapias inovadoras, como o CBD, no manejo de casos refratários?

O CBD soma-se ao arsenal de tratamentos que são necessários para levar a melhor controle e qualidade de vida para as pessoas com epilepsia e suas famílias. Trata-se de um tratamento que tem uma forma de ação diferente dos tratamentos previamente disponíveis e que os estudos clínicos mostraram ser capaz de ajudar no controle das crises em pacientes que não tinham obtido controle com outros medicamentos.

Sabemos que aproximadamente 1/3 das pessoas com epilepsia não controlam com os medicamentos atuais. Logo, é de extrema importância o desenvolvimento e termos acesso no Brasil a novos tratamentos para nossos pacientes e famílias que sofrem com as crises não controladas e os seus impactos em suas vidas”.

Qual trabalho vocês desenvolvem atualmente?

“A LBE desenvolve atividades de educação médica e promoção do conhecimento para que médicos e outros profissionais interessados e que atuam na área da Epilepsia possam prestar melhor cuidado. Cursos, palestras, congressos, Lives, Webinars são realizados com frequência e os interessados estão convidados a seguir a LBE nas suas redes sociais, visitar sua página na Internet, associarem e passarem a frequentar as atividades educacionais.

Também são feitas ações na mídia e campanhas em conjunto com associação dos pacientes, Associação Brasileira de Epilepsia, para maior conscientização da sociedade sobre a doença, como prestar primeiros socorros, etc. Uma dessas atividades é o Purple Day, que acontece em 26 de março.

Outro foco é a participação junto ao governo e instituições para ajudar no desenvolvimento de políticas públicas para melhorar o suporte e atendimento das pessoas com Epilepsia”.

Como observam as crescentes pesquisas sobre Cannabis e epilepsia?

“As pesquisas clínicas são de extrema importância para mostrar em todos os tratamentos médicos qual é sua eficácia, riscos, em que pacientes existe indicação mais adequada. Isso é fundamental para guiar as decisões médicas nos tratamentos.

Entendemos que mais pesquisas são importantes para esclarecer muitos aspectos sobre o papel de outras substâncias presentes na Cannabis que não o CBD. Atualmente existem evidências apenas para uso do CBD isolado no tratamento das Epilepsias, e ainda restritas a alguns grupos de pacientes. Mais estudos com CBD ainda são necessários em outros tipos de Epilepsia, além da avaliação do benefício e segurança de outras substâncias presentes na Cannabis no tratamento das Epilepsias”.

Como iniciar um tratamento complementar com Cannabis para epilepsia ou outras condições de saúde

Além da epilepsia refratária, diversas condições de saúde podem se beneficiar dos tratamentos com medicamentos à base de CBD ou de outros compostos da Cannabis. Se você ou alguém próximo quer ou precisa avaliar essa possibilidade, é fundamental ter o acompanhamento de um profissional de saúde.

Além de ser uma regra da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para adquirir os medicamentos, um médico pode orientar a forma mais segura e eficaz para proporcionar benefícios e reduzir os possíveis efeitos colaterais.

Acessando a nossa plataforma de agendamento, você pode marcar uma consulta presencial ou por telemedicina com médicos experientes nesse tipo de prescrição. São mais de 300 profissionais de diferentes especialidades, todos preparados para avaliar o seu caso e, se necessário, recomendar um medicamento com canabinoides.

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Fala, escreve e pesquisa sobre Cannabis, saúde e bem-estar. Mestre em Comunicação e Cultura, com passagem pela Unesco, já produziu milhares de histórias e conversas que mostram como a Cannabis transforma vidas. Mãe de dois, acredita em um mundo onde conhecimento e consciência caminham junto da planta.

O Cannabis& Saúde é um portal de jornalismo, que fornece conteúdos sobre Cannabis para uso medicinal, e, preza pelo cumprimento legal de todas as suas obrigações, em especial a previsão Constitucional Federal de 1988, dos seguintes artigos. Artigo 220, que estabelece que a liberdade de expressão, criação, informação e manifestação do pensamento não pode ser restringida, desde que respeitados os demais dispositivos da Constituição.
Os artigos seguintes, até o 224, tratam de temas como a liberdade de imprensa, a censura, a propriedade de empresas jornalísticas e a livre concorrência.

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