Quantas horas você dorme por noite? Você sente que acorda revigorado ou que precisaria dormir mais? Sabe qual foi a última noite em que dormiu sem despertador? E mesmo sabendo que dormir bem deve ser encarado como um comportamento essencial, equiparado a uma alimentação saudável e à prática regular de exercícios, enfrentamos como sociedade, diversos problemas relacionados a esta prática.
Fique alerta: as consequências da privação de sono são extensas e incluem desde problemas de saúde mental até doenças crônicas, como diabetes e condições cardiovasculares, segundo informa o próprio Ministério da Saúde do Brasil.
Para o médico Dr. Edilson Zancanella, é necessário não apenas conscientização da população, mas educação por parte de profissionais. “Mostrar cada vez mais a importância do sono é nossa prioridade”, salienta.
Março é o mês do sono: durma bem para sua saúde
Mas se você não está satisfeito com sua qualidade do sono, não se sinta sozinho. Os problemas de sono afetam uma parcela significativa da população, sendo que cerca de 35,1% dos brasileiros reportam dificuldades relacionadas ao sono.
Além disso, ainda no nosso país, o uso de medicamentos para dormir tem mostrado um crescimento significativo. De acordo com dados recentes, mais de 11 milhões de brasileiros estão utilizando esses medicamentos, o que representa aproximadamente 7,6% da população.
Associação Brasileira do Sono agora é Academia Brasileira do Sono
Neste contexto, a Associação Brasileira do Sono passa agora a se chamar Academia Brasileira do Sono (ABS). O sono no Brasil vive uma nova fase, e com ela, a instituição fundada em 1985 e reconhecida mundialmente também evoluiu. A mudança reflete o compromisso da Academia Brasileira do Sono, que engloba a Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS) e a Associação Brasileira de Odontologia do Sono (ABROS) com a ciência, a educação continuada e a excelência na atuação profissional de todos aqueles que estudam e cuidam do sono.
“Sono é uma área muito abrangente. A fisiologia dos mecanismos associados ao dormir vem ganhando cada vez mais elucidações”, pontua Dr. Zancanella, que é atualmente o coordenador do conselho de administração da Academia Brasileira do Sono.
Portanto, o mês do sono coloca em evidência a importância do sono para nossa saúde física, mental e emocional. Dormir bem deve ser encarado como um comportamento essencial, equiparado a uma alimentação saudável e à prática regular de exercícios. As consequências da privação de sono são extensas e incluem desde problemas de saúde mental até doenças crônicas, como diabetes e condições cardiovasculares.
Como a Cannabis pode colaborar com a qualidade do sono?
Na busca por alternativas e novas terapias para a busca na qualidade do sono, moléculas da Cannabis têm mostrado potencial significativo em melhorar a qualidade do sono, especialmente para aqueles que sofrem de insônia e outros distúrbios relacionados ao sono.
Do ponto de vista científico, membros da Academia Brasileira do Sono avaliam que mais estudos são necessários para avaliar o potencial dos derivados da Cannabis, seja o Canabidiol, as composições de CBD com THC, com o intuito de explorar melhor as indicações, contraindicações e perfil de segurança das substâncias. Nesta mesma linha, Dr. Zancanella pontua que sobre os distúrbios do sono há muito ainda por se descobrir.
Porém, em 2014, um estudo brasileiro analisou o uso do Canabidiol (CBD) para o tratamento do transtorno do comportamento do sono REM em pacientes com doença de Parkinson, destacando que o CBD promoveu uma redução significativa na frequência dos eventos relacionados ao REM sem causar efeitos colaterais.
“Foi nosso primeiro trabalho e foi uma série de casos de pacientes com uma doença do sono que se chama transtorno comportamental de sono REM. Eram quatro casos que utilizaram CBD. Desses quatro casos, dois tiveram uma melhora de 50% e dois uma melhora completa”, explica Dr. Alan Eckeli, neurologista do sono, professor de medicina do sono da USP de Ribeirão Preto e membro da Academia Brasileira do Sono.
Por fim, a pesquisa sugeriu mostrou que os pacientes relataram uma redução rápida e substancial na frequência dos eventos relacionados ao RBD. Ou seja, o estudo sugeriu que sim: que o CBD pode ser uma intervenção eficaz e segura para o manejo do RBD. Porém, o médico observa que após esta pesquisa, novos estudos foram realizados e o mesmo efeito não se confirmou.
Cannabis para insônia
Já um estudo realizado em 2022 investigou a eficácia e tolerabilidade do óleo de Cannabis contendo uma combinação de THC e CBD no tratamento da insônia em adultos. A insônia é um problema de sono comum que afeta entre 10% e 30% dos adultos e pode impactar significativamente a funcionalidade diária.
A pesquisa demonstrou que o uso do produto à base de Cannabis por duas semanas resultou em aumentos significativos nos níveis de melatonina, na qualidade do sono e na satisfação geral em comparação com o placebo.
E os participantes relataram uma melhora notável em seus sintomas de insônia e em sua qualidade de vida. Além disso, houve uma boa tolerabilidade do tratamento, com a maioria das pessoas solicitando a continuidade da terapia.
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Cannabis como uma aliada para dormir bem
A Cannabis tem sido procurada por pessoas que desejam evitar os efeitos colaterais de medicamentos alopáticos para dormir. Já que tratamentos convencionais podem ter efeitos sedativos e afetar a função cognitiva. É neste cenário que os medicamentos à base de Cannabis surgem como alternativa segura e eficaz no tratamento de ansiedade e insônia.
O CBD pode atuar no corpo por meio do sistema endocanabinoide, que regula funções como o sono, o apetite e o humor
Pesquisas contemporâneas sugerem que o CBD pode ser eficaz no tratamento da insônia, pois ele pode ajudar a reduzir a ansiedade, a dor e a inflamação, que são fatores comuns que contribuem para a insônia. Além disso, o CBD pode ajudar a regular o ritmo circadiano, que é o relógio interno do corpo que regula o sono e a vigília.
Porém, não é de hoje que a Cannabis é utilizada para melhorar a qualidade do sono. Desde o século XIX, o neurologista britânico sir J. Russell Reynolds já receitava a planta para tratar insônia. Ele inclusive escreveu, em 1890, um artigo na revista Lancet — um dos periódicos científicos mais antigos e prestigiosos do mundo — relatando como o uso de extratos da planta eram efetivos no combate à insônia, especialmente à “insônia senil”.
Veja nossa live sobre Cannabis e insônia com o médico Dr. Roberto Miquelino de Oliveira Beck.
Para saber se a Cannabis pode ser uma opção no tratamento da insônia, ou pode te ajudar a dormir bem, é imprescindível o acompanhamento de um médico especializado.
