A neuropatia periférica induzida por quimioterapia é um dos efeitos colaterais mais comuns e difíceis de tratar em pacientes com câncer. Ela causa sintomas como dormência, queimação, sensibilidade ao frio e formigamento, principalmente nas mãos e pés. Esses desconfortos podem ser tão intensos que atrapalham tarefas simples do dia a dia e, em alguns casos, levam à interrupção do tratamento.
Nos últimos anos, cresce o interesse científico sobre o uso de canabinoides, especialmente o canabidiol (CBD), no alívio da neuropatia periférica. Um estudo publicado na revista Biomedicines trouxe evidências importantes sobre esse tema.
Um efeito colateral comum
Esse tipo de neuropatia acontece porque alguns medicamentos usados no tratamento oncológico podem danificar os nervos periféricos. Esses nervos levam informações do cérebro e da medula espinhal para o restante do corpo. Quando ficam comprometidos, surgem os sintomas que afetam principalmente as mãos e os pés.

Acompanhando pacientes oncológicos
Pesquisadores analisaram os dados de 751 pacientes com câncer que utilizavam medicamentos à base de Cannabis com prescrição médica. Todos apresentavam neuropatia periférica relacionada à quimioterapia e foram acompanhados por seis meses de uso contínuo de produtos com canabinoides.
Os pacientes foram divididos em dois grupos:
- Um recebeu formulações com maior concentração de ∆9-tetrahidrocanabinol (THC)
- O outro recebeu medicamentos ricos em CBD
Redução dos sintomas e mais qualidade de vida
Os resultados mostraram benefícios importantes, que variavam conforme a formulação utilizada:
- Redução dos sintomas: alívio da queimação, da sensibilidade ao frio, da dormência e do formigamento.
- Melhora na qualidade de vida: 78% disseram sentir melhora significativa após o início do tratamento.
- Mais autonomia no dia a dia: 38% relataram que atividades cotidianas, antes prejudicadas, se tornaram mais fáceis.
- Importância do THC: as maiores melhorias apareceram em pacientes que usaram doses mais altas de THC. No entanto, a combinação de CBD e THC mostrou potencial para um alívio maior.
CBD e THC: trabalhando juntos
De acordo com os autores do estudo, os canabinoides atuam no sistema endocanabinoide, uma rede de receptores presentes no cérebro e em outras partes do corpo. Esse sistema ajuda a regular a dor, inflamação e diversas funções fisiológicas.
- O THC tem efeitos analgésicos e anti-inflamatórios
- O CBD contribui para reduzir a inflamação e potencializar os efeitos terapêuticos do THC
Essa interação explica por que os produtos à base de Cannabis podem diminuir a intensidade da dor e melhorar a qualidade de vida de pacientes em tratamento oncológico.

Outros benefícios dos medicamentos à base de Cannabis no tratamento do câncer
Além do alívio da neuropatia periférica, estudos têm mostrado que o canabidiol e outros compostos da Cannabis podem ajudar em sintomas relacionados ao tratamento do câncer, como:
- Náuseas e vômitos
- Falta de apetite e perda de peso
- Dor crônica
- Distúrbios do sono e ansiedade
Pesquisadores de diferentes países, inclusive o Brasil, investigam esses efeitos. As evidências acumuladas sugerem que os canabinoides são alternativas valiosas para promover bem-estar e melhorar a adesão ao tratamento.
Para João Regis Carneiro, médico e pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a segurança e a eficácia dos compostos da Cannabis já estão bem documentadas em vários contextos.
“A gente já tem várias evidências de que a Cannabis é segura para ansiedade, para controle de dor, para aumento de apetite. A Cannabis, para mim, é uma ferramenta muito interessante que, se bem utilizada, pode agir de maneira muito efetiva nesses sintomas”, afirma.
Como iniciar um tratamento com medicamentos à base de Cannabis
Os resultados do estudo sobre neuropatia periférica e canabidiol são promissores e mostram como os produtos com esses compostos podem ser aliados para quem enfrenta os efeitos colaterais da quimioterapia. Porém, é essencial reforçar que o uso de medicamentos com canabinoides exige prescrição médica.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permite a importação e o uso de medicamentos à base de Cannabis, mas sempre com acompanhamento médico. A decisão sobre o tratamento deve ser individualizada, respeitando as necessidades de cada paciente e considerando os riscos e benefícios.
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