O autismo é uma condição que afeta a forma como uma pessoa se comunica socialmente durante a sua vida. Sua classificação pode ser feita em graus – o que é chamado tecnicamente de “níveis de autismo”.
Entre os sinais mais comuns estão os movimentos repetitivos, padrões de comportamento rígidos e a tendência de manter o foco em uma atividade ou interesse de forma intensa.
Existem intervenções voltadas para todos os níveis de autismo, e quanto mais cedo o diagnóstico acontece, maiores são as chances de a pessoa desenvolver autonomia.
Portanto, abaixo, você vai entender melhor os níveis de autismo, como é feito o tratamento em cada caso e quais são as estratégias mais modernas que vêm sendo aplicadas.
Prossiga lendo:
- O que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA)?
- O que são graus ou níveis de autismo?
- Entenda os tipos de autismo
- Quais são os principais sintomas nos níveis de autismo?
- Tratamentos para o autismo
- Cannabis medicinal no tratamento do autismo
O que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA)?

O autismo, chamado tecnicamente de Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma condição de origem neurológica que acompanha o indivíduo desde o nascimento.
Não se trata de uma doença, mas de uma diferença no desenvolvimento, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como um transtorno do neurodesenvolvimento.
Os primeiros sinais de diferentes níveis de autismo costumam aparecer cedo, geralmente entre 18 meses e três anos de idade, fase em que os diagnósticos são mais frequentes.
Entre as características mais marcantes estão as dificuldades na fala, na comunicação verbal e não verbal e na expressão de emoções.
Dependendo dos níveis de autismo, podem surgir ainda comportamentos como hiperfoco — quando a criança ou adulto dedica atenção intensa a um objeto, interesse ou atividade — e repetição de ações ou falas.
Isso mostra como os sintomas variam, já que algumas pessoas precisam de apoio mínimo, enquanto outras necessitam de acompanhamento constante.
O autismo não tem cura e acompanha o indivíduo por toda a vida. Mas existem tratamentos que ajudam a aumentar a autonomia, a melhorar a socialização e a ampliar o bem-estar.
Muitos envolvem terapias de intervenção comportamental, acompanhamento fonoaudiológico, psicológico, além de medicamentos que podem ser usados de forma contínua, de acordo com os diferentes níveis de autismo.
Mudança no CID-11
O CID é a Classificação Internacional de Doenças, usada como referência para diagnósticos no mundo todo.
A versão mais recente, o CID-11, entrou em vigor em 2022 e trouxe mudanças importantes na forma de categorizar condições de saúde mental e do desenvolvimento.
Com a atualização, todas as condições que antes eram descritas separadamente, como síndrome de Asperger e transtorno desintegrativo da infância, foram unificadas sob o diagnóstico único de TEA.
Isso significa que, independentemente dos sintomas apresentados, o que muda é apenas o grau de suporte necessário, descrito pelos diferentes níveis de autismo.
Essa mudança foi feita para tornar o diagnóstico mais claro e reduzir confusões na análise clínica.
Assim, em vez de dividir em várias condições, a OMS padronizou a nomenclatura, reconhecendo que todas fazem parte do espectro do autismo, apenas com manifestações distintas em intensidade e impacto na vida diária.
O que são graus ou níveis de autismo?

Os níveis de autismo são uma forma de classificar a intensidade dos sintomas dentro do espectro e a quantidade de apoio que cada pessoa pode precisar no dia a dia.
Essa divisão ajuda a compreender melhor como o transtorno se manifesta em cada indivíduo e também a planejar as intervenções mais adequadas.
Em geral, são três níveis, que vão do mais leve ao mais grave, e que indicam desde pequenas dificuldades de socialização até quadros de grande dependência.
Nível 1 – Leve
O nível 1 é considerado o mais leve dentro dos níveis de autismo.
Pessoas nesse estágio conseguem levar uma vida autônoma, manter relações sociais e se comunicar, ainda que apresentem algumas barreiras.
A interação com familiares e amigos acontece, mas pode ser menos espontânea ou mais contida.
É comum que apresentem desconforto em situações de exposição, como falar em público, ou dificuldade de lidar com mudanças inesperadas na rotina.
Também podem surgir comportamentos repetitivos e hábitos rígidos, que funcionam como uma forma de organizar o ambiente e se sentir seguro.
Apesar desses desafios, a independência é preservada, e com apoio adequado a qualidade de vida não costuma ser comprometida.
Nível 2 – Moderado
O nível 2 representa um grau intermediário dentro dos níveis de autismo. Aqui, as dificuldades de comunicação e socialização são mais evidentes, e o suporte familiar se torna essencial.
A fala geralmente é restrita a diálogos curtos ou focados em temas de interesse específico, o que limita a criação de vínculos de amizade e relacionamentos mais duradouros.
O contato visual costuma ser evitado, e a comunicação não verbal, como gestos e expressões faciais, também fica comprometida.
Outro ponto importante é a resistência a mudanças: quando interrompidos em atividades repetitivas ou hiperfocadas, muitos podem apresentar irritabilidade, frustração e até comportamentos agressivos.
Essa rigidez exige compreensão e estratégias específicas para favorecer o desenvolvimento social e emocional.
Nível 3 – Grave
O nível 3 é o mais severo dentro dos níveis de autismo, marcado por limitações profundas na comunicação, na autonomia e na interação social.
Em boa parte dos casos, o indivíduo não desenvolve linguagem verbal ou utiliza um vocabulário bastante reduzido.
A resposta a estímulos externos, como fala ou toque, costuma ser mínima, e as manifestações repetitivas podem ocupar boa parte do dia.
Aqui, a dependência é elevada, o que torna indispensável o suporte constante da família e de profissionais.
Pessoas com esse grau precisam de acompanhamento multidisciplinar para realizar atividades básicas e alcançar algum nível de integração social.
Os desafios são grandes, mas intervenções precoces podem trazer ganhos importantes em termos de comunicação e autonomia funcional.
Entenda os tipos de autismo
Além da classificação em níveis de autismo, também existem diferentes formas de manifestação do transtorno, que antes eram descritas como subtipos.
Hoje, todos fazem parte do diagnóstico unificado de Transtorno do Espectro Autista (TEA), mas ainda é comum utilizar essas definições para explicar variações de sintomas e perfis.
Autismo de Alto Funcionamento
O termo substitui o antigo diagnóstico de “síndrome de Asperger”.
Pessoas com esse perfil apresentam habilidades cognitivas preservadas, raciocínio lógico apurado e grande capacidade de aprendizagem.
O que se destaca são as dificuldades de socialização, a comunicação mais limitada em termos de empatia e nuances emocionais, além do hiperfoco em temas específicos.
Apesar de muitas vezes conseguirem levar uma vida independente, indivíduos com autismo de alto funcionamento podem enfrentar ansiedade e quadros depressivos devido à sobrecarga social.
Transtorno Invasivo do Desenvolvimento
Essa forma de autismo aparece cedo, geralmente entre 2 e 3 anos, e compromete o aprendizado e o desenvolvimento social.
Crianças com esse diagnóstico apresentam dificuldades em se comunicar, preferem brincar de forma diferente das demais, usam objetos de modo incomum e demonstram grande resistência a mudanças.
O diagnóstico é feito com o auxílio de neuropediatras ou psiquiatras infantis, e a intervenção precoce faz toda a diferença para reduzir as limitações.
Transtorno Autista
Aqui, o impacto é mais acentuado. Há dificuldades marcantes no contato visual, atrasos no desenvolvimento da fala e presença de movimentos repetitivos frequentes.
Esse tipo interfere bastante na vida da criança e de sua família, já que a socialização e a comunicação ficam comprometidas.
Com o suporte adequado, é possível trabalhar habilidades básicas e melhorar a interação, mas o acompanhamento deve ser contínuo.
Transtorno Desintegrativo da Infância
Esse é um dos quadros mais graves.
Crianças que se desenvolviam normalmente entre 2 e 4 anos passam a perder habilidades já adquiridas, como fala, controle esfincteriano, comunicação e interação social.
O impacto costuma ser profundo e, sem intervenção precoce, pode gerar prejuízos irreversíveis.
O acompanhamento multidisciplinar é indispensável para minimizar os efeitos e promover algum nível de desenvolvimento.
Quais são os principais sintomas nos níveis de autismo?

Os níveis de autismo influenciam diretamente na forma como os sintomas se manifestam.
De maneira geral, todos envolvem algum grau de dificuldade de socialização, comunicação e comportamento repetitivo, mas a intensidade varia bastante.
No nível 1, os sinais costumam ser sutis: dificuldades em interações sociais mais complexas, resistência a mudanças na rotina, interesses restritos e comportamentos repetitivos.
Muitas vezes, essas características passam despercebidas por familiares ou professores, já que a criança consegue manter certa autonomia.
No nível 2, a fala é limitada, os diálogos são curtos e repetitivos e há uma maior dificuldade em estabelecer contato visual.
A comunicação não verbal, como gestos e expressões, também é prejudicada. Além disso, a resistência a mudanças pode gerar crises de irritabilidade ou agressividade.
No nível 3, grande parte das pessoas não desenvolve fala funcional ou possui vocabulário muito restrito.
O contato com o ambiente externo é reduzido, os comportamentos repetitivos são intensos e a dependência de apoio para tarefas básicas é constante.
Nesse grau, o autismo impacta de forma profunda a rotina do indivíduo e de toda a família.
Autismo leve: por que os sinais são difíceis de perceber?
No espectro, o nível 1 é o mais difícil de identificar, justamente porque muitos comportamentos podem ser confundidos com traços de personalidade ou timidez.
Crianças com autismo leve geralmente falam, frequentam a escola e conseguem conviver em grupo, mas demonstram dificuldades em compreender nuances sociais, como ironias, regras implícitas e expressões faciais.
Outro ponto é que essas crianças podem apresentar interesses muito específicos, passando horas focadas em um único assunto.
Esse hiperfoco, em muitos casos, é interpretado como uma habilidade ou “curiosidade intensa”, sem levantar suspeitas.
A dificuldade em lidar com mudanças na rotina também pode ser atribuída a “manha” ou teimosia, atrasando o diagnóstico.
Por isso, é comum que os níveis de autismo mais leves só sejam percebidos na adolescência ou até na vida adulta, quando as demandas sociais ficam mais complexas e as diferenças se tornam mais evidentes.
Sintomas gerais mais fáceis de identificar nos níveis de autismo
Apesar das variações entre os níveis de autismo, alguns sinais são considerados comuns e podem ajudar pais e profissionais a suspeitar do transtorno. Entre eles:
Dificuldade em manter contato visual ou evitá-lo constantemente;
- Repetição de movimentos, como balançar as mãos ou o corpo;
- Atraso na fala ou uso de linguagem restrita;
- Falta de resposta ao ser chamado pelo nome, mesmo com audição normal;
- Pouca ou nenhuma interação com outras crianças;
- Interesse intenso por objetos ou temas específicos, muitas vezes de forma repetitiva;
- Resistência a mudanças na rotina ou em ambientes familiares;
- Pouca demonstração de afeto ou de empatia de maneira convencional;
- Sensibilidade aumentada a sons, luzes, texturas ou cheiros.
Como é feito o diagnóstico do autismo?

O diagnóstico dos níveis de autismo não é simples, já que não existe exame de sangue, de imagem ou teste laboratorial capaz de confirmar a condição.
A identificação é feita por meio da observação clínica e comportamental, conduzida por profissionais como neuropediatras, psiquiatras infantis e psicólogos especializados.
A primeira consulta geralmente envolve uma entrevista com os pais, para entender o histórico de desenvolvimento da criança, seus hábitos, comportamentos e interações sociais.
A partir daí, o profissional aplica escalas de avaliação específicas para identificar padrões característicos do espectro.
É importante lembrar que muitos sintomas do autismo podem se confundir com outros distúrbios, como TDAH, transtornos de linguagem ou até quadros de ansiedade.
Receber a confirmação de que uma criança está dentro dos níveis de autismo pode ser desafiador para a família, mas não deve ser encarado como um fim, e sim como um começo.
Com a orientação médica, a criança é encaminhada para terapias adequadas, como fonoaudiologia, psicoterapia, terapia ocupacional e, quando necessário, uso de medicação.
Tratamentos para o autismo
O tratamento para o autismo existe e é indispensável para melhorar a qualidade de vida tanto da pessoa diagnosticada quanto de toda a família.
É sempre bom reforçar: o autismo não é uma doença, portanto não existe cura. Qualquer promessa nesse sentido é falsa e perigosa.
O que se pode — e deve — fazer é investir em terapias e recursos que ajudem no desenvolvimento, ampliem a autonomia e reduzam sintomas que prejudicam a rotina.
Quanto antes o acompanhamento começar, maiores as chances de evolução.
Em cada um dos níveis de autismo, o tratamento é adaptado às necessidades individuais, e o foco é sempre no bem-estar e no progresso da criança, do adolescente ou do adulto.
Abordagens terapêuticas convencionais
O tratamento mais usado combina terapias comportamentais, fonoaudiologia, psicoterapia e terapia ocupacional.
No caso de crianças, programas estruturados de intervenção precoce fazem enorme diferença, já que ajudam no desenvolvimento da comunicação, das habilidades sociais e da adaptação ao ambiente.
Outra linha bastante utilizada é a ABA (Análise do Comportamento Aplicada), que ensina de forma estruturada habilidades do dia a dia, desde interações simples até tarefas mais complexas.
Esse tipo de abordagem, embora demande dedicação, mostra resultados consistentes ao longo do tempo.
Medicamentos podem ser prescritos para controlar sintomas específicos, como irritabilidade, ansiedade, impulsividade ou distúrbios de sono.
Eles não tratam o autismo em si, mas ajudam a reduzir dificuldades que atrapalham o desenvolvimento.
Entre os fármacos usados, os antipsicóticos atípicos são os mais comuns, embora tragam efeitos colaterais que precisam ser monitorados de perto pelo médico.
Suporte familiar e educacional
Nenhum tratamento funciona de forma isolada se a família não estiver preparada para lidar com os desafios dos diferentes níveis de autismo. Por isso, orientar pais e cuidadores é parte do processo.
Entender os limites, respeitar o tempo da criança e aplicar em casa as estratégias ensinadas pelos profissionais faz toda a diferença.
No ambiente escolar, a inclusão é outro ponto essencial. Professores capacitados, adaptações pedagógicas e o acompanhamento de mediadores ajudam o aluno a se desenvolver de acordo com suas necessidades.
Além disso, o suporte psicológico também deve ser estendido aos pais, que muitas vezes enfrentam sobrecarga emocional ao lidar diariamente com as demandas do espectro.
Cannabis medicinal no tratamento do autismo

Nos últimos anos, a Cannabis medicinal passou a ser estudada como uma alternativa para o manejo de sintomas em diferentes níveis de autismo.
Os canabinoides, substâncias presentes na planta e também produzidas pelo corpo humano, atuam no sistema endocanabinoide, responsável por regular funções como humor, memória, sono, apetite e resposta ao estresse.
Crianças com autismo já foram identificadas com níveis mais baixos de anandamida, um endocanabinoide que se assemelha ao THC em alguns efeitos, mas de forma menos intensa.
Isso levou pesquisadores a investigarem se a reposição, feita com compostos da planta, poderia trazer benefícios.
Uma pesquisa do Shaare Zedek Medical Center, em 2018, avaliou 60 crianças com autismo grave usando um extrato de Cannabis rico em CBD e baixo em THC.
Os pais relataram que 61% tiveram melhora significativa nos comportamentos problemáticos, 39% apresentaram redução da ansiedade e 47% evoluíram na comunicação.
Outro achado importante veio da Universidade de Brasília, que observou a deficiência de anandamida em crianças com autismo e levantou a hipótese de que compostos da Cannabis poderiam restaurar esse equilíbrio.
Os pesquisadores também identificaram alterações nos receptores CB2, ligados ao sistema imunológico, sugerindo que o desequilíbrio do sistema endocanabinoide está ligado ao TEA.
Apesar dos avanços, a Cannabis não substitui os tratamentos convencionais, mas pode atuar como terapia complementar para melhorar sintomas como irritabilidade, insônia, ansiedade e hiperatividade.
Como buscar o tratamento do autismo com Cannabis medicinal?
Quem deseja considerar essa opção precisa procurar um médico habilitado a prescrever Cannabis.
No Brasil, já existem psiquiatras, neurologistas e pediatras que utilizam esse recurso em seus pacientes com autismo.
O acompanhamento médico é obrigatório, porque cada caso requer ajuste individual da dosagem, da proporção entre CBD e THC e do tipo de produto usado.
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Conclusão
O autismo pode se apresentar em diferentes graus de intensidade, mas em todos os casos há caminhos para melhorar a qualidade de vida e aumentar a autonomia.
O tratamento envolve medicamentos, terapias, suporte educacional e, em alguns casos, alternativas como a Cannabis medicinal. O ponto mais importante é nunca adiar a busca por ajuda profissional.
Com diagnóstico precoce e acompanhamento adequado, pessoas dentro dos níveis de autismo conseguem desenvolver habilidades, construir relações e conquistar independência de acordo com suas possibilidades.