A osteoporose é uma doença silenciosa e, muitas vezes, invisível. Mas, isso até que uma fratura aconteça e a busca pelo tratamento inicie. Para o Dr. Marcelo Steiner, ginecologista e presidente da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO), o principal desafio é justamente esse: a falta de informação e o diagnóstico tardio.
“A osteoporose é uma doença silenciosa. Muitas pessoas vivem com ossos frágeis sem saber, e só descobrem após uma fratura, muitas vezes grave, com alto custo para a saúde e para a autonomia do paciente. É preciso ampliar o diagnóstico e investir em informação desde a infância e adolescência”, explica Steiner.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada três mulheres e um em cada cinco homens acima dos 50 anos sofrerão uma fratura osteoporótica ao longo da vida. No Brasil, estima-se que mais de 10 milhões de pessoas vivam com baixa densidade mineral óssea, muitas sem diagnóstico nem acompanhamento médico. Conforme o relatório da Fundação Internacional de Osteoporose, aqui no Brasil, cerca de 60% dos pacientes que correm risco de sofrer fraturas por fragilidade não recebem qualquer tipo de tratamento. “O mau tratamento precoce é acentuado em pacientes de alto risco, sendo que apenas 20% recebem tratamento farmacológico imediatamente após uma fratura, apesar de essa população estar mais suscetível a outras fraturas”, pontua o documento.
Segundo Dr. Steiner, a prevenção deve começar muito antes da velhice, e isso passa por hábitos de vida saudáveis: alimentação rica em cálcio, exposição solar regular e prática de atividade física.
“Quem alcança um bom pico de massa óssea na juventude tem menor risco de fratura na terceira idade. Mas o que vemos é que a população ainda desconhece essa relação direta entre hábitos de vida e saúde óssea”, complementa.
O médico alerta que o acesso desigual à saúde também contribui para o avanço silencioso da doença. “Grande parte dos brasileiros não faz exames preventivos, como a densitometria óssea. Muitos sequer sabem que ela existe. Falta uma política pública sólida de rastreamento e educação em saúde”, pontua.
“A prevenção precisa começar cedo. A infância e a adolescência são as fases de maior ganho de massa óssea. Uma nutrição adequada e o estímulo à atividade física nessa fase fazem toda a diferença no futuro. Isso ainda não é uma mensagem forte na população brasileira. E precisamos mudar isso”, reforça Steiner.
Educação e acesso: pilares para enfrentar a osteoporose
Para o presidente da ABRASSO, o Brasil vive uma transição demográfica acelerada, com crescimento da população idosa e consequente aumento das doenças relacionadas ao envelhecimento. O profissional defende que o sistema de saúde precisa se adaptar. “Assim como falamos de hipertensão, diabetes e câncer, precisamos falar de osteoporose com a mesma ênfase, porque as fraturas também matam e tiram autonomia”, destaca.
Neste sentido, a ABRASSO tem se articulado com sociedades médicas de geriatria, endocrinologia e ortopedia para ampliar a conscientização e capacitar profissionais. “Os médicos estão começando a olhar com mais atenção para a saúde óssea, mas ainda é preciso formação continuada e campanhas públicas para que o tema chegue à população de forma acessível”, explica Steiner.
“Hoje temos medicamentos disponíveis no SUS, o que é um avanço. Mas ainda faltam estratégias de rastreamento para identificar as pessoas que precisam desses tratamentos. A maioria das fraturas poderia ser evitada com diagnóstico precoce e acompanhamento adequado”, ressalta o médico.
Ação gratuita da ABRASSO marca o Dia Mundial da Osteoporose
Em alusão ao Dia Mundial de Combate à Osteoporose, celebrado em 20 de outubro, a ABRASSO realiza uma grande ação pública na Estação Brás da CPTM, em São Paulo, das 9h às 16h. O evento é gratuito e aberto ao público, com o objetivo de levar informação e diagnóstico ao alcance de todos.

Durante o evento, o público poderá realizar o teste de calcâneo, um exame simples, rápido e indolor que avalia a densidade mineral óssea e o FRAX, uma ferramenta clínica desenvolvida pela Universidade de Sheffield (Reino Unido) e reconhecida pela OMS, que calcula o risco de fraturas nos próximos 10 anos.
Além dos testes, médicos, fisioterapeutas e nutricionistas estarão à disposição para orientar os participantes sobre alimentação, suplementação de cálcio e vitamina D, prática de exercícios físicos e exposição solar adequada. O objetivo é quebrar o mito de que a osteoporose é um problema apenas de idosos.
O evento simboliza o compromisso da ABRASSO com a democratização do acesso ao diagnóstico precoce. No Brasil, a densitometria óssea ainda é concentrada nos grandes centros urbanos. Levar triagem gratuita para um espaço de grande circulação, como uma estação de trem, é uma forma concreta de inclusão em saúde e de valorização da prevenção.
O papel da Cannabis medicinal na saúde óssea
A terapia canabinoide começa a abrir novas perspectivas para o tratamento de doenças musculoesqueléticas, incluindo a osteoporose. Segundo o Dr. Marcos Pereira Dias, ortopedista e traumatologista, o sistema endocanabinoide, rede de receptores presente em todo o corpo, também regula o metabolismo ósseo e o equilíbrio entre osteoblastos (células formadoras de osso) e osteoclastos (que reabsorvem o tecido ósseo).
“O sistema endocanabinoide busca manter o equilíbrio entre a produção de osso novo e a reabsorção do antigo. Quando esse sistema está em desequilíbrio, há maior risco de perda óssea e dificuldade na consolidação de fraturas”, explica o médico.
O estudo “Examining the role of cannabinoids on osteoporosis: a review “ reforça que modular o sistema endocanabinoide pode ser uma estratégia terapêutica promissora para doenças metabólicas ósseas e inflamatórias.
“O Canabidiol (CBD) é o protagonista entre os fitocanabinoides. Ele modula a inflamação, melhora o sono, reduz a dor e equilibra os osteoblastos e osteoclastos. Um extrato full spectrum, com pequenas quantidades de THC e CBG, potencializa esses efeitos e contribui para a mobilidade e qualidade de vida dos pacientes”, explica o ortopedista.
Há evidências de que o CBD acelera a cicatrização de fraturas e melhora a resistência óssea, como demonstrado em um estudo da Journal of Bone and Mineral Research. Os autores observaram que a combinação de fitocanabinoides auxilia no remodelamento ósseo e pode ser uma alternativa terapêutica complementar, especialmente em pacientes idosos com osteopenia.
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Envelhecer com ossos fortes: ciência, prevenção e inovação
A osteoporose ainda impõe desafios significativos à saúde pública. Ainda de acordo com o relatório da Fundação Internacional de Osteoporose (IOF), apenas 20% das pessoas que sofrem uma fratura por fragilidade recebem tratamento adequado. Um gap que reforça a urgência de novas políticas de prevenção.
“Nossa população está envelhecendo rapidamente. Precisamos investir em rastreamento, educação e acesso ao tratamento para garantir uma longevidade saudável e autônoma”, defende o Dr. Marcelo Steiner.
Já o Dr. Marcos destaca que o futuro da medicina óssea passa pela integração entre abordagens tradicionais e terapias inovadoras:
“Tratar a dor, a inflamação e o sono é também tratar o osso. A Cannabis medicinal surge como uma aliada nesse processo, contribuindo para a saúde global do paciente e a recuperação funcional”, conclui.
Importante!
No Brasil, o uso da Cannabis medicinal é permitido somente com prescrição de um profissional de saúde habilitado. Quem deseja iniciar um tratamento com canabinoides deve buscar orientação médica. Em nossa plataforma, mais de 300 profissionais estão disponíveis para atendimento e agendamento de consultas.
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