O Outubro Rosa chega marcado por uma dupla transformação no enfrentamento ao câncer de mama. De um lado, a ciência amplia suas fronteiras ao investigar o papel da Cannabis medicinal no tratamento oncológico; de outro, o país dá um passo histórico ao antecipar a idade recomendada para a realização da mamografia pelo SUS, medida defendida há anos pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).
Nos últimos anos, estudos internacionais vêm demonstrando que os fitocanabinoides, especialmente o Canabidiol (CBD), podem desempenhar funções importantes no contexto do câncer de mama. Além do controle de sintomas como dor, náusea, insônia e perda de apetite em pacientes submetidas à quimioterapia, pesquisas pré-clínicas sugerem que o CBD também pode ter efeito direto sobre o tumor, reduzindo crescimento celular e inibindo metástases em modelos experimentais.
SBM reconhece relevância da Cannabis medicinal
A Sociedade Brasileira de Mastologia já reconhece a relevância desse debate. A Dra. Annamaria Massahud Rodrigues dos Santos, secretária adjunta da SBM, ressalta que é hora de discutir a integração responsável da Cannabis nas práticas médicas, sempre com base em evidências:
“Diversos estudos vêm apontando o potencial da Cannabis medicinal no controle de sintomas de pacientes com câncer de mama, como dor, náuseas e insônia. A SBM costuma apoiar pesquisa rigorosa, elaboração de protocolos clínicos e uso criterioso no controle de sintomas, sempre com registro, informação ao paciente e atenção às interações com quimioterapia e outros medicamentos. Assim, abrir a discussão sobre este assunto é importante, pois há espaço para incorporar o tema dentro de protocolos de cuidado integrados, com cautela, baseado em evidência e em conformidade com a regulação sanitária.”
Essa abertura do Outubro Rosa para o debate sobre a Cannabis não significa substituição das terapias tradicionais, mas aponta para um novo horizonte no cuidado integral das pacientes. Ao mesmo tempo em que a ciência avança, o Brasil fortalece políticas públicas de rastreamento para ampliar o diagnóstico precoce.
Avanço histórico: mamografia a partir dos 40 anos no SUS
Em setembro, o Ministério da Saúde anunciou a ampliação do acesso à mamografia para mulheres de 40 a 49 anos, medida que aproxima o país das diretrizes internacionais e corrige uma lacuna histórica. Até então, o exame era recomendado pelo protocolo oficial apenas a partir dos 50 anos.
Com a mudança, mulheres na faixa dos 40 poderão realizar mamografia mesmo sem sinais ou sintomas da doença, desde que haja decisão conjunta com o profissional de saúde. Para especialistas, a decisão pode impactar diretamente a mortalidade: cerca de 40% dos casos de câncer de mama no Brasil surgem justamente nessa faixa etária
Entrevista exclusiva com a SBM
O Dr. Eduardo Pessoa, presidente da SBM – Regional São Paulo, destacou em entrevista exclusiva a relevância da medida para o enfrentamento da doença:
“A decisão do Ministério da Saúde de recomendar a mamografia a partir dos 40 anos no SUS representa um avanço importante no enfrentamento do câncer de mama no Brasil. Trata-se de uma medida que pode ampliar a detecção precoce da doença em mulheres mais jovens, aumentando as chances de tratamentos menos agressivos e de melhores resultados em sobrevida. Ao mesmo tempo, é fundamental garantir que essa ampliação venha acompanhada de investimentos em infraestrutura, qualidade dos exames, agilidade no diagnóstico e acesso rápido ao tratamento. Só assim conseguiremos transformar essa política em efetiva redução da mortalidade por câncer de mama no país, com equidade e eficiência”.

O especialista reforça que não basta antecipar a idade: é preciso garantir infraestrutura, qualidade, fluxo assistencial ágil e equidade regional, com estratégias como unidades móveis para áreas remotas. Sem esses elementos, o impacto positivo da medida pode se perder no caminho.
Desafios e impactos na prática clínica
Detectar o câncer mais cedo é decisivo, mas exige adaptação da rede assistencial. O Dr. Eduardo alerta para os reflexos imediatos na prática dos mastologistas:
“A antecipação da mamografia certamente impacta a rotina clínica dos mastologistas. Haverá aumento do número de pacientes na faixa dos 40 aos 49 anos com achados suspeitos, o que exigirá maior atenção ao manejo de nódulos pequenos e de lesões provavelmente benignas. Os médicos devem se preparar em três frentes principais:
Capacitação contínua – atualização em diagnóstico por imagem, interpretação de achados em mulheres mais jovens e indicação adequada de exames complementares.
Integração com a rede – trabalhar em conjunto com radiologistas, patologistas e equipes multidisciplinares para agilizar confirmação diagnóstica.
Comunicação com as pacientes – orientar de forma clara sobre benefícios e limitações do rastreamento precoce, reduzindo ansiedade e garantindo adesão informada.”
O futuro: integrar ciência, rastreamento e cuidado humanizado
Com cerca de 74 mil novos casos anuais de câncer de mama no Brasil, segundo o INCA, a combinação de diagnóstico precoce e novas estratégias de cuidado, como a Cannabis medicinal, pode representar uma virada no enfrentamento da doença. Estudos da American Cancer Society indicam que a antecipação da mamografia pode reduzir em até 25% a mortalidade entre 40 e 49 anos.
O Outubro Rosa 2025, portanto, mostra que avanços científicos e políticas públicas podem caminhar juntos. A antecipação da mamografia fortalece o rastreamento; a Cannabis medicinal, amplia possibilidades de cuidado integral e melhora da qualidade de vida.
O desafio agora é garantir que ambos os caminhos sejam percorridos com rigor científico, equidade social e compromisso humano.Vamos por mais um Outubro Rosa!
Links úteis para conhecer
𝗜𝗺𝗽𝗼𝗿𝘁𝗮𝗻𝘁𝗲: O acesso legal à Cannabis medicinal no Brasil é permito mediante indicação e prescrição de um profissional de saúde habilitado. Caso você tenha interesse em iniciar um tratamento com canabinoides, consulte um profissional com experiência nessa abordagem terapêutica.
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