Uma associação de pessoas para falar e informar sobre a psoríase. Esta é a principal meta da Psoríase Brasil, Associação Brasileira de Psoríase, Artrite Psoriásica e de outras Doenças Crônicas de Pele. A entidade também tem como objetivo lutar pelos direitos dos pacientes no acesso a políticas públicas de saúde.
Sem fins lucrativos e de atuação nacional, a organização foi fundada em 2005. “Nosso cadastro da Psoríase Brasil tem mais de 30 mil cadastro, levantando os dados conseguimos fazer as políticas públicas e hoje temos perfil de estudo, consigo filtrar as amostras por regiões e conhecer as pessoas. É um impacto gigante”, celebra Gladis Lima, Presidente da Psoríase Brasil.
Segundo a edição atualizada do Global Psoriasis Atlas (GPA) estima que mais de 60 milhões de pessoas vivam com psoríase em todo o mundo. Porém, os dados ainda são incompletos — apenas cerca de 19 % dos países do mundo possuem relatórios epidemiológicos confiáveis sobre a doença. Aqui no Brasil, a Psoríase Brasil ocupa um lugar central na coleta de informações sobre a condição.
“Desde o início da Psoríase Brasil, em 2005, eu pensava que para buscar apoio a nível nacional e depois buscar as políticas públicas, eu já pensava em formar uma base de dados. E hoje nossa base é riquíssima para concretizar políticas públicas através de quem são as pessoas com psoríase. Hoje tenho uma pessoa que cuide apenas disso na entidade: em dados!”, exalta Gladis.
Precisamos falar sobre Psoríase
Há um tempo, cada vez que vejo alguém na rua com psoríase, penso o quanto precisava escrever sobre a doença. Pois mais do que uma condição de pele, a psoríase é um alerta silencioso do corpo sobre o impacto da inflamação e do estresse no equilíbrio do organismo. Trata-se de uma doença crônica, autoimune e não contagiosa, que provoca lesões avermelhadas e descamativas, podendo atingir diferentes partes do corpo — inclusive articulações, no caso da artrite psoriásica.
A sua gravidade varia de forma individual, com períodos de melhora e recaída. Além das marcas visíveis, a psoríase carrega um peso emocional profundo. O preconceito, a vergonha e o isolamento social ainda acompanham muitos pacientes, que enfrentam dificuldade de acesso a dermatologistas e tratamentos adequados. Falar sobre psoríase é quebrar o silêncio que a rodeia e dar voz a milhões de pessoas que convivem com ela todos os dias. É lembrar que a pele fala — e o que ela diz merece ser ouvido.
E é justamente sobre a urgência de falar sobre psoríase que será o tema do III Simpósio Nacional da Psoríase Brasil no próximo dia 15 de outubro, na Câmara Federal, em Brasília.
“O encontro visa transformar pesquisa, inovação e acesso em políticas públicas e cuidado reais. Nossa chamada é “Menos peso na pele, mais peso na decisão!” — porque o fardo não pode seguir nos ombros de quem mais sofre; ele precisa migrar para os protocolos, os orçamentos e as prioridades de gestão. Transformar evidência em política pública. Vamos debater a falta de diagnóstico célere e correto, atualização de protocolos de tratamentos, acesso a terapias (SUS e saúde suplementar), integração da rede (atenção primária, especializada e telemedicina) e indicadores de acompanhamento — sempre com pacientes, sociedades médicas e gestores na mesa. A meta é sair com compromissos rastreáveis para 2025 e 2026 com engajamento do Parlamento para sustentar essas entregas”, pontua a presidente.
A fundação da Psoríase Brasil
A história de vida da Gladis se mistura com a entidade. Ela viveu desde cedo o impacto do estigma: sua mãe, portadora de vitiligo, enfrentou olhares preconceituosos e exclusão social em uma época em que pouco se falava sobre inclusão. Essa experiência marcou sua vida e inspirou a criação, anos depois, da associação que mudaria o cenário da psoríase no Brasil.
Nos anos 2000, sem redes sociais ou recursos, Gladis e outras mulheres começaram a construir o que viria a ser a Psoríase Brasil. As primeiras ações envolviam reportagens em revistas populares, campanhas locais e o cadastramento manual de pacientes. Em 2001, a entidade foi formalizada e, em poucos anos, tornou-se referência nacional no apoio a pessoas com psoríase.
Hoje, o trabalho de mapeamento permitiu à Psoríase Brasil liderar campanhas nacionais e contribuir diretamente para o reconhecimento da psoríase como doença crônica pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2014. O Brasil tornou-se signatário dessa resolução com apoio da entidade.
“Hoje somos a associação que representa as pessoas com psoríase no Brasil”
Em 2016, outro marco: a Psoríase Brasil participou da tradução e adaptação do Relatório Global sobre Psoríase da OMS para o português, documento que segue sendo distribuído gratuitamente e está disponível no site da organização.
Atualmente, a associação atua como membro da IFPA (International Federation of Psoriasis Associations) e participa de fóruns latino-americanos e internacionais, consolidando-se como representante oficial dos pacientes brasileiros no exterior.
Com uma equipe multidisciplinar — que inclui profissionais de marketing, comunicação, estatística e elaboração de projetos —, a Psoríase Brasil também se destaca por campanhas de conscientização e pela luta pelo acesso gratuito a medicamentos biológicos no SUS. “A associação tem um peso, mas se não tiver a voz do paciente, a coisa não acontece”, resume Gladis.

Frente Parlamentar em Defesa das Pessoas com Psoríase e outras Doenças Crônicas de Pele.
Mais de duas décadas depois, o movimento que começou em uma conversa entre duas amigas já impactou dezenas de milhares de vidas e segue crescendo, amparado pela ciência, pela informação e pela crença de que educação e empatia ainda são os melhores remédios. E que venham muitos anos mais.
Cannabis e psoríase
A literatura científica aponta que compostos da Cannabis, especialmente o Canabidiol (CBD), podem exercer efeitos benéficos em lesões de psoríase por meio da modulação da resposta inflamatória e da proliferação excessiva de queratinócitos.
De que maneira a Cannabis atua na psoríase? Quais são as principais vias de uso?
Agora entenda como os fitocanabinoides têm a capacidade de interagir com o sistema endocanabinoide do corpo, que regula várias funções, incluindo a resposta inflamatória e a homeostase da pele. O CBD pode atuar diminuindo a inflamação e a vermelhidão, enquanto o THC pode auxiliar na redução da hiperproliferação celular, levando a uma recuperação mais rápida da pele. Por sua vez, o CBG traz um efeito adicional de calmaria e regeneração, criando um efeito sinérgico que potencializa os benefícios.
Evidências científicas sobre o uso da Cannabis na psoríase
Estudos indicam que os canabinóides, especialmente o THC e o CBD, têm propriedades anti-inflamatórias significativas. Um dos mecanismos propostos é a interação desses compostos com os receptores canabinóides (CB1 e CB2) presentes no sistema imunológico, que podem ajudar a reduzir a inflamação e a hiperproliferação celular.
Nesse sentido, o artigo Cannabidiol Mediates In Vitro Attenuation of Proinflammatory Cytokine Responses in Psoriatic Disease examinou os efeitos do CBD em células imunológicas isoladas de pacientes com psoríase. De acordo com os resultados da análise, o CBD reduziu a produção de citocinas pró-inflamatórias em algumas células envolvidas no desenvolvimento da psoríase. Além disso, o canabinoide atuou na regulação das células T do sistema imune, controlando a produção desregulada de células da pele. Os cientistas destacaram essa atividade do canabinoide no artigo.
Embora os avanços na pesquisa sobre Cannabis no tratamento da psoríase sejam animadores, é fundamental que pacientes e profissionais de saúde continuem a dialogar sobre as melhores práticas e abordagens. A Cannabis pode representar uma nova fronteira no tratamento da psoríase, oferecendo esperança a muitos que buscam alternativas para amenizar sua condição. A conscientização e a educação são vitais para garantir que a terapia seja utilizada de maneira segura e eficaz, sempre com a orientação adequada. Envie este conteúdo se você conhece alguém que sofre com a condição.
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