Quem já precisou tomar um remédio provavelmente ouviu alguma recomendação sobre o momento certo para ingeri-lo: alguns funcionam melhor de estômago vazio, outros precisam ser tomados junto com a comida. Essa diferença acontece porque a presença de alimentos pode mudar a forma como o corpo absorve as substâncias ativas.
Agora, pesquisadores britânicos investigaram qual tipo de refeição ajuda o corpo a aproveitar melhor o canabidiol (CBD), um composto da planta Cannabis com uso crescente em tratamentos para a saúde.
De estômago vazio ou cheio? O que os cientistas revelaram sobre o CBD e a alimentação
O estudo A prior high-fat meal increases plasma cannabidiol concentrations compared to an isoenergetic high-carbohydrate meal in healthy young participants: a randomised crossover study comparou a absorção do canabidiol após dois tipos de refeições: uma rica em gordura e outra rica em carboidratos, mas com o mesmo número de calorias (800 kcal).
Dez adultos jovens e saudáveis participaram do experimento. Em dias diferentes, eles consumiram uma das duas refeições e, 30 minutos depois, tomaram uma dose de 60 mg de CBD isolado. Em seguida, os cientistas coletaram amostras de sangue por sete horas para acompanhar quanto do canabinoides e seus metabólitos apareciam na corrente sanguínea.
As refeições foram compostas da seguinte forma:
- Refeição rica em gordura: 70% das calorias vinham de lipídios, 15% de carboidratos e 15% de proteínas. O cardápio incluía ovos, queijo, abacate e torradas com manteiga.
- Refeição rica em carboidratos: 70% de carboidratos, 15% de gordura e 15% de proteínas. Neste caso, o cardápio continha pão, cereais, frutas e iogurte desnatado.

Quando os voluntários comeram alimentos ricos em gordura antes do CBD, o nível total da substância no sangue foi cerca de 60% maior do que após a refeição rica em carboidratos.
Para chegar a esses resultados, os pesquisadores avaliaram três parâmetros principais:
- Cmax: o pico máximo de concentração no sangue
- Tmax: o tempo até atingir esse pico
- AUC (área sob a curva): indica a quantidade total de CBD absorvida ao longo do tempo
A AUC foi significativamente maior no grupo que comeu gordura antes do canabidiol, confirmando o aumento na absorção. No entanto, o pico máximo (Cmax) e o tempo para alcançá-lo (Tmax) não apresentaram diferenças relevantes entre os dois tipos de refeição.
Assim, o estudo sugere que o canabidiol não necessariamente age mais rápido após uma refeição gordurosa, mas atua de forma mais eficaz, porque o corpo consegue aproveitar mais da dose ingerida.
Como a gordura ajuda na absorção do canabidiol
O CBD é uma molécula altamente lipofílica, ou seja, se dissolve bem em gordura, mas mal em água. No sistema digestivo, isso faz com que o composto seja melhor absorvido quando há presença de lipídios, que facilitam sua incorporação em micelas (pequenas estruturas formadas durante a digestão de gorduras). Essas micelas ajudam o CBD a atravessar a parede intestinal e alcançar o fígado.
Além disso, as refeições gordurosas estimulam a liberação da bile e de enzimas digestivas, o que também favorece a solubilização de substâncias lipofílicas. O resultado é um aumento da biodisponibilidade oral, que é a quantidade de canabidiol que realmente entra na circulação e pode exercer seus efeitos terapêuticos no organismo.
Nas refeições ricas em carboidratos, o processo é diferente: como há pouca gordura disponível, o CBD encontra mais dificuldade para se misturar e passar pelo trato gastrointestinal. Assim, parte significativa da dose ingerida se perde antes de chegar à corrente sanguínea.
O que isso significa para quem usa CBD

Esses resultados indicam que os profissionais da saúde podem, além de prescrever o medicamento à base de canabinoides, orientar a ingestão de canabidiol junto com alimentos ricos em gorduras boas, como abacate, azeite, castanhas ou ovos. Consumir o CBD com esse tipo de refeição pode potencializar seus efeitos terapêuticos, permitindo que o corpo o utilize melhor a substância.
Assim como acontece com outros tratamentos e medicamentos, entender o papel da alimentação é fundamental para melhorar os resultados e garantir que o organismo aproveite ao máximo o que está sendo consumido.
Do mesmo modo, o acompanhamento de um profissional da saúde é fundamental para que o tratamento potencialize os benefícios e evite efeitos adversos. Além disso, a prescrição médica é uma exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para adquirir os produtos de forma legal e segura.
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