Seja para a manutenção do alto desempenho de atletas profissionais ou para a busca de uma melhor qualidade de vida por meio da atividade física, o controle da dor é fundamental. É companheira de todo atleta e está na rotina do médico do esporte Marcelo Machado Arantes.
Com um rico currículo, tendo atuado como médico da Confederação Brasileira de Futebol, na Sociedade Esportiva Palmeiras e no Comitê Paralímpico Brasileiro (onde segue), além do atendimento de atletas amadores e profissionais em consultório, buscou se aprofundar em formas de lidar com a principal queixa de seus pacientes.
Especialista em medicina do exercício e do esporte, além de fisiologia e biomecânica do exercício, buscou se especializar em dor e em acupuntura e medicina chinesa em busca de alternativas para evitar seus pacientes tenham o desempenho comprometido e qualidade de vida comprometidos.
Alternativa aos atletas
Essa procura viu despontar de uma novidade canabinoide. “Na área esportiva, fiquei com um pouco de pé atrás no início. Todo mundo começou a prescrever como uma fórmula mágica e os atletas começaram a buscar, sendo que muitos não estavam com uma rotina ideal de sono ou nutricional.”
No entanto, isso não o impediu de buscar mais informações sobre os benefícios da Cannabis medicinal. Começou a estudar sobre a Cannabis e o sistema endocanabinoide e prescrever pontualmente para alguns pacientes até que, há cerca de um ano, entrou de forma definitiva em seu arsenal terapêutico.
“Nos últimos tempos, eu tenho utilizado o óleo de Cannabis para dor crônica como uma alternativa aos tratamentos habituais. Às vezes, até como uma primeira linha de escolha, dependendo do que o paciente já tenha usado previamente ou outros fatores.”
“É uma opção medicamentosa para, por exemplo, a fibromialgia. paciente com dificuldade na adaptação às medicações tradicionais, e que o óleo de Cannabis surte efeito interessante e com menos possibilidades de efeitos colaterais.”
“Eu tenho usado com alguma frequência para otimizar a recuperação muscular. Não é para todo mundo. Não é a fórmula mágica. A pessoa tem que estar treinando bem, dormindo bem. Tem que estar em um contexto de saúde favorável e a medicação entra como uma possibilidade a mais.”
Limitações profissionais
Arantes explica que a prescrição é diferente para atletas amadores e profissionais. “Na esfera do atleta profissional, a gente tem um limitante que é a possibilidade de usar somente o CBD.”
“Nos períodos fora de competição, eu até poderia usar outras medicações (de Cannabis), mas o momento mais importante do atleta é a competição e ficar fazendo o manejo de colocar e retirar medicação, nem sempre é favorável.”
“Acabo usando o CBD para a recuperação muscular como ponto principal. Tem a possibilidade da prescrição para a parte de dor crônica para o atleta profissional, mas com a limitação do CBD.”
O médico do esporte exemplifica com o caso de um atleta paralímpico que acompanha.
“Ele já está se encaminhando para o término da carreira e estava tendo muita dificuldade na recuperação muscular e com questões importantes na esfera de ansiedade e irritação. A gente conseguiu otimizar a recuperação muscular e melhorar a ansiedade.”
“Foi um caso importante de um atleta que já estava fazendo tudo certo na parte de alimentação, de manejo de carga de treino, com todo o acompanhamento da fisiologia e fisioterapia, e a Cannabis serviu para esse plus final. Melhorar a ansiedade e a recuperação entre treinos.”
Atletas amadores
Embora o CBD isolado tenha propriedades terapêuticas importantes, outros fitocanabinoides proibidos pelas instituições que regem o esporte também possuem valor terapêutico.
Ademais, os medicamentos à base de Cannabis que utilizam todos os componentes químicos da planta, entre terpenos e fitocanabinoides, carregam maior potencial terapêutico devido ao chamado efeito comitiva, também chamado de entourage.
“Para os pacientes de consultório, atletas amadores, entre outros, você tem a melhora também na parte do sono, no bem-estar e maior na ansiedade.”
“Recuperação muscular, ansiedade e melhora no padrão de sono são esses três principais ou efeitos que eu busco na prescrição para esportistas. “É uma medicação que pode atuar conjuntamente em várias frentes. É uma indicação diferente por essa possibilidade.”
No entanto, a decisão final sobre a utilização ou não do medicamento de Cannabis é sempre do paciente. “Eu sempre busco fazer decisões compartilhadas. Eu exponho as possibilidades e defino ali junto ao paciente, porque pode ter alguma resistência à indicação por desconhecimento.”
Inúmeras especialidades
“A gente sabe que a ciência do canabinoide ainda tem muito a evoluir em termos de tipo de medicação, quais fitocanabinoides utilizar, em quais situações. Teremos posologias cada vez mais definidas e efeitos colaterais cada vez menores.”
“Quando eu assisto alguma aula, eu sempre me surpreendo com a diversidade de fitocanabinoides e de receptores. É uma ciência que já evoluiu bastante, mas precisa ser mais ainda estudada.”
“Esses óleos são potencialmente úteis em inúmeras condições psiquiátricas e neurológicas e, extrapolando a esfera de dor crônica e da performance esportiva, é uma medicação que tem potencial o uso inúmeras outras especialidades médicas.”
Agende sua consulta
Arantes é vinculado à Care Club, uma das principais redes de clínicas de medicina esportiva do Brasil.
Pela plataforma de agendamento do portal Cannabis & Saúde, você encontra mais 250 profissionais da saúde, como médicos, dentistas e fisioterapeutas que, assim como Arantes, prescrevem Cannabis medicinal aos seus pacientes.
