Gustavo Leão tem epilepsia desde a infância. A origem está numa lesão no lobo frontal, decorrente de complicações no parto. Desde então, convive com crises convulsivas severas, muitas delas de difícil controle. “A cirurgia foi descartada cedo, a área afetada é sensível demais. Então, o tratamento sempre foi por tentativa e erro. Um acerto temporário aqui, um revés logo depois. Foram anos assim.”
Ele não buscava uma cura. Buscava fôlego. E foi nesse ponto que a Cannabis medicinal entrou na equação.
Do esgotamento à investigação: a virada no tratamento de Gustavo Leão
Foi por meio de uma publicação internacional que Gustavo teve o primeiro contato com o uso clínico da Cannabis em doenças neurológicas. Um texto técnico, de um neurologista norte-americano, apresentava evidências sobre os efeitos terapêuticos da Cannabis em quadros resistentes ao tratamento convencional. “Li um artigo sobre o uso de Cannabis em epilepsia e fui atrás. Vi que fazia sentido. Comecei a perguntar mais, pesquisar mais. E fui entendendo que existia ali uma possibilidade real de melhora”, conta Gustavo Leão.
A ideia ficou em segundo plano por anos. Só após uma sequência mais severa de crises, em 2018, é que ele decidiu testar a Cannabis com acompanhamento médico. “Foi quando eu parei de resistir. Eu já tinha experimentado várias combinações de anticonvulsivantes. Estava cansado, física e mentalmente.”
CBD, THC e uma outra lógica de cuidado
Hoje, Gustavo mantém o uso contínuo de CBD e recorre ao THC pontualmente, especialmente para controlar episódios de ansiedade aguda — um conhecido gatilho para suas crises. “ O CBD me ajuda com o sono, com o foco, com o equilíbrio. O THC entra quando a ansiedade aperta.”
A melhora mais evidente veio justamente onde a epilepsia mais afetava: à noite. “Antes eu não dormia. As crises eram noturnas. Quando comecei o tratamento com Cannabis, uma das primeiras coisas que aconteceu foi conseguir dormir uma noite inteira. Isso, pra mim, foi marcante. Mudou tudo.”
Estilo de vida como parte do tratamento
A Cannabis, porém, não opera sozinha. Gustavo reforça que o ganho de qualidade de vida veio da combinação entre o uso medicinal e mudanças estruturais no estilo de vida. “Sempre fui muito ativo. O exercício físico tem papel central na minha estabilidade — coordenação motora, foco, até humor. E isso foi potencializado com a Cannabis. O corpo passou a responder melhor. Menos fadiga, mais clareza mental.”
A prática regular de esportes, aliada à suplementação com vitaminas e minerais, ao uso de técnicas de respiração consciente e a uma rotina disciplinada, construiu um novo ponto de equilíbrio.“Epilepsia é muito sensível a ambiente, a rotina, a estímulo. Qualquer coisa desregula. Então, o que eu consegui foi criar uma rotina em que eu me sinto funcional.”
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Gustavo ainda convive com crises, mas diz que elas deixaram de ser o eixo central da sua vida. “A diferença é que agora eu tenho mais domínio sobre o que tá acontecendo. Eu percebo os sinais, consigo reagir antes. E quando elas vêm, eu consigo me proteger melhor.”
A Cannabis, nesse contexto, não substituiu tratamentos. Mas abriu margem para que outros fatores — como sono, disposição, foco e estabilidade emocional — entrassem na equação terapêutica. “A vida ficou mais possível. Mais viável. E pra mim, isso é o que importa. Não é sobre parar de ter crise. É sobre não deixar que ela controle tudo.”
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No Brasil, o uso medicinal da Cannabis só pode ser feito com prescrição médica. A exigência busca assegurar um tratamento seguro e adequado para cada paciente. Para dar início ao processo, é necessário passar por uma avaliação com um profissional habilitado. Na nossa plataforma, é possível agendar uma consulta com um dos mais de 300 médicos cadastrados, que irão analisar seu quadro clínico e indicar, se for o caso, a melhor formulação e posologia. Clique aqui e agende sua consulta!