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“Cannabis vem surgindo como ferramenta para o tratamento da dor crônica”, afirma médica da SBOT

“Cannabis vem surgindo como ferramenta para o tratamento da dor crônica”, afirma médica da SBOT

A dor crônica ainda é um dos maiores desafios da medicina, mas entidades como a Associação Brasileira da Dor Musculoesquelética (ABDOR), braço da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), estão atentas ao potencial da Cannabis no tratamento da dor.

Publicado em

28 de outubro de 2025

• Revisado por

Fala, escreve e pesquisa sobre Cannabis, saúde e bem-estar. Mestre em Comunicação e Cultura, com passagem pela Unesco, já produziu milhares de histórias e conversas que mostram como a Cannabis transforma vidas. Mãe de dois, acredita em um mundo onde conhecimento e consciência caminham junto da planta.

Em entrevista exclusiva ao Portal Cannabis & Saúde, Dra. Rosana Fontana, médica da Associação Brasileira da Dor Musculoesquelética (ABDOR), braço da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), fala sobre o cenário da dor crônica no Brasil, o avanço das pesquisas com Cannabis medicinal e o papel da educação médica na construção de uma ortopedia mais humana e baseada em evidências.

O impacto da dor crônica na nossa vida

Não há dúvidas. Uma dor que persiste por meses, ou mesmo anos, deixa marcas não apenas no corpo. Mas na vida pessoal, familiar e profissional de uma pessoa. Não é possível viver bem e sentir dor. Estudos apontam que cerca de 35,7% da população adulta no Brasil convive com dor crônica, cifra que sobe para 47,3% entre idosos. A maioria relata dores de intensidade moderada a grave, que impactam diretamente o sono, o humor e a capacidade funcional. Os números realmente são altos,  e à frente desse cenário, a Associação Brasileira da Dor Musculoesquelética (ABDOR) vem se consolidando como referência científica e educacional no país.

Vinculada à Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), a entidade promove educação médica continuada, guias clínicos e debates técnicos que unem ética, ciência e experiência prática. Em entrevista, Rosana Fontana, 1ª secretária da ABDOR, reforça o compromisso da instituição com o aprimoramento científico e analisa o papel emergente da Cannabis medicinal no manejo da dor.

“A Cannabis vem surgindo como uma nova ferramenta a ser adicionada ao arsenal terapêutico para o tratamento da dor crônica”, afirma Rosana Fontana. “Ainda precisamos de mais evidências robustas, mas já existe literatura consistente apoiando seu uso como adjuvante ou alternativa em pacientes que não respondem às terapias convencionais.”

Cannabis e o manejo da dor: o que diz a ciência

Pesquisas recentes vêm reforçando o potencial da Cannabis medicinal como alternativa segura e complementar no tratamento da dor crônica. Uma revisão sistemática recente apontou que os canabinoides não inalados (como óleos e sprays sublinguais) proporcionam pequena a moderada redução na intensidade da dor, com efeitos adversos leves a moderados, como fadiga e tontura.

este outro estudo, destacou que produtos com alta razão THC:CBD mostraram eficácia no controle da dor musculoesquelética e neuropática, especialmente quando combinados com reabilitação física e mudanças no estilo de vida. Pesquisadores defendem que os canabinoides interagem com o sistema endocanabinoide, modulando processos inflamatórios e neurológicos responsáveis pela percepção da dor — um mecanismo que reforça o potencial terapêutico da planta.

Ainda que a literatura científica exija mais ensaios clínicos de longo prazo, há consenso crescente de que a Cannabis pode integrar o arsenal terapêutico da ortopedia e reabilitação de forma ética, segura e baseada em evidências. Como ressalta a ABDOR, o equilíbrio entre inovação e prudência científica será decisivo para que pacientes e profissionais possam usufruir dos benefícios dessa nova fronteira terapêutica.

Leia a entrevista na íntegra com a Dra. Rosana Fontana, 1ª Secretária da ABDOR, que é o Comitê de Dor da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT)

Como a ABDOR (Associação Brasileira da Dor Musculoesquelética) avalia o papel da Cannabis medicinal no manejo da dor crônica e musculoesquelética? 

“A Cannabis medicinal vem surgindo como uma nova ferramenta a ser adicionada ao arsenal terapêutico para tratamento da dor crônica. Ainda precisa de maiores evidências, mas já tem literatura consistente apoiando seu uso como adjuvante ou alternativa em pacientes que as primeiras linhas de tratamento não funcionam ou são insuficientes”.  

O tema tem ganhado destaque no meio científico e entre pacientes com condições ortopédicas. Há uma leitura institucional sobre essa possível alternativa terapêutica? 

“No ano de 2024, fizemos um artigo e publicamos na revista RABDOR que é a revista do Comitê de Dor da SBOT com um guia orientado a fornecer informações práticas e evidências sobre o uso da Cannabis por ortopedistas”. 

Como a ABDOR observa o aumento do uso de Cannabis medicinal entre pacientes com dor crônica e o avanço das pesquisas nessa área? 

“Cada vez estão surgindo mais estudos a respeito, melhorando a qualidade dos trabalhos disponíveis e estudos mais avançados. A recomendação é sempre procurar evidências de qualidade e fontes confiáveis para basear decisões terapêuticas”. 

Há iniciativas da entidade para acompanhar, discutir ou orientar seus associados quanto às evidências disponíveis e à segurança clínica? 

“Sim. Estamos iniciando um grupo para criar um consenso sobre o assunto onde vamos fazer uma revisão bibliográfica e consultar especialistas de diversas áreas e localidades visando criar um guia mais prático e embasado, unindo a ciência a experiência clínica de quem já vive na prática o uso da medicação. Depôs será disponibilizado aos associados”. 

Na visão da ABDOR, quais são hoje os principais desafios enfrentados por pacientes e profissionais na abordagem da dor, especialmente nas condições ortopédicas mais prevalentes, como osteoartrite, lombalgia e lesões musculoesqueléticas? 

“Os maiores desafios são a falta de adesão dos pacientes, as dificuldades financeiras de aplicar tratamentos que ainda são custosos e de modificar hábitos que são perpetuadores de doença. Além da grande divulgação de tratamentos sem comprovação e das mídias sociais onde cada dia mais surgem notícias e promessas sem embasamento. Ainda tem um grande nível de preconceito para uso da cannabis tanto por parte dos profissionais quanto dos pacientes”. 

A ABDOR acredita que há um déficit de conhecimento entre médicos sobre terapias emergentes, como a que envolve o sistema endocanabinoide? 

“O sistema endocanabinoide não é ensinado, nem na formação e nem nas especializações…então a não ser por interesse próprio os colegas não têm ideia de como funciona. O comitê de dor, especialmente se preocupa com educação continuada e promovemos palestras em congressos, webinar e publicações abordando o assunto sempre dá forma educativa mais baseada em evidências e segurança do paciente”. 

De que forma a entidade enxerga a importância da atualização científica contínua diante de novas abordagens terapêuticas e farmacológicas? 

“Consideramos extremamente importante. A atualização científica permite o uso do melhor disponível para cada caso, sempre com o objetivo de oferecer segurança e eficácia com melhora da qualidade de vida dos nossos pacientes”. 

Quais perspectivas a ABDOR identifica para o futuro do tratamento da dor na ortopedia? 

“A dor é um grave problema de saúde pública e precisa de muita informação e educação dos colegas e pacientes para que se entenda melhor o assunto e o tratamento, alinhando expectativas realistas com o tratamento disponível na atualidade e sempre de olho nas novas tecnologias que estão surgindo”. 

Como equilibrar a incorporação de inovações, como, por exemplo, terapias canabinoides e tecnologias de reabilitação, com o compromisso ético e baseado em evidências da medicina tradicional? 

“O equilíbrio deve ser buscado com estudo e conhecimento da fisiopatologia, mecanismos de ação dos tratamentos e evitando seguir a pressão da indústria ou das influências da propaganda de mídias sociais, priorizando dados com relevância científica e com riscos minimizados aos doentes, seguindo princípios da ética”.

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