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Cânhamo na alimentação animal: uma alternativa à soja

Cânhamo na alimentação animal: uma alternativa à soja

Do campo ao comedouro: pesquisa mostrou que resíduos do processamento do cânhamo podem ser usados na alimentação animal, com benefícios nutricionais e ambientais

Publicado em

3 de junho de 2025

• Revisado por

Jornalista e editor especializado em Comunicação e Saúde, pós-graduando em Drogas, Sociedade e Práticas Educativas. Escreve sobre ciência e sobre o uso da Cannabis na saúde humana e animal. É também fundador da Editora Vista Chinesa, onde publicou livros como “A História da Cannabis em Quadrinhos” e “Mila”.

Cânhamo na alimentação animal: uma alternativa à soja

Enquanto o mundo busca alternativas mais sustentáveis para a produção de alimentos, o cânhamo tem ganhado destaque como uma cultura promissora. Comparado à soja — hoje um dos principais ingredientes da ração animal —, o cânhamo consome até 50% menos água por hectare. Além disso, regenera o solo e quase não exige o uso de defensivos agrícolas.

Com o cultivo do cânhamo em expansão no mundo e discussões em andamento no Brasil sobre sua regulamentação, um estudo de pesquisadores norte-americanos mostrou que a planta pode ser estratégica para uma agropecuária mais ecológica.

De acordo com a pesquisa, subprodutos do processamento do cânhamo — como farelo de sementes, cascas e biomassa residual — são alternativas promissoras para a alimentação animal. Eles podem substituir parcialmente fontes tradicionais de proteína, como soja e canola, sem comprometer o desenvolvimento dos animais.

Resíduos do cânhamo: um novo recurso para alimentação animal

O cânhamo é uma variedade de Cannabis que produz baixas concentrações de ∆9-tetrahidrocanabinol (THC), utilizada para fins industriais e medicinais. Suas fibras, flores e sementes servem para produzir papel, tecidos, cosméticos, alimentos, plásticos biodegradáveis e até materiais de construção.

Os resíduos da produção desses itens — especialmente o farelo de sementes e a biomassa residual — são ricos em proteínas, ácidos graxos benéficos (ômega-3 e ômega-6) e compostos bioativos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.

Foto de uma cabra mastigando plantas

Após a promulgação da Farm Bill de 2018 nos EUA, que regulamentou o cultivo legal de cânhamo, a produção de subprodutos gerados no processamento da planta também aumentou.

Nesse contexto, uma equipe de pesquisadores realizou uma revisão científica sobre o uso desses subprodutos na alimentação de ruminantes — bovinos, caprinos e ovinos. Os resultados mostraram que o impacto depende do tipo de subproduto e da espécie animal.

Farelo de sementes de cânhamo: nutritivo e bem aceito pelos animais

O farelo de sementes de cânhamo foi o mais bem aceito pelos animais e, em muitos casos, manteve ou até aumentou a produção de leite em vacas e cabras. No entanto, quando usado sem o processamento adequado — como a remoção da casca —, pode prejudicar a digestão e o crescimento do gado de corte.

Por outro lado, a biomassa residual teve baixa aceitação pelos animais devido ao odor forte, semelhante ao da planta Cannabis. Isso reduziu o consumo de ração nos primeiros dias. Ainda assim, em alguns testes, sua inclusão não comprometeu a produção de leite nem o ganho de peso.

Em relação à qualidade da carne, o farelo de sementes se destacou por melhorar o perfil de gordura, aumentando os níveis de ômega-3. A carne dos animais alimentados com esse subproduto apresentou melhor sabor e maior estabilidade.

Principais efeitos observados por tipo de animal:

  • Bovinos de corte: aumentaram o consumo de matéria seca com farelo de sementes de cânhamo, mas perderam peso quando a casca não foi removida.
  • Vacas leiteiras: mantiveram ou aumentaram a produção de leite com a inclusão do farelo.
  • Cabras e ovelhas: apresentaram melhora no perfil de gorduras da carne, com destaque para os níveis de ômega-3, benéfico para a saúde humana.

Além disso, os pesquisadores destacaram que compostos presentes em baixas concentrações no cânhamo, como canabinoides e terpenos, podem ter efeitos antimicrobianos e anti-inflamatórios.

Desafios para a adoção em larga escala

Apesar dos benefícios nutricionais, a adoção em larga escala de subprodutos do cânhamo na alimentação animal depende de outros fatores:

  • Realizar mais pesquisas para garantir a segurança dos subprodutos
  • Desenvolver métodos analíticos precisos para detectar traços de THC e CBD em carnes e leite
  • Unificar a legislação internacional, pois hoje cada país adota regras diferentes

Na maioria dos países, não há regulamentações claras sobre o uso desses subprodutos na alimentação animal. O receio está principalmente na possibilidade de resíduos de THC ou CBD chegarem à carne e ao leite consumidos por humanos.

Nos Estados Unidos, por exemplo, os animais que participam desses estudos não podem ser abatidos para consumo. Após as análises, a carne e o leite são descartados.

Um futuro promissor e sustentável

Estudo anterior do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) mostrou que gado alimentado com 20% de sementes de cânhamo processadas não apresentou níveis suficientes de canabinoides na carne ou na ração. Ou seja, não há risco de intoxicação para quem consome essa carne.

Em frangos de corte, pesquisa publicada na revista Poultry Science mostrou que a torta de semente de cânhamo trouxe diversos benefícios:

  • Aumento no ganho de peso
  • Melhor teor de gorduras saudáveis na carne
  • Maior resistência a inflamações e estresse oxidativo

Com manejo adequado e regulamentação clara, o cânhamo pode transformar a alimentação animal, unindo nutrição, sustentabilidade e inovação.

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