Segundo o médico Dr. Alexandre Hohl, endocrinologista e Diretor da Abeso – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica, “os distúrbios metabólicos, incluindo obesidade, diabetes mellitus tipo 2, dislipidemia e hipertensão arterial, representam um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil”.
Não é para menos: estima-se que milhões de brasileiros convivam com ao menos um dos fatores de risco associados a essas disfunções, que aumentam significativamente as chances de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2.
Além disso, o aumento exponencial da obesidade e dos hábitos de vida sedentários nas últimas décadas agravou ainda mais esse cenário, tornando urgente a busca por estratégias terapêuticas inovadoras e eficazes.
Ainda segundo Dr. Hohl, a síndrome metabólica é uma condição clínica caracterizada pela presença concomitante de um conjunto de fatores de risco cardiometabólicos.
“Segundo os critérios mais utilizados internacionalmente, como os do National Cholesterol Education Program – Adult Treatment Panel III (NCEP-ATP III), a síndrome metabólica é diagnosticada quando o paciente apresenta pelo menos três dos cinco critérios. Obesidade abdominal (circunferência da cintura ≥102 cm em homens e ≥88 cm em mulheres – valores podem variar por etnia e diretrizes locais); triglicerídeos elevados (≥150 mg/dL ou uso de medicação específica); colesterol HDL reduzido (<40 mg/dL em homens e <50 mg/dL em mulheres ou uso de medicação); pressão arterial elevada (≥130/85 mmHg ou uso de anti-hipertensivos); ou ainda glicemia de jejum elevada (≥100 mg/dL ou diagnóstico prévio de diabetes mellitus tipo 2)”, pontua.
THCV: uma possível alternativa para a síndrome metabólica?
Nesse contexto, o canabinoide tetrahidrocanabivarin (THCV) tem ganhado destaque por suas propriedades potenciais no controle do peso corporal, regulação do apetite e melhora do metabolismo.
Segundo a médica Paula Vinhas, diferentemente do THC, o THCV apresenta um perfil farmacológico distinto, que pode contribuir no enfrentamento de distúrbios metabólicos sem os efeitos colaterais associados à euforia ou alteração de consciência.A atuação do THCV se dá através do sistema endocanabinoide. “É através do SEC que o THCV atua, o tratamento é e deve ser muito personalizado”, pontua Dra. Vinhas.
Embora o uso de canabinoides ainda não esteja plenamente incorporado aos protocolos clínicos dessas entidades, o avanço das evidências científicas abre espaço para o diálogo sobre novas ferramentas terapêuticas..
As síndromes metabólicas envolvem uma série de alterações endócrinas, muitas vezes relacionadas ao excesso de tecido adiposo visceral, inflamação crônica de baixo grau e desequilíbrio hormonal. A endocrinologia moderna busca não apenas o controle dos parâmetros laboratoriais, mas uma visão mais integrada do paciente, o que inclui aspectos comportamentais, nutricionais, psicológicos e, agora, farmacológicos com moléculas emergentes como o THCV.
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O THCV é um fitocanabinoide não psicoativo encontrado em concentrações mais altas em algumas variedades específicas de Cannabis sativa. Enquanto o THC atua como agonista parcial dos receptores canabinoides CB1 e CB2, o THCV pode agir como antagonista do CB1 em baixas doses — o que significa que, em vez de estimular o apetite, pode inibi-lo, como explicou anteriormente Dr. Vinhas.
Essa propriedade torna o THCV uma molécula promissora no tratamento da obesidade, resistência à insulina e outros elementos da síndrome metabólica. Estudos iniciais também apontam seu possível efeito na melhora da tolerância à glicose e regulação do metabolismo lipídico.
Apesar dos dados promissores, são necessárias pesquisas clínicas robustas e padronizadas para determinar a eficácia, segurança e indicações precisas do canabinoide em contextos metabólicos. Na prática clínica, médicos especialistas em cannabis medicinal têm começado a explorar o uso do THCV como parte de protocolos personalizados.
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THCV e outros canabinoides como CBD
O uso de fitocanabinoides, como o CBD e o THCV, pode impactar a produção de anandamida e a saúde mental dos pacientes. “É importante equilibrar as doses para evitar efeitos adversos, como ansiedade ou depressão. O THC em doses baixas pode ter um efeito ansiolítico, mas em altas doses pode agravar a ansiedade e a depressão. Essa característica torna necessário um manejo cuidadoso do tratamento”, pontua Dra. Vinhas
“Óleos de THCV vem ou isolados ou associados ao Canabidiol. O CBD atenua o efeito de não prozuir anandamida, equilibrando ansiedade e o sistema endocanabinoide. É uma medicação segura”, pontua.
Por fim, a médica explica que a reeducação alimentar pode causar um sentimento de privação nos pacientes, levando a uma maior depressão. E, assim, é essencial compreender a relação emocional que as pessoas têm com a comida.
“Dependendo do casos há pacientes que podem ficar deprimidos assim como em qualquer tratamento. Ser humano usa a comida para tudo, e fomos criados com este conceito. Hoje sabemos que as intervencoes são diferentes, nao falo em dieta, eu falo em pensamento magro, o alimento deve ser visto de maneira racional assim como dinheiro”, finaliza.
Por fim, cabe combinar o THCV com o CBD pode potencializar os efeitos positivos no tratamento de ansiedade e emagrecimento. Essa associação é benéfica para aumentar a resiliência dos pacientes.